Por Elaine Leme
Viajar pelo Tocantins é descobrir um Brasil que pulsa natureza bruta e hospitalidade genuína. Com cerca de 34 mil quilômetros quadrados de Cerrado vivo, localizado no leste de Tocantins, o Jalapão se impõe na riqueza de uma biodiversidade ainda pouco conhecida pelos próprios brasileiros.
A região é dona de paisagens fabulosas, que misturam cachoeiras, dunas, rios, cânions, nascentes, fervedouros e chapadões. Ali, simplicidade e exuberância caminham lado a lado.

Antes guardado pelos viajantes mais aventureiros, o Jalapão hoje se abre para o mundo, sem perder o encanto do isolamento. É destino de quem busca se reconectar com a natureza, com o silêncio e consigo mesmo. Encarar longas subidas não é sua praia? Não se preocupe – vai amar o Jalapão do mesmo jeito.
Afinal, uma das regiões mais lindas do cerrado brasileiro, corujas observam do alto das árvores, araras e maritacas cruzam o céu em voos coloridos, enquanto tatus e emas completam o retrato desse bioma brasileiro.

As manhãs no Jalapão começam com um café da manhã bem servido e não é à toa. Logo cedo, a agência passa para buscar os viajantes e o retorno costuma ser apenas no fim do dia. O percurso, feito em veículos 4×4 por trechos de areia e terra, é ao mesmo tempo desafiador e encantador, convidando o turista a desacelerar enquanto aprecia o retrato desse bioma brasileiro.
Entre os seus símbolos, está o capim dourado, que se transforma em arte nas mãos de artesãs locais. Você encontra braceletes, brincos, anéis, colares, arcos de cabelo, destaque para as bolsas que são feitas como peças de arte, nas lojas de artesanato de Mateiros e São Félix e outros municípios do Jalapão.

A colheita é feita apenas uma vez por ano, entre setembro e novembro. Os artesãos sabem a hora certa da colheita pela coloração do capim, quando ele está maduro e fica todo dourado e seco, soltando com facilidade da roseta no solo. Para fazer a colheita os artesãos precisam ter uma autorização do órgão ambiental.
Como se não bastasse acordar todos os dias com um café da manhã reforçado, o menu mistura pratos típicos que refletem a riqueza cultural e gastronômica da região, como a paçoca de carne seca desfiada, farinha de mandioca e temperos. É servido como acompanhamento ou prato principal, destacando a simplicidade e o sabor intenso. Ou a tilápia e o tambaqui que são comuns, preparados na brasa ou fritos, acompanhados de arroz, vinagrete e farofa.

Mais passeios pelo Jalapão
Viajar para o Jalapão é viver a fauna, a flora e a comunidade para além dos cartões-postais. É mergulhar na história de um povo que guarda memórias nos objetos feitos com capim-santo, serve afeto em forma de gastronomia e entende que exclusividade não está no excesso, mas no cuidado com a região.
Entre os passeios que merecem destaque no Jalapão, a flutuação de boia cross no Rio do Sono, em Mateiros, é uma experiência imperdível. O trajeto com uns 30 minutos, tranquilo e sem quedas d’água, convida a desacelerar. Enquanto a correnteza leve conduz o visitante, a paisagem revela a natureza em estado puro, o som dos pássaros, o brilho da água e a sensação de paz que só o Cerrado pode oferecer.
Outro passeio imperdível é para a Lagoa do Japonês também surpreende pela intensidade de seu azul-turquesa. A água cristalina e o cenário de gruta é um convite para mergulhar e se deixar levar pela beleza natural do Tocantins.

Para quem visita o Jalapão, o condutor ambiental Iury Carvalho tem duas indicações imperdíveis. “Em primeiro lugar, os fervedouros, que são o carro-chefe da região e ajudaram a tornar o Jalapão conhecido no mundo inteiro. Viver essa experiência é único”, afirma.
Na sequência, ele destaca a Cachoeira da Formiga, um dos lugares mais visitados e de beleza imensurável. “Ela está entre as dez mais bonitas do Brasil e é um atrativo que não pode ficar de fora do roteiro”, completa.