Para escapar de xingamentos nas ruas da região norte de Goiânia, onde mora, na região do Centro de Distribuição Domiciliária (CDD) Guanabara, a carteira que rasgou cartas em Goiânia, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios), Tatiana Marques de Sousa mudou o visual e excluiu o perfil no Facebook.
Depois da repercussão do vídeo em que é flagrada rasgando correspondência, teve de se esconder para fugir de ofensas e acusações de que roubava, por exemplo, cartões de crédito.
O advogado de Tatiana, Luciano Noleto, justificou a atitude da cliente. “Ela rasgou cartas sem destinatários, que seriam descartadas na empresa, são cartas postais diretas. Ela apenas tentou adiantar o trabalho”, informa.
“Não foi rasgado nenhuma correspondência com destinatário certo. Essas cartas estão nos Correios para servirem como prova”, atesta. “O erro dela foi ter rasgado na rua”, complementa.
Ainda conforme o advogado, a carteira que rasgou cartas vem se tratando de depressão. “Ela vem fazendo uso de antidepressivo por causa de excesso de trabalho. O principal ponto é o estresse dela que piorou porque estão falando que na casa dele está cheia de cartas”, defende. “Estou tentando, de certo modo, protegê-la no processo administrativo.”
Para o Portal Dia Online, o secretário do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Eziraldo Vieira, ouvidos em duas ocasiões sobre o assunto, não conseguiu dar detalhes.
Vieira sustenta, apenas, que o problema de depressão entre os funcionários dos Correios em decorrência do excesso de trabalho por falta de efeitivo. “Desde 2011 não tem contratação. Éramos 127 mil trabalhadores no Brasil. Hoje estamos com 106 mil, 21 mil pessoas a menos. A carga não diminuiu, aumentou. As pessoas compram demais pela internet e, com isso, aumenta a demanda do carteiro.”
Ainda segundo ele, a empresa quer reduzir a 80 mil. “Por isso que correspondência chega atrasada. Ah, o efetivo fica ainda mais reduzido por conta de doença. Temos ações judiciais para tentar minimizar o problema das doenças. Tem gente que está vegetando, não tem saúde mais”, lembra ele que afirma ainda: “Os Correios virou uma fábrica de adoecer pessoas por causa de assédio.”
Relembre o caso da carteira que rasgou cartas
Ela foi flagrada rasgando correspondências no meio da rua no bairro Santa Genoveva, em Goiânia. O Portal Dia Online adiantou com exclusividade o afastamento da servidora na tarde de sexta-feira (17/8).
Na gravação, que foi feita sem que a mulher percebesse, ela aparece na bicicleta e destruindo as cartas ainda dentro da bolsa dos Correios. A empresa confirmou o afastamento por meio de nota minutos depois de ser questionada pela reportagem que apurou junto ao local em que ela trabalha .
O vídeo que viralizou nas redes sociais tem cerca de dois minutos de duração. Durante esse tempo, é possível a carteira rasgando dezenas de envelopes. Ela chega a fazer força para destruir algumas cartas juntas.
A mulher olha para os lados, certificando-se de que não é observada por ninguém e sem saber que estava sendo filmada enquanto realizava o ato.
Moradores da região do Santa Genoveva chegaram a reclamar que há problemas na entrega de correspondência. Entretanto, em nota, os Correios alegam que o serviço está normal.
O secretário do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Eziraldo Vieira, informou que a funcionária exercia suas funções na empresa desde 2011, e nunca havia sido alvo de reclamações ou denúncias.
Procurada pela reportagem do Dia Online, a empresa Correios confirmou que um processo administrativo foi instaurado e a funcionária foi afastada.
Leia a nota dos Correios na íntegra sobre o afastamento da carteira que rasgou cartas
Nota resposta
Sobre o efetivo, o número de empregados hoje é suficiente para atender a demanda local. Os Correios esclarecem é uma prática da empresa avaliar, constantemente, a adequação de sua força de trabalho e equalizar as vagas entre unidades com quadro deficitário ou superavitário.
Sobre o acompanhamento da saúde dos empregados, os Correios desenvolvem ações de atenção psicossocial que acolhem, identificam, encaminham e acompanham casos relacionados a transtornos mentais.
O acolhimento acontece quando há indicação do gestor, por iniciativa e procura pelo próprio empregado ou quando os profissionais de saúde identificam alguma demanda. As ações também contemplam empregados vítimas de assalto, casos de dependência em álcool e outras drogas entre outros transtornos como depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar etc.
Os empregados também têm acesso aos benefícios do plano de saúde, de acordo com as regras de cobertura da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS e do Acordo Coletivo de Trabalho.
Veja o vídeo do exato momento em que a carteira rasga as correspondências: