No primeiro bloco de debate realizado pela TV Aparecida, os presidenciáveis que participam do programa prometeram combater a corrupção no País, em resposta a uma pergunta feita pelo arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, que desafiou os candidatos a apresentarem propostas para o combate a desvios da função pública no Brasil.
Em seu primeiro debate na TV, Fernando Haddad (PT) cumprimentou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, e defendeu fortalecer as instituições “doa a quem doer”. Para isso, ele disse ser necessário “individualizar aqueles que cometeram ilícitos e punir exemplarmente”, reforçando que foram os governos do PT que fortaleceram os mecanismos contra corrupção. O petista afirmou que o Brasil precisa ter Polícia Federal, Ministério Público e Justiça “fortes e apartidários”.
O candidato do PDT, Ciro Gomes, disse que ele próprio é um exemplo de honestidade ao completar 39 anos de vida pública “sem responder por nenhum mal feito nem sequer para ser absolvido”. Ele defendeu propor ideias para que o eleitor não eleja “caudilhos” na eleição e permitir que o eleitor defina políticas públicas através de plebiscitos. “A pretexto de superar fragmentação partidária, assim foi com PSDB e PT, que a cooptação de deputados se faça por clientelismo e fisiologia. É preciso substituir isso”.
Geraldo Alckmin (PSDB) defendeu uma reforma política que diminua o número de partidos políticos no Brasil. “Quem enriquece na política é ladrão”, disse o tucano, soletrando a palavra “ladrão”. “Lava Jato vai ser um marco na política brasileira, ela muda a história, e precisa ser fortalecida”, pontuou. O candidato defendeu tipificar o crime de enriquecimento ilícito no Código Penal.
Henrique Meirelles, candidato pelo MDB, também disse que nunca foi alvo de nenhuma denúncia ou processo. “Em todo meu período de governo, seja no Banco Central ou Ministério da Fazenda, toda minha equipe foi sequer denunciada ou investigada”, declarou. Ele defendeu criar estruturas de combate à corrupção, citando como exemplo o fato de ter mandado criar um dispositivo na Caixa Econômica Federal contra a nomeação de executivos corruptos.
A presidenciável da Rede, Marina Silva, enfatizou que a corrupção é “inaceitável” e citou Jesus Cristo ao afirmar que ele ficou “indignado” ao entrar em um templo e se deparar com a deturpação de símbolos religiosos. “Nesse momento, o templo da política, que o papa Francisco diz que é a forma mais elevada do exercício da caridade, é na política que podemos exercitar o serviço, e ela está sendo usada para enriquecimento ilícito”.
Alvaro Dias (Pomodes) classificou o combate à corrupção como a prioridade no País. “O Brasil não pode ser comandando por organizações criminosas”, disse o presidenciável. Ele reforçou que é preciso fortalecer Polícia Federal, Ministério Público e o Judiciário eliminando o foro privilegiado. O candidato repetiu sua proposta de institucionalizar a Operação Lava Jato no País.
Já Guilherme Boulos (PSOL), também citando o Papa Francisco, aproveitou o momento para se apresentar como defensor dos “excluídos”. Ele disse que o Brasil vive uma crise de destino. “Os valores éticos deixaram de ser o centro que guia a vida e a política”. Boulos defendeu uma reforma política no Brasil para enfrentar o “sequestro do poder público pelos interesses privados”.