O delegado Humberto Teófilo prendeu o sobrinho de um prefeito exercendo ilegalmente medicina na Prefeitura em Inhumas. Levou a metade da Câmara de Vereadores de Santa Fé de Goiás para a delegacia depois de flagrá-los, em horário de expediente, em uma casa de jogos de azar.
Ele ainda prendeu um vereador e assessor de comunicação suspeitos de vender ecstasy pelo WhatsApp. O delegado fez estardalhaço quando soube que um prefeito de Ituaçu estava em uma casa de prostituição usando carro oficial.
A ingerência do policial, eleito para uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) aos 34 anos, no dia 7 de outubro, com 26.252 votos, provocou a ira de políticos. Acabou transferido das cidades por onde passou e combateu os desmandos políticos. Mas há quem conteste as prisões e classificam o delegado, filho do ex-vereador por Goiânia, Amarildo Pereira, de “sensacionalista”.
Delegado há oito anos, Humberto Teófilo decidiu se candidatar depois de ser transferido de Inhumas, segundo ele, por pressão do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) e de Lucas Calil (PSD).
“Ele tem respaldo popular e eu também. Sei os reais motivos da saída dele”, rebate o também deputado, Lucas Calil, ao telefone. “Os delegados de Goiás estão sob a Lei de Inamovibilidade. Eles só saem de uma cidade se eles quiserem ou se eles fizerem algo arbitrário”, acrescenta.
Humberto Teófilo, mesmo que o regulamento já garanta isso, pede para que sua cadeira fique “bem longe do Lucas Calil”, também eleito para a próxima legislatura. “Não quero criar um clima de animosidade”, diz Lucas Calil.
Já o delegado-geral da Polícia Civil Goiás, André Fernandes, explica que não tem nada de “perseguição política”. “Foi um colegiado com sete delegados que decidiu transferi-lo. O delegado nem entrou com mandado de segurança. Foram considerados aspectos técnicos e não políticos”, reitera Fernandes.
Humberto Teófilo quer ser presidente da Assembléia Legislativa
Na Alego, Humberto vai atuar em concordância com o governador Ronaldo Caiado (DEM). “Por isso quero ser presidente da Casa. Já tenho apoio de cinco ou seis novatos. Vou estar ao lado de Caiado e tenho compromisso com o partido”, disse.
Segundo ele, sua campanha foi feita sem apoio financeiro, com propaganda quase que integralmente pelas redes sociais. Admirador do delegado Waldir (PSL), eleito deputado federal e do candidato à presidência da república no segundo turno, Jair Bolsonaro (PSL), Humberto tem o discurso notório de um novato: quer acabar com as regalias.
“Vou acabar com auxílio moradia, limitar os gastos, como telefone, combustível”, acredita. “Tem deputado que gasta até dez mil reais por mês com combustíveis. Vamos devolver esse dinheiro, inclusive metade da verba indenizatória, para o Governo investir em Saúde.”
Ainda conforme o deputado eleito, vai contribuir para que Ronaldo Caiado acabe com salário de R$1.500 para policiais. “É uma proposta dele [Ronaldo Caiado]. Não tive votação de policiais, mas vou honrá-los. Vou atrás dos deputados da segurança, como o Eduardo Prado, a Adriana Accorsi, todos.”
Ele ainda quer implantar um projeto que beneficie estudantes, intitulado “Copiadora Universitária”. “Isso para ajudar nas cópias de alunos carentes de universidades públicas e particulares”, promete.
Em um dos mais polêmicos projetos, Humberto quer acabar com o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). “É um absurdo este órgão que só serve como cabide de emprego, até parente de governador está lá. Goiás é um dos poucos estados que têm TCM. Vamos concentrar os funcionários no TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Quando o repórter perguntou qual vai ser a novidade de sua atuação a partir de janeiro, Humberto responde: “Sou novidade porque tenho coragem, sei que é possível fazer política de forma limpa.”
O que é ser deputado, delegado Humberto? “Ser deputado é uma honra porque não imaginava que ia chegar lá depois de ter começado a querer uma vaga cinco meses depois de ter sido tirado de Inhumas. É um projeto de Deus.”
Certo, mas o que, como deputado, o eleitor pode esperar? “Deputado, além de apresentar leis, é investigar. Aprendi muito disso nas delegacias.”