A delegacia estadual de Repressão a Crimes contra Ordem tributária (DOT), juntamente com a Secretaria da fazenda do estado, deflagrou na tarde da última terça-feira (21/8), uma operação que desarticulou uma quadrilha que falsificava documentos e utilizava pessoas em situação de rua para abrir empresas falsas com a finalidade de emitir notas fiscais, em Goiânia. Um dos membros se passava por contador para efetuar as fraudes.
O esquema era feito entre comerciantes da região da Rua 44, famosa por deter grande comércio de roupas e acessórios na capital.
Um dos membros da quadrilha, se passava por contador para falsificar documentos atribuídos a indivíduos que na verdade eram pessoas em situação de rua. Com isso, os comerciantes trabalhavam na clandestinidade e, sem o pagamento do chamado Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), gerando uma concorrência desleal.
Foram cumpridos dois mandados de busca na região da 44, locais onde eram vendidas notas fiscais e três mandados de prisão, contra Euza Nazária da Silva Andrade, Aline Fernanda da Silva Andrade e Gesiel Machado.
A operação vai continuar com a finalidade de apurar os comerciantes que se utilizaram da fraude. Os valores do prejuízo vão ser posteriormente apurados pelo Fisco Estadual.
Pessoas em situação de rua em Goiânia
Existem mais de duas mil pessoas vivendo nas ruas de Goiânia, em diversas partes da cidade. A informação é do coordenador em Goiás do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR), Eduardo de Matos, que critica com veemência a estatística da Prefeitura de Goiânia de 2016, que contava 351 pessoas nessa lista.
Matos estima que 70,9% da população de rua desenvolvem atividades para garantir um sustento mínimo, vendendo água, balas ou lavando carros, catando latinhas, recolhendo papelão para reciclagem.
Segundo ele, são trabalhadores que não têm um curso profissionalizante, nem oportunidade de emprego formal. Não conseguem se posicionar nesse mercado de trabalho pela ausência de outra série de fatores como endereço fixo, higienização pessoal, alimentação adequada.
Conhecedor íntimo da realidade e da vulnerabilidade dessa população, Matos tem sua própria experiência para contar. Vem de uma trajetória de dependência química e de situação de rua de dez anos. Há cinco anos, conseguiu se reabilitar. Saiu das ruas e passou a lutar pelos direitos das pessoas que vivem nessas condições.