A Petrobras anunciou nesta quinta-feira, 6, a terceira alteração na sua política de reajuste do preço da gasolina desde que passou a acompanhar o mercado internacional, em outubro de 2016. O valor do litro na refinaria poderá ficar congelado por até 15 dias, em vez de sofrer alterações diárias, como acontecia desde julho do ano passado. Para evitar prejuízos, a empresa vai recorrer a instrumentos financeiros de proteção – a compra de derivativos de gasolina na Bolsa de Nova York e o hedge cambial no Brasil.
Com os derivativos, se previne das oscilações de preços do combustível enquanto mantém os seus preços inalterados. Assim, ainda que perca dinheiro por alguns dias por não reajustar a gasolina enquanto a commodity sobe no mercado externo, ganha com os derivativos na mesma proporção. No final das contas, o saldo entre perdas e ganhos é nulo, e o cliente é beneficiado por não ter que lidar com as variações diárias do preço.
“Devido aos volumes desse mercado, o máximo que a gente consegue ter eficiência financeira é em períodos de até 15 dias (de manutenção do preço). Não será a cada 15 dias (que os reajustes vão acontecer). Serão períodos que vão variar. Podem ser de cinco, seis, sete, oito dias…”, afirmou o diretor Financeiro da estatal, Rafael Grisolia, em coletiva de imprensa para detalhar o novo mecanismo de precificação da gasolina. Já nesta quinta-feira a estatal informou o preço da gasolina que passará a valer a partir de sexta-feira, de R$ 2,2069 por litro, o mesmo dos dois últimos dias, o que significa uma estabilidade de pelo menos três dias.
As mudanças não vão interferir, porém, no tamanho dos reajustes que a Petrobras vai aplicar daqui para frente. As altas da commodity no mercado internacional continuarão sendo repassadas aos clientes. Só mudam os prazos. “O que essa ferramenta está tirando é a volatilidade. O delta (de variação de preço) ao final dos períodos se mantém”, disse o diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino. Portanto, o consumidor continuará pagando nos postos um valor equivalente ao cobrado no mercado internacional, mas vai sentir menos esse repasse, porque só vão acontecer de tempos em tempos, dentro de um limite de 15 dias. A política de paridade internacional está mantida, reforçaram os diretores da Petrobras.
As revisões frequentes dos preços da Petrobras motivou a paralisação dos caminhoneiros no fim de maio deste ano. Em meio aos desgastes políticos da greve, o então presidente da estatal, Pedro Parente, pediu demissão e foi substituído pelo diretor Financeiro, Ivan Monteiro, que hoje dirige a companhia.
Questionados se a utilização das novas ferramentas financeiras está relacionada à proximidade das eleições e aos rumores de nova paralisação dos caminhoneiros, os diretores da estatal não chegaram a negar. Mas afirmaram que a medida já vinha sendo analisada há muito tempo. “Estudamos e vimos que o uso dessa ferramenta traz os elementos que vão dar boa posição competitiva para a Petrobras e mantém, por meio de uso de instrumento financeiro, a sua política de precificação diária alinhada aos preços internacionais”, argumentou Celestino.