O que surge da combinação de uma mercearia no Setor Sul – que tem como dono um senhor chamado Morwan – , e três amigos músicos? Isso mesmo, o Samba do Mais Um, roda de samba que acontece um sábado por mês, e tem reunido muita gente no local.
Em dezembro de 2017, três amigos (Pedro Jordão, Otávio Scapin e Edgar Vieria) se sentaram na Mercearia Serve Sul, localizada na Rua 104, no Setor Sul, em Goiânia. Todos estavam com instrumentos e lá tocaram. Assim, uma roda de samba começava a surgir no local.
Segundo o músico e cantor Pedro Jordão, presente nesta primeira roda de samba, eles gostaram muito do local e de seu dono (que falou com o Aproveite a cidade, mas preferiu não conceder uma entrevista). Portanto, pediram autorização para reunir dali a algum tempo, o que foi prontamente atendido. Assim, em janeiro, aconteceu a primeira roda, já com o nome de Samba do Mais Um.
O nome, conta Pedro, vem de uma brincadeira com o Sr. Morwan. Além disso, sempre pediam uma cerveja alguém gritava “more one”, que em português quer dizer “mais uma”. Com o intuito de agregar pessoas, como contou o músico, o nome também é sobre mais pessoas participando da roda de samba.
O evento, normalmente, às 16h30, e acontece até as 22h. Depois de um tempo, também criou-se um after da roda na Tropix, que fica na Rua 91, no Setor Sul. A festa por lá começa a partir das 22h30.
O local vende cerveja, mas, democrático como o samba, Morwan não se importa que as pessoas levem suas bebidas em caixas térmicas. Além disso, normalmente a cerveja da Mercearia costuma acabar por volta das 20h.
Participação
Pedro explicou que qualquer pessoa pode participar da roda de samba. Porém, existem procedimentos. “Não queremos desrespeitar o samba. Portanto, apesar da pessoa não precisar pedir autorização, ela tem que saber chegar.” Assim, os integrantes também trabalham em um processo de educação, principalmente para os novatos.
Pedro, que toca violão sete cordas, cavaquinho e também é cantor, conta que entre 15 e 30 pessoas fazem parte da roda de samba. Mas que há muita rotatividade. “Todos os músicos de samba de Goiânia estão passando por lá”.
Samba reúne centenas de pessoas
Os sambistas relatam que quando começaram não esperavam tamanha mobilização popular. Porém, Pedro afirma ter consciência que ter uma roda de rua é uma lacuna de Goiânia. “A ideia não era um efeito midiático. Queríamos divulgar o samba para quem gosta de samba”, diz o músico.
Apesar do sucesso, o músico se diz preocupado. “A gente tem medo, pela quantidade de pessoas que estão frequentando, de acontecer alguma coisa e não conseguirmos dar continuidade no projeto”, afirma. Mesmo assim, claro, considera a propagação muito significativa. “As pessoas vão para conhecer, para aprender sobre samba. E isso satisfaz muito a gente. Acontece muito, por exemplo, de pessoas conhecerem sambas lá na roda”, diz.
Outra preocupação dos participantes é com o espaço público. Assim, Otávio afirma que sempre é pedido para que todos cuidem do seu lixo. “Queremos agregar, mas o cuidado com o local é essencial para que o samba continue acontecendo da maneira que é”, alerta.
Mudanças
O músico Otávio Scapin, contou ao Aproveite a cidade que o samba não será mais divulgado com antecedência. Assim, a roda acontecerá uma vez por mês, mas não necessariamente todo último sábado. A data será divulgada apenas três dias antes e em grupos dos participantes da roda.
“A ideia é voltar à ideia original da informação ser passada no boca a boca. Assim, quem quer roda de samba, vai para a Mercearia Serve Sul. Quem quer apenas rolê, tem o after na Tropix. E lá o samba continua. Queremos manter a integridade da roda de samba ”, afirmou.
Em junho, por exemplo, a roda não tem uma data certa. E isso valerá para os próximos meses a partir de agosto. Em julho, a data já está confirmada. O Samba do Mais Um recebe a cantora Márcia Duarte, filha do sambista Mauro Duarte.
Os sambistas
Otávio Scapin contou que a maioria dos integrantes da roda de samba são da banda Samba Matuto, fundada há três anos. Portanto, já possuem vivência no ritmo brasileiro.
A cada dois meses eles tocam no Batucagê, evento que acontece na Serrinha, com o Projeto de Flor de Mulungu. Otávio explica que é lá tocam um samba de Terreiro. O gênero faz referências a escolas de samba. É um samba da primeira geração, das décadas de 1920 e 1930”, diz. O próximo evento acontece no mês de agosto.