Com um projeto que reúne obras de oito artistas residentes, o Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes, que tem sede em Goiânia, inaugura sua participação na SP–Arte Rotas Brasileiras, feira que valoriza a diversidade e a pluralidade da produção artística nacional.
Partindo das noções de que a terra é sagrada e o corpo é força motriz, é cura, fecunda e sustenta toda a sociedade, é que o Sertão Negro apresenta o projeto “Aterramento”.
As obras de Abraão Veloso, Gabriela Chaves, Genor Sales, lía vallejo, Tor Teixeira, William Maia e Xica integram tal projeto e transitam por terras coexistentes dentro das artes e são resultado de uma construção coletiva e compartilhada, que questiona as hierarquias, as opressões históricas e os poderes vigentes.
E, por meio de diferentes linguagens, suportes e poéticas “cultivam mistérios, narrativas, florestas inteiras em suas diversas camadas, que desaguam em experiências e olhares singulares”.
Abraão Veloso tece corpos negros a partir das relações de afeto e do cotidiano. Augusto César utiliza processos de gravura para resgatar as memórias familiares e relações de trabalho com a carne. A partir da figura da boneca, Gabriela Chaves costura em sua poética as feridas e o legado de gerações de mulheres.
Já Genor Sales, usa da aquarela para levar água ao peixe, que fora dela, se acostumou a nadar nas ruas. Pela sátira da materialidade de objetos sacros, lía vallejo questiona a estrutura hegemônica colonial.
Em sua pintura, Tor Teixeira apresenta novas narrativas para o corpo masculino, que rompem a visão predominante. William Maia evidencia as tradições populares e religiosas em seus trabalhos, além da representação em primeiro plano de corpos negros jovens.
E se utilizando da magia dos corações, Xica grava elementos simbólicos presentes nos terreiros, mesclando xilogravura, objeto e instalação.
Sertão Negro
Idealizado pelo artista visual Dalton Paula, e gerido pelo artista e sua companheira, Ceiça Ferreira, o Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes foi criado em abril de 2021, na Região Norte de Goiânia e atua na formação de jovens artistas.
Além disso, se constitui um espaço para pesquisa, debate, residências nacionais e internacionais, exposições, aulas de cerâmica, gravura e capoeira; além de sessões do Cineclube Maria Grampinho, o que reitera as nuances educativas e pedagógicas do projeto.
Em apenas dois anos, o Sertão Negro tem se destacado no cenário artístico do Centro-Oeste brasileiro, sendo lugar de trocas não somente internas, mas também com a comunidade local e diversos agentes, como artistas, curadores, galeristas e colecionadores.
Serviço: Sertão Negro na SP–Arte Rotas Brasileiras
Quando: de 30 de agosto a 03 de setembro
Onde: ARCA – Avenida Manuel Bandeira, nº 360 – Vila Leopoldina – São Paulo
Ingressos: 70 (inteira) | R$ 35 (meia) – Link