Por Elaine Leme
Ao circular pela Avenida Paulista, em São Paulo, um endereço chama atenção: o Edifício Pietro Maria Bardi, que será inaugurado nesta sexta-feira (28/3). O novo prédio faz parte do projeto de expansão do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e homenageia o primeiro diretor artístico da instituição. Com essa ampliação, o museu dobrará de tamanho, passando de mais de 10,4 mil m² para mais de 21,8 mil m², permitindo um crescimento de até 66% nos espaços expositivos.
O Edifício Pietro Maria Bardi é um belo projeto com 14 andares e 7,8 mil m² de área construída, abriga cinco novas galerias, espaços multiuso, salas de aula, laboratório de conservação, restaurante, café e uma infraestrutura aprimorada para o transporte e armazenamento de obras de arte. A interligação com o edifício principal será feita por um túnel subterrâneo de 40 metros, com previsão de conclusão para o segundo semestre de 2025.
“A expansão do museu era uma necessidade diante de seu crescimento. O novo edifício representa uma nova fase para a instituição, ampliando suas possibilidades e fortalecendo seu compromisso com a diversidade e a inclusão”, enfatiza diretor-presidente do museu, Heitor Martins.

A fachada do novo prédio foi projetada pelo escritório METRO Arquitetos Associados, de Martin Corullon e Gustavo Cedroni, em parceria com o arquiteto Júlio Neves. Uma das estratégias adotadas para harmonizar a construção com o icônico edifício original de Lina Bo Bardi foi o uso de chapas metálicas perfuradas e plissadas, que ajudam a reduzir a incidência de luz natural e minimizar o aquecimento interno.
“Apostamos em um visual limpo, uma fachada homogênea, para não criar ruídos nessa relação. Ao mesmo tempo, o design monolítico, inspirado nas tipologias dos museus verticais, como os de Nova York, se destaca no entorno, conferindo-lhe um caráter próprio”, afirma Corullon.
O tradicional e o contemporâneo

A relação entre o novo edifício e o MASP original se reflete não apenas na integração estrutural, mas também na experiência dos visitantes. Enquanto o prédio histórico desenhado por Lina Bo Bardi (1914–1920) tem uma fachada de vidro que cria uma conexão direta com a cidade, o Edifício Pietro Maria Bardi aposta no jogo de luz e sombra.
Durante o dia, suas grandes aberturas permitem vislumbrar a paisagem urbana e o próprio MASP. À noite, a iluminação interna do prédio revela fragmentos do museu para quem passa pela Avenida Paulista, criando uma interação visual única entre espaço interno e externo, que impressionam na construção.
Apesar de sua arquitetura verticalizada, o edifício Pietro tem sua fachada completamente preta e não possui grandes detalhes visuais expressivos, o que mantém todo o protagonismo para o de Lina.
O vão livre do museu também passará a contar com novas funcionalidades, mantendo-se como espaço público aberto, mas com melhorias na iluminação, mobiliário urbano, wi-fi gratuito e um plano estruturado de conservação e segurança. Ao longo dos anos, esse espaço se consolidou como um dos principais palcos de manifestações populares em São Paulo, reafirmando seu papel como ponto de encontro e expressão democrática da cidade.
Ao dobrar de tamanho, a instituição se estrutura para receber um público maior, diversificar sua programação e consolidar seu protagonismo no circuito artístico internacional.
Onde a arte pode nos levar?
A inauguração do novo edifício do MASP abre caminhos para múltiplas possibilidades. A arte, sempre inquieta, nos leva a refletir sobre o tempo, o espaço e nossas conexões com o mundo. Para marcar esse momento, a programação especial “Cinco ensaios sobre o MASP” propõe novas leituras sobre a relação entre humanidade e meio ambiente, revelando encontros entre passado e presente, tradição e vanguarda.
No Edifício Pietro Maria Bardi, o percurso expositivo conduz os visitantes por diferentes geografias, narrativas e expressões artísticas. A arte nos leva ao passado e ao futuro, nos convida à contemplação no Edifício Pietro Maria Bardi.
Isaac Julien: Lina Bo Bardi – Um maravilhoso emaranhado | 2º andar
Na videoinstalação dedicada ao legado da arquiteta modernista Lina Bo Bardi (1914–1992), as palavras de Lina ganham vida pelas vozes de Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.
A obra resgata seu olhar visionário sobre a arte e a arquitetura como agentes de transformação social, em especial sua imersão na cultura afro-brasileira da Bahia.
Artes da África | 3º andar
O acervo do MASP nos transporta para a riqueza cultural da África Ocidental. São mais de 40 obras, entre estatuetas, objetos cotidianos, máscaras cerimoniais e instrumentos musicais, que revelam a força dos ritos, dos ancestrais e da espiritualidade na arte africana.
Geometrias | 4º e 10º andar
Linhas, formas e cores compõem um diálogo entre diferentes gerações. A mostra reúne mais de 50 obras do acervo do MASP, incluindo doações recentes, e estabelece conexões entre as vanguardas construtivas e artistas contemporâneos que exploram a geometria em novas materialidades.
Renoir | 5º andar
As pinceladas vibrantes de Pierre-Auguste Renoir (1841–1919) retornam ao MASP após 23 anos. A exposição reúne todas as 12 pinturas e a escultura do artista pertencentes ao acervo do museu, percorrendo sua trajetória e seu olhar sensível para a luz, a cor e a figura humana.
Histórias do MASP | 6º andar
O museu revisita sua própria história, refletindo sobre mais de sete décadas de existência e sua construção como um dos principais espaços de arte do Brasil e do mundo.
Vão Livre – Iván Argote: O Outro, Eu e os Outros
A partir de 10 de abril, o vão livre do MASP, palco de manifestações e encontros históricos, se transforma com a instalação interativa do colombiano Iván Argote. Duas gangorras monumentais convidam os visitantes a experimentar o equilíbrio e o movimento coletivo, sugerindo novas formas de convívio e troca.
Para celebrar essa nova fase, no dia 5 de abril, o MASP Escola promove a Escola Aberta, um evento gratuito para o público, com atividades estruturadas a partir dos cursos de Estudos Críticos e Histórias da Arte.
O museu ainda lança o eixo educacional Por dentro da exposição, oferecendo cursos imersivos que exploram as obras e contextos históricos das exposições em cartaz, incluindo os Cinco ensaios sobre o MASP, convidando o público a vivenciar a arte de forma profunda e coletiva.
Além das galerias de exposições, o novo edifício abriga espaços como salas multiuso, restaurante, café, loja e laboratório de conservação. O prédio também conta com bilheteria e área de acolhimento, ampliando o conceito inclusivo e democrático idealizado pela arquiteta modernista.

Serviço: Inauguração do Edifício Pietro Maria Bardi | MASP
Quando: 28 de março, das 10h às 20h30
Onde: Avenida Paulista, nº 1.510 – Bela Vista – São Paulo, SP
Agendamento on-line obrigatório pelo link: masp.org.br/ingressos