Museus e instituições científicas ao redor do mundo estão se mobilizando para ajudar a reerguer o Museu Nacional/UFRJ, que pegou fogo no último domingo e teve a maior parte de seu acervo destruída pelas chamas. O último a oferecer ajuda foi o Instituto Real de Antropologia, do Reino Unido, que pretende organizar dois dias de eventos para celebrar a antropologia brasileira e apoiar o museu.
As datas previstas para os encontros são 7 e 8 de fevereiro do ano que vem e o principal objetivo da iniciativa é assegurar que “esse trágico acontecimento não seja esquecido”. Os cientistas anunciaram também que vão fazer pressão junto ao governo britânico para que alguma doação seja feita à instituição brasileira.
“O fogo no Museu Nacional teve muito destaque na imprensa daqui, foi capa dos principais jornais, provocou um grande abalo”, contou a historiadora brasileira Maria Lúcia Garcia Pallares Burk, pesquisadora associada do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. “Na sexta-feira, encontrei com o historiador e filósofo George Geoffrey e ele me contou que estavam organizando, junto com a Academia Britânica, esse evento de ajuda e celebração; é muito bonito ver essa solidariedade.”
Na última quinta-feira, 6, a Alemanha disponibilizou uma ajuda emergencial no valor de até um milhão de euros, por meio do ministério das Relações Exteriores. Um grupo foi montado para determinar formas de ajudar no resgate do acervo e também no restauro de peças e documentos.
Dois dias antes, o diretor-executivo da National Geographic Society (NatGeo) já havia oferecido ajuda em reunião com o embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral. A ideia não é apenas oferecer apoio financeiro, mas também ofertar peças uma vez que a NatGeo tem um dos maiores acervos do mundo de história natural. Eles também se ofereceram para fazer uma aproximação com outros museus do mundo.
“Tivemos ofertas de colegas da Alemanha, da Dinamarca, de vários parceiros internacionais que sinalizaram com a doação de acervo”, confirmou o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner. “Mas o Brasil tem que fazer por merecer; temos que fazer a nossa parte. Se não tivermos condições adequadas – não condições mínimas, mas adequadas – essas peças não vêm.”
O curador da coleção etnográfica do museu, João Pacheco, também confirmou que conta com ajuda externa para a reestruturação do acervo.
“Mas museus como o nosso, voltados a elementos da cultura, permitem uma recriação extraordinária. Temos parcerias com os povos indígenas e já recebemos a manifestação de diversos líderes de vários povos, dizendo que vão nos mandar peças. Vamos remontar nossas coleções com doações. Vamos conseguir uma nova coleção indígena original e rica.”