A Aeronáutica Civil da Colômbia (Aerocivil) apresentou nesta sexta-feira (27/4) as causas da tragédia com o avião que levava a Chapecoense para Medellín, em novembro de 2016, e deixou 71 mortos, apontando para negligência dos responsáveis pelo voo, que não tinha combustível suficiente.
“A aeronave foi abastecida com 1.636 quilos de combustível em Santa Cruz, para completar 9.300 quilos. Essa quantidade era insuficiente para o voo entre Santa Cruz, na Bolívia, e Rionegro, na Colômbia. A quantidade mínima de combustível deveria ser 11.603 quilo”, explicou o coronel Miguel Camacho, que chefiou a investigação.
Jogadores, integrantes da comissão técnica, dirigentes e convidados embarcaram no voo 2933 da empresa aérea boliviana LaMia, em direção ao Aeroporto Internacional José María Córdova. A Chapecoense enfrentaria, em Medellín, o Atlético Nacional, pela ida da final da Copa Sul-Americana.
Já na madrugada do dia 29 de novembro (pelo horário de Brasília), véspera da partida, o avião se chocou com um morro, já nas proximidades do local marcado para o pouco. Ao todo, 71 pessoas morreram e apenas seis sobreviveram.
O relatório final foi apresentado na Colômbia um ano e cinco meses depois da tragédia. O texto aponta que a LaMia planejou um voo sem escalas, sem cumprir “as exigências de abastecimento”, exigidas pelas autoridades internacionais.
“Não levaram em conta o combustível necessário para chegar ao destino; para contingência, que é de cinco a dez por cento, nesse caso; para alcançar a rota alternativa, que era Bogotá; além de combustível mínimo, para poder aterrissar”, disse o coronel Camacho.
O resultado da investigação, que envolveu autoridades e órgãos de Colômbia, Brasil, Bolívia, Estados Unidos e Inglaterra, aponta que a LaMia e a tripulação não tomaram a decisão de aterrissar em outro aeroporto, porque estavam conscientes de que não havia gasolina suficiente para completar o voo.
“Insistimos que era obrigatória uma escala intermediária”, garantiu o coronel Camacho.
Outras conclusões do relatório apontam que a empresa aérea boliviana tinha problemas na estrutura, complexa situação econômica e dificuldades na gestão de segurança operacional.
“Não cumpria as políticas de combustível. Efetivamente, havia uma política escrita, que encontrava eco na empresa, nos manuais internacionais sobre combustível. Mas, não as cumpria”, apontou o responsável pela investigação.