O painel de Frei Confaloni intitulado “Energia elétrica: a origem, a invenção e o usufruto”, que está localizado hoje no antigo prédio da Celg, no Setor Oeste, em Goiânia, será restaurado. A iniciativa é uma parceria entre os donos do imóvel e o Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
Os serviços de restauro serão pagos pelos proprietários do edifício e devem ficar em torno de R$ 500 mil. Já a Secult e o Conselho Estadual de Cultura serão os responsáveis pela fiscalização de todo o processo.
Para que a restauração fosse possível, o Conselho Estadual de Cultura autorizou a retirada do painel do imóvel, que se encontra em estado de deterioração e não oferece segurança para os trabalhos.
Assim, o afresco será transferido para o estacionamento do subsolo do Centro Cultural Oscar Niemeyer, que servirá de ateliê para os restauradores.
Além da segurança, o local escolhido para o restauro é no subsolo e não terá influência das condições climáticas, como sol, vento e chuva. “Tudo foi pensado de modo a garantir que o afresco seja preservado e nossa expectativa é tombar o painel de Frei Confaloni após o restauro”, explica a titular da Secult, Yara Nunes.
Restauro
A remoção do painel será iniciada na segunda quinzena de agosto e será necessário que ele seja dividido em cerca de seis blocos.
“Vamos remover de maneira cuidadosa de modo a não criar mais danos ao painel e a perda [da camada pictórica] é irrisória e se recupera no processo de restauração”, explica o restaurador responsável pelo serviço, Wagner Matias.
Após a divisão do painel em blocos, será realizado o faceamento, que é a cobertura do afresco por véus de proteção e espumas, para garantir o transporte com segurança até o Centro Cultural Oscar Niemeyer.
Após o transporte e a instalação das peças para o serviço de restauro, o ateliê será aberto para a visitação do público que quiser acompanhar os trabalhos.
Durante a restauração, será feita a remoção, de maneira química, do material que foi jogado no painel para resgatar a pintura original. Também serão removidos os tijolos e parte do concreto para que a obra fique leve e de fácil transporte.
“Iremos transformar esse afresco numa peça móvel, que poderá ser facilmente transportada com segurança para museus e locais itinerantes de exposição”, ressalta Yara Nunes.
O painel
O painel de Frei Confaloni intitulado “Energia elétrica: a origem, a invenção e o usufruto” retrata o caminho da energia, desde o rio até chegar na casa dos cidadãos.
A obra de arte, que fica na entrada do prédio original da Celg, na Avenida Anhanguera, foi uma encomenda do Governo de Goiás ao artista italiano para ilustrar o trabalho da Central Elétrica de Energia. Foi pintado em 1961 logo após a construção do edifício. O afresco, contudo, foi vandalizado e coberto de tinta.
Segundo a Secult Goiás, com a privatização da Celg, o prédio foi vendido às empresas Construtora e Incorporadora Merzian Ltda, Oliveira Melo Engenharia e Construção Ltda, Linknet Tecnologia e Telecomunicação Ltda e Construtora e Incorporadora Santa Teresa Ltda.
Dessa maneira, era locado pelo Estado, servindo como sede para a antiga Seduce (Secretaria de Estado da Educação e Cultura) até 2018.
“Como o prédio já não mais pertence ao governo do Estado, mas sim às empresas mencionadas, coube a Secult apenas os trâmites referentes ao tombamento, sendo que a conservação do imóvel é um dever das proprietárias”, afirma o material da Secretaria.
Em acordo com as empresas, o painel foi doado ao Estado, mas antes terá que passar pelo processo de restauração, que deve ser finalizado no primeiro semestre de 2024. A expectativa é de tombar a obra após o restauro.
“Nossa prioridade neste momento é recuperar a obra e depois será decidido o local em que ela será instalada, mas como o afresco ficará fácil de transportar, poderemos fazer exposições itinerantes e parcerias com outros museus. Nosso objetivo é divulgar para o maior número de pessoas o trabalho incrível desse artista que retratou tão bem o nosso Estado”, finaliza Yara Nunes.
Frei Confaloni
Giuseppe Confaloni foi pintor, muralista, desenhista e professor, nascido em Viterbo, na Itália, em 1917. Em 1950, ele chega à cidade de Goiás (antiga Vila Boa) para pintar 15 afrescos na Igreja do Rosário, denominados Mistérios de Rosário. Depois, vai para Goiânia e se torna um dos pioneiros do modernismo no Estado.
Foi também um dos três fundadores da extinta Escola Goiana de Belas Artes, juntamente com Luís Augusto Curado e Henning Gustav Ritter e posteriormente um dos fundadores da Escola de Arquitetura da Universidade Católica de Goiás.