O volume das exportações cresceu 8,4% em agosto ante igual mês de 2017, enquanto o volume importado avançou 25,4% na mesma base de comparação, conforme o Indicador do Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta quinta-feira, 13, pela Fundação Getulio Vargas (FGV). No acumulado do ano até agosto essas variações são de 3,4% para as exportações e de 15% para as importações.
Para a FGV, a balança comercial não deverá trazer riscos para o cenário externo até o fim do ano. Por um lado, efeitos da guerra comercial entre China e Estados Unidos deverão ficar para 2019. Por outro, a desvalorização real do câmbio, num cenário de incerteza com as eleições de outubro, não tem sido positiva para todos os setores.
No câmbio, as dúvidas se referem aos possíveis cenários eleitorais, além da trajetória da política monetária dos Estados Unidos em relação à taxa de juros. Segundo a FGV, a taxa de câmbio efetiva real acumula desde o início do ano uma alta de 12%. “Essa desvalorização num cenário de incertezas e volatilidade não tem sido positiva para todas as categorias de uso. Além disso, no caso dos automóveis que tem como principal destino a Argentina, o real estaria valorizado em termos reais em relação ao câmbio argentino, dado o diferencial de inflação entre a moeda brasileira e a argentina”, diz nota divulgada pela FGV.
No caso dos preços, o resultado para as importações supera o das exportações seja na comparação mensal ou no acumulado. Em agosto ante agosto de 2017 o preço das exportações cresceu 7,0% (5,2% no acumulado do ano), enquanto o preço das importações avançou 7,9% (7,7% no acumulado do ano). O saldo da balança comercial nos oito primeiros meses do ano ficou em US$ 37,8 bilhões, ante US$ 48 bilhões em igual período de 2017.
O Icomex tem como objetivo contribuir para a avaliação do nível de atividade econômica do País, por meio da análise mais aprofundada dos resultados das importações e exportações. Nesta leitura de agosto, pela primeira vez, o indicador da FGV trouxe os índices de comércio exterior com e sem as plataformas de petróleo.
Esse cálculo procura levar em conta o Repetro, regime tributário que concede tratamento tributário e aduaneiro especial para bens destinados ao setor de óleo e gás. Sem considerar as operações do Repetro, a alta no volume das importações em agosto ante agosto de 2017 passa de 25,4% para 11,6%. No acumulado do ano até agosto, a variação passa de 8,1% para 15%.
A FGV mudou o cálculo do Icomex por causa de mudanças nas regras do Repetro. Segundo a entidade, pelas regras anteriores, para poderem usufruir dos benefícios tributários, máquinas e equipamentos fabricados no Brasil eram vendidos ao exterior (exportações), mesmo quando não houvesse saída física dos bens do território nacional. Ao mesmo tempo, esses mesmos bens eram importados na modalidade de “admissão temporária”, sem serem contabilizadas na balança comercial.
Agora, o Repetro-Sped passou a permitir isenções dos tributos federais para bens destinados aos investimentos nas atividades de exploração e desenvolvimento do setor de óleo e gás adquiridos no mercado interno ou importados para permanência definitiva no País. Segundo a FGV, essa mudança levará ao aumento das importações, pois as empresas sediadas no Brasil irão comprar as máquinas e equipamentos que aqui já operavam no regime de admissão temporária.
“A mudança do Repetro levou a um aumento das importações liderado pelas compras de bens de capital (em especial, as plataformas de exploração de petróleo), como era esperado. No acumulado do ano até agosto, em valor as importações aumentaram 24% e as exportações 9%, levando a um menor saldo da balança comercial”, diz a nota da FGV divulgada nesta quinta-feira.