Cruzar a praça da Matriz de Campinas, em Goiânia, atravessar a rua e tomar um sorvete na Sorveteria Split tem o gostinho da minha adolescência. Qualquer desculpa era válida para tomar um cascão com uma bola de sorvete de cereja e outra de limão. A cobertura de morango é servida de um jeitinho especial. Tenho orgulho de ter ajudado a perpetuar uma tradição, junto com o pessoal da natação. Pelo menos, eu acho que o crédito é nosso.
O momento da escolha do sabor da cobertura era de extrema importância para que o sorvete ficasse à moda da turma. Aprendi a pedir com um amigo à época. “Moça, faça um buracão e coloque bastante cobertura, por favor”, ele inovou. Todos repetiram. Ao que parece, não só meus colegas e eu gostávamos daquele jeito. É assim que a cobertura é servida de lá para cá… e faz toda a diferença.
A verdade é que ao entrevistar uma das fundadoras da Sorveteria Split não perguntei sobre essa história do meu imaginário. Solange Correia Garcia, de 55 anos, atualmente trabalha na sorveteria, que hoje é propriedade do ex-marido. Eduardo está sempre à frente do caixa. Ela contou que o negócio começou com a fabricação de picolés há 34 anos.
No início a sorveteria ocupava apenas uma das portas na Rua José Hermano, em Campinas. A produção era distribuída entre dez vendedores de picolé, que guiavam seus carrinhos pela cidade. Na esquina havia um bar. Demorou 10 anos para que comprassem o ponto, ampliassem a sorveteria e a deixassem com a configuração de espaço atual. É claro, houve algumas reformas ao longo dos anos.
A constante atualização é, aliás, um dos pontos que mantém o estabelecimento próspero. O meu queridinho, o sorvete de cereja saiu do cardápio e deu lugar a um gelato mais gourmet. Que tal creme de cereja? Não menos saboroso. Afinal, tive de substituir. Só ainda não abri mão do limão, que é exatamente o mesmo que permeia a memória. A bola do topo com a cobertura de morango do jeitinho que eu gosto. O cascão custa 7 reais.
Solange conta que não existe mais sabor campeão de vendas: flocos, morango, coco. “Hoje em dia, existe um constante aprimoramento. Com a base do sorvete você pode jogar o que quiser. Se tem um lançamento de um chocolate, você pode fazer o sorvete”, contou. Os sabores clássicos ainda estão lá. Mas… “Todo mundo pergunta a novidade que tem.”
Opinião mais consistente tenho a respeito dos sorvetes de fruta. Não se preocupe. Os atendentes são gentis e permitirão uma provinha de alguns sabores até a escolha certeira. Não tem muito como errar. Se ficar só no sorvete, as montagens tradicionais estão no cardápio, exibido em televisões. Tem colegial e, obviamente, banana split.
A Split também tem salgados. A pizza é o mais popular. Não é aquela de fatia triangular. Essa nem tem. Ela é retangular, do tipo que tem massa dos dois lados. Bem recheada com queijo, presunto e tomate (R$ 5). Sai em horários estabelecidos por conta da demanda. Então, pode garantir a que acabou de deixar o forno. Há também sucos de fruta.
Lá você encontrará alunos dos dois colégios Santa Clara e Assis Chateaubriant logo em frente e clientes que dão um tempo nas compras ou fazem um intervalo na busca por roupas de festa para alugar. A terça-feira é o dia de maior movimento. Tem novena na Matriz. Se quiser mais sossego e uma mesa para sentar, escolha outro dia da semana. Um plano nada original, mas muito válido, é comprar o sorvete e encontrar um banco na praça.
Sorveteria Split
Endereço: Rua José Hermano, nº 24 – Setor Campinas, Goiânia;
Funcionamento: De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Sábados, das 8h às 14h.
Telefone: (62) 3291-6729