Era um domingo, no início do mês de junho de 2014. A Paulinha (Paula Falcão, do time Aproveite) tinha mandado um WhatsApp para o nosso grupo de amigas. Ela dizia que tinha visto uma matéria sobre os grafites dos becos do Setor Sul, em Goiânia, na Revista Superinteressante, e que queria companhia para ir lá pra conhecer. Aquele domingo fez borbulhar um monte de ideias em nossas cabeças.
Era um domingão, daqueles que você não tem nada para fazer. Nessa época, também era só me chamarem para um lugar que eu falava “bora”. Hoje, com mais alguns anos nas costas, me vejo mais contida. Mas confesso que a ideia de visitar o Setor Sul me atraiu muito.
Sou Arquiteta e o estudo do surgimento da cidade de Goiânia sempre foi muito debatido nas minhas disciplinas da faculdade. Eu sabia da importância dos becos do Setor Sul, a motivação para o qual tinham sido criados e que essas funções originais não faziam mais sentido ali. Portanto, a renovação desses espaços através da arte urbana seria algo interessante de atestar. Eu não tinha noção de como estavam estes lugares.
Um passeio cheio de inquietação e ideias
Com 23 anos (quase fazendo 24), quando essa história aconteceu, outro fato importante era que eu estava começando a viajar sozinha, com o dinheiro do meu próprio trabalho e a visitar cidades realmente criativas, estimulantes e interessantes. Neste ponto de vista, pensar que Goiânia tinha locais semelhantes aos daquelas cidades, fez meus olhos brilharem.
A Paulinha me buscou em casa e a ideia era simplesmente dar um rolê e tirar umas fotos legais para o Instagram. Nós duas adoramos fazer isso! Só que naquele dia ambas estavam com outras coisas também fervilhando na cabeça. Na minha, passava a possibilidade de fazer um mestrado e eu estava em busca de um tema da Arquitetura para estudar. Pelo que eu me lembro, a Paula procurava uma ideia para um vídeo de encerramento de um curso online.
Neste dia, em que íamos desvendando os becos do Setor Sul, descobrindo uma Goiânia que nunca tínhamos visto antes, nossas possíveis ideais de projetos e vivências se cruzaram. E esse momento na conversa, eu não sei exatamente precisar.
Deu vontade de compartilhar essa história dos becos do Setor Sul
Falamos também sobre como nós, goianienses, não sabíamos que existiam lugares e passeios legais como aquele na nossa cidade. Talvez, esse papo tenha rolado em uma pausa para foto no Bosque dos Pássaros abarrotado de grafites.
Refletimos sobre como, muitas vezes, acabamos desmerecendo o lugar onde vivemos, achando outras cidades são melhores. Até que numa hora X a Paula falou assim: “Já sei! Vou fazer um vídeo chamando as pessoas para aproveitarem a cidade.” Onde isso foi parar? Bom… esta história, que começou nos becos do Setor Sul, você acompanha há algum tempo por aqui!
Meses depois, eu partia para o mestrado em Porto Alegre. Quando voltei, passei a colaborar com artigos e reportagens sobre Goiânia, lugares para onde viajei e arquitetura. Dia desses voltamos aos becos do Setor Sul, onde relembramos os caminhos que percorremos até aqui. Ou seja, finalmente, compartilhamos minha versão da história.