Uma recomendação expedida na última sexta-feira (21/9) pelo promotor de Justiça Marcos Alberto Rios, do Ministério Público, pede que o prefeito de Carmo do Rio Verde, Delson José dos Santos (PSDB), efetue o pagamento do salário dos servidores municipais, que já conta com atraso de dois meses. Para cumprir essa orientação, o promotor recomenda que o prefeito venda um veículo que teria sido adquirido de forma ilícita com dinheiro público.
O MP recebeu a denúncia de que, baseado em Lei Municipal, o administrador vendeu bens inservíveis ao município com o intuito de pagar o salário dos servidores, mas, depois da venda, o dinheiro não foi investido nesse propósito.
Nesse mesmo período, o prefeito, que já possuía um veículo particular, comprou uma caminhonete S10 no valor de R$ 114.800 reais levantando, então, a suspeita de ato de improbidade administrativa.
Diante disso, o promotor recomendou que, em um prazo de 10 dias, Delson José dos Santos venda o veículo e com o valor arrecadado pague os salários que estão em atraso.
Justiça determinou afastamento de prefeito de Carmo do Rio Verde em 2013 por envolvimento em esquema
Em 2013, a Justiça de Goiás afastou, por meio de liminares, três dos 12 prefeitos presos na Operação Tarja Preta, suspeitos de fraudar licitações para a compra de medicamentos e equipamentos hospitalares, entre eles Delson José.
De acordo com a investigação do Centro de Segurança Institucional de Inteligência (CSI), do MP-GO, em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), a base da organização criminosa era formada por seis empresas do ramo de medicamentos sediadas em Goiânia, que fizeram uma espécie de loteamento de licitações em todo o estado para a venda de produtos superfaturados.
De acordo com o coordenador do CSI, José Carlos Nere, as fraudes tiveram início na última eleição municipal, quando os prefeitos envolvidos foram aliciados pela quadrilha. Em troca do financiamento de campanha, os futuros administradores garantiam exclusividade as empresas para a venda de medicamentos nas cidades.
Depois de eleitos, esses prefeitos e demais envolvidos cumpriram o acordo e participavam das irregularidades, fraudando documentos para que a atividade tivesse a aparência de legalidade. Ainda segundo Nere, as empresas se dividiam entre elas, pois uma cobria a outra nas falsas licitações. A própria quadrilha montava o edital e já definia alguns critérios que restringiam as concorrentes que não eram do grupo. Com isso, vendiam da forma e com o preço que quisessem.
A reportagem do Dia Online tentou contato com a assessoria do prefeito, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.