“Pensar que desenvolvimento se faz à custa do ambiente nos traz uma preocupação enorme. É uma visão muito simplista imaginar que é preciso derrubar floresta para fazer agricultura ou pecuária.” Com essa frase a pesquisadora brasileira Thelma Krug, do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, com outros cientistas brasileiros que estudam as mudanças climáticas, fez um alerta sobre os riscos para o País em sair do Acordo de Paris – inclusive para o agronegócio.
“O pessoal não está entendendo que cada vez mais o vetor que vai estimular o mercado internacional deixa de ser quanto custa, mas a pegada ecológica do produto. Não vai ter mercado para o País (se o desmatamento da Amazônia aumentar), mas aí a floresta já foi”, afirma.
A pesquisadora, que é vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), não falou em nome do grupo mundial de cientistas, mas citou as conclusões do seu mais recente relatório para explicar seu ponto.
O documento, divulgado no primeiro turno da eleição, mostrou que os impactos de um mundo 2°C mais quente são muito maiores que 1,5°C e defende que se tente conter o aquecimento global à marca menor. O problema é que o mundo já corre o risco de alcançá-la em 2040. E o Brasil sentirá os efeitos, principalmente no aumento da seca no Nordeste e nos efeitos da elevação do nível do mar para as cidades costeiras.
Na quinta-feira, 18, também um grupo que reúne 180 entidades do agronegócio, de defesa do ambiente, da academia e do setor financeiro – a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura – publicou uma carta aos candidatos pedindo a manutenção do País no Acordo de Paris e a preservação das florestas do País.
O grupo, que reúne empresas como Amaggi, Cargill, Fibria, Carrefour, além de entidades como a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Sociedade Rural Brasileira e ONGs como Ipam e WWF, disse que a permanência do Brasil no acordo é importante para o setor “pois garante a correta valoração da produção atual e futura”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.