O valor da produção agrícola brasileira somou R$ 319,6 bilhões em 2017, queda de 0,6% na comparação com 2016, conforme a pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM) 2017, divulgada nesta quinta-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A safra recorde do ano passado ampliou a oferta, provocando recuo nos preços dos principais produtos e reduzindo o valor de produção, explicou o IBGE.
A safra recorde foi marcada pelo aumento da produtividade. A produção de 238,4 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas (28,2% superior à de 2016, quando o clima provocou a quebra da safra) foi obtida numa área plantada de 79 milhões de hectares, apenas 2,1% maior do que a área de 2016.
A soja e o milho, principais culturas plantadas no Brasil, foram o destaque da safra recorde de 2017. A produção de soja avançou 18,9%, para 114,6 milhões de toneladas, com valor de R$ 112,2 bilhões, 6,8% acima de 2016.
Já a produção de milho saltou 52,3%, para 97,7 milhões de toneladas. “Em virtude da queda na produção de milho em 2016, os preços ficaram bastante elevados, influenciando a decisão do produtor, que aumentou a área do milho em 10,4%”, diz o documento da PAM 2017, divulgado pelo IBGE. Como resultado, o valor da produção do milho caiu 12,7% na passagem de 2016 para 2017, para R$ 32,9 bilhões.
Além do milho, houve quedas no valor da produção do feijão (28,8%, para R$ 6,9 bilhões), do café arábica (21,7%, para R$ 14,5 bilhões) e do tomate (20,9%, para R$ 4,3 bilhões). “Apesar da redução no valor da produção, a agricultura teve grande destaque em 2017. As safras recorde de soja e milho proporcionaram a exportação de grandes volumes, ajudando a equilibrar o saldo da balança comercial brasileira”, diz o documento do IBGE.
Em termos do valor da produção, soja, milho e cana-de-açúcar respondem por 62,4% do montante total gerado no campo. Sozinha, a soja respondeu por 35,1% do valor total na safra de 2017.
Sem produção
A produção agrícola se espalha de Norte a Sul do País, mas em 14 dos 5.570 municípios brasileiros não há uma lavoura sequer de qualquer um dos 64 produtos pesquisados pelo IBGE. Nessas 14 cidades, dez delas em São Paulo, o IBGE não identificou nenhuma produção ao longo de 24 anos da pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM), cuja edição de 2017 foi divulgada nesta quinta-feira.
As dez cidades paulistas onde não há produção agrícola são Águas de São Pedro, Barueri, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Osasco, Ribeirão Pires, Santana de Parnaíba, Santo André e São Bernardo do Campo.
Apesar da concentração de cidades sem produção agrícola, São Paulo foi o Estado que registrou o maior valor de produção agrícola em 2017, com R$ 53,1 bilhões. As principais lavouras de São Paulo são cana-de-açúcar e café arábica.
Em 2017, quando a safra foi recorde, com produção de 238,4 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, a cultura mais espalhada pelo País foi o milho. Houve produção de milho em 5.107 municípios, ou 91,7% do total, informou o IBGE.
A segunda cultura mais espalhada foi a mandioca, presente em 4.598 cidades, seguida pelo feijão, plantado em 4.390 municípios, em terceiro lugar.
Municípios
Pelo terceiro ano seguido, Sorriso (MT) registrou em 2017 o maior valor de produção agrícola entre todos os municípios do País, com R$ 3,3 bilhões, 2,4% acima do registrado em 2016.
Segundo o instituto, a soja é o destaque na agricultura de Sorriso. Dos 1,2 milhão de hectares colhidos em 2017, 620 mil continham soja. “O estímulo para a produção de soja não veio do valor pago por tonelada que foi, em média, R$ 1.000, 7,5% inferior ao ano anterior, mas do clima propício à produção, com chuvas abundantes e dentro da época esperada para o plantio”, diz o documento da PAM 2017, divulgado pelo IBGE.
A produção de soja no município mato-grossense saltou 109,4% em relação a 2016, para 3,8 milhões de toneladas, mas o valor caiu 0,2%, por causa da queda de preços provocada pelo aumento da oferta. Apesar da força da soja, a produção agrícola de Sorriso é diversificada. Segundo o IBGE, milho, feijão e algodão herbáceo também são destaque.
De acordo com o IBGE, desde a criação do Plano Real, em 1994, Sorriso figurou na lista dos dez maiores municípios em termos de valor da produção agrícola 23 vezes – ou seja, ficou de fora em apenas um ano. A cidade já ficou em primeiro lugar no ranking do valor de produção por 11 vezes. Com população estimada em 87.815 pessoas, Sorriso tem 9,3 mil quilômetros quadrados, seis vezes maior do que a capital paulista.
O segundo município de maior valor de produção agrícola em 2017 também fica em Mato Grosso: Sapezal. Apesar da segunda colocação no ranking, o valor de produção registrado, de R$ 2,6 bilhões, ficou 6,1% abaixo do registrado em 2016. Por lá, o destaque é o algodão, do qual Sapezal é o maior produtor nacional. Somente com o algodão, a cidade registrou valor de produção de R$ 1,3 bilhão, alta de 15,4% ante 2016.
Apesar do destaque de Mato Grosso na produção de soja, principal cultura da safra nacional, o maior valor de produção ficou no Sudeste, com R$ 91 bilhões. O Centro-Oeste registrou R$ 83,9 bilhões, atrás do Sul, com R$ 85,7 bilhões.
No Sudeste, o destaque é São Paulo, com valor de produção de R$ 53,1 bilhões em 2017, maior entre os Estados. Itapeva foi o município paulista com maior valor de produção, com R$ 874,3 milhões. Por lá, o destaque é a produção de soja. As principais lavouras de São Paulo são cana-de-açúcar e café arábica.