Doze por cento das mortes por câncer de mama no Brasil podem ser atribuídas ao sedentarismo, ou seja, uma em cada 10 mulheres vítimas da doença poderiam ter sobrevivido se praticassem atividades física regularmente. O dado foi divulgado no artigo “Mortality and years of life lost due to breast cancer attributable to physical inactivity in the Brazilian female population (1990–2015)” publicado na revista Nature, que contou com a participação do Ministério da Saúde.
Segundo a pesquisa, em 2015, 2.075 mortes poderiam ter sido evitadas se as pacientes realizassem ao menos uma caminhada de 30 minutos por dia, cinco vezes por semana. Um dos fatores que causam o câncer de mama é o excesso de estrogênio, que pode levar à formação de mutações e carcinogênese estimulando a produção de radicais, de acordo com o artigo. Com a prática de exercícios físicos, o estradiol é diminuído e globulina de ligação a hormonas sexuais aumentada, provocando uma redução de circulantes inflamatórios e elevando as substâncias anti-inflamatórias.
A diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde explica e reforça que “a prática de atividade física melhora o metabolismo de alguns hormônios relacionados com o câncer de mama, o que pode evitar e até melhorar o quadro de uma paciente com a doença. Estamos conseguindo evidências para mostrar a vantagem de se reduzir o sedentarismo na população.”
O estudo revelou ainda que além do sedentarismo, outros fatores também podem ser relacionados a mortes de mulheres com câncer de mama, como uso de álcool, índice alto de massa corporal e uma dieta rica em açúcar. Esses fatores correspondem a 6,5% dos óbitos.
Sedentarismo e o câncer de mama
A última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2017) apontou que 13,9% das mulheres das capitais brasileiras não praticam nenhum tipo de atividade física. De acordo com os dados, os casos de sedentarismo são maiores entre mulheres mais velhas, mas também entre jovens de 18 e 24 anos (21%).
Já entre as que praticam exercícios, 51,3% fazem atividade física insuficientemente, ou seja, não alcançam o equivalente a pelo menos 150 minutos semanais de atividades de intensidade moderada ou pelo menos 75 minutos semanais de atividades de intensidade vigorosa.
Segundo a diretora do Ministério da Saúde, “esta informação reforça a importância de ter uma política nacional de promoção da saúde que contribua para mudança dos comportamentos de risco para doença crônica. Estimular o consumo de alimentos frescos e ricos em nutrientes, reduzir o sedentarismo, além de evitar o uso abusivo de álcool e o tabagismo, por exemplo. A adoção de um estilo de vida saudável evitaria 39% das mortes por doença crônica, que responde por 76% das causas de morte no Brasil, sendo a promoção da saúde uma política com baixo custo e com grande impacto populacional. Se a saúde/doença da população brasileira continuar a tendência atual, com grande crescimento da doença crônica em adultos jovens, não haverá financiamento suficiente para o SUS, devido ao alto custo da doença crônica.”