Neste sábado (12/8), o Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes recebe uma conversa com o artista M’barek Bouhchichi com o tema Conexões Brasil-África, partir das 14h. Ele irá compartilhar um pouco dos seus processos de pesquisa e poéticas artísticas, e a vivência de alguns dias na Comunidade Quilombola Kalunga Engenho 2.
M’barek é participante da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível e está em processo de pesquisa e realização de sua obra comissionada para a mostra no Programa de Residências Artísticas Nacionais e Internacionais do Sertão Negro, por meio de parceria com a Fundação Bienal de São Paulo.
Mais sobre o artista
O artista nasceu em 1975 em Akka, Marrocos; é bacharel em artes visuais, vive e trabalha em Tahannaout, perto de Marrakech, onde ensina artes; e é um dos destaques do livro “African Art Now: Fifty pioneers defining African art for the twenty-first century”, de Osei Bonsou, co-publicado pelas editoras Tate e Ilex.
Além disso, participou da 13ª Bienal de Arte Africana Contemporânea de Dakar (Senegal, 2018) e da exposição “Documentos Bilingues”, no Museu das Civilizações Europeias e Mediterrânicas (MUCEM), em Marselha, 2017.
Suas obras integram coleções do Museu Nacional de Arte Moderna do Centro Georges Pompidou (França) e a do Museu de Arte Contemporânea Africana Al Maaden (MACAAL).
Por meio da pintura, escultura, desenho ou vídeo, M’barek Bouhchichi explora em seu trabalho uma linguagem experimental por meio da qual reflete sobre relações de poder em contextos sociais, culturais e históricos.
E faz isso a partir de sua experiência, de articulações com a obra de poetas da cultura Amazigh (oriunda dos Amazighen, povos originários da África do Norte). E, principalmente, a partir de uma prática artística que se inspira no cotidiano, na oralidade e no conhecimento partilhado em conversas e vivências coletivas com anciãs e anciãos.
A prática se articula com a proposta do Programa de Residência artística do Sertão Negro, que tem duração de quatro semanas, sendo a primeira destinada a uma vivência em um quilombo e três semanas no Sertão Negro, em Goiânia.
Trata-se de uma iniciativa que, ao propor a entrada no estado de Goiás a partir dos quilombos reconhece tais espacialidades negras e seus agentes em um diálogo entre artes visuais, meio ambiente e saberes tradicionais.
Cineclube Maria Grampinho
Pensando essas conexões com o continente africano, a programação do Sertão Negro tem, também no sábado, às 17h, mais uma sessão do Cineclube Maria Grampinho, com a exibição do filme “Ôrí” (Raquel Gerber, 1989).
Ademais, a exibição será seguida de uma roda de conversa com Lucilene Kalunga (turismóloga, liderança quilombola e ativista) e Alex Ratts (professor da Universidade Federal de Goiás, poeta e ativista).
O documentário “conta a história de uma mulher, Beatriz Nascimento, historiadora e militante, que busca sua identidade através da pesquisa da história dos quilombos”*, suas origens africanas, sua continuidade histórica no Brasil e sua ressignificação nos anos de 1970, quando passa a designar espacialidades como as escolas de samba, os bailes black, os movimentos negros e os terreiros de candomblé.
Em tais territórios negros se dá a reconstrução de identidades, a tomada de consciência por meio do ôrí, palavra de origem iorubá que significa cabeça. Logo, “fazer a cabeça”, fazer o rito de iniciação no candomblé se configura uma possibilidade de renascimento, a partir das relações de pertencimento no terreiro, da ligação com a terra e com a ancestralidade.
Sob coordenação da professora Ceiça Ferreira, que também assina a curadoria de filmes, por meio do “Tela Preta”, projeto de extensão vinculado ao curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG), o Cineclube Maria Grampinho tem como objetivo ser um espaço de exibição e discussão de filmes dirigidos e/ou protagonizados por pessoas negras.
Idealizado pelo artista visual Dalton Paula, o Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes foi criado em 2021 no Setor Shangri-la, na região norte de Goiânia e em 2022 iniciou efetivamente suas atividades, que incluem residências artísticas, aulas de capoeira, cerâmica, gravura; além de eventos que destacam a cultura e a tradição afro-brasileira e sessões de cineclube.
*trecho da sinopse do filme (disponível no material de divulgação do filme)
Serviço: Programação Cultural Sertão Negro
Quando: Sábado, 12/08, a partir das 14 horas
Onde: Rua Goiazes, quadra P, Lote 9 – Loteamento Shangri-la
Entrada: Gratuita (com emissão de certificado)