Música, dança, circo, culinária, artes visuais e artesanato se encontram a partir deste mês no Mercado de Àkesán, promovido pelo Orum Aiyê Quilombo Cultural, em Goiânia. No centro de todas as atrações e produções estarão artistas e artesãos negros.
O protagonismo negro é o pilar do evento, que terá quatro edições, que serão realizadas entre setembro de 2023 e março de 2024. Quem abre este mercado, no dia 24 de setembro, é Cauê Marques, artista circense que apresentará o solo “Outro Olhar”, às 20h.
O mercado começa às 14h, com a venda de acarajé e com a Feira Preta, que comercializará livros, arte em macramê, aromaterapia, estética preta, moda, cachaças artesanais. O evento ainda oferece palco aberto e a entrada é franca. Orum Aiyê está localizado no Residencial Nossa Morada, na região Norte de Goiânia.
“Outro Olhar” apresenta uma referência sensível e forte do homem e seu lugar na sociedade. Os elementos em cena questionam ideais estabelecidos sobre a masculinidade. Cauê convida o público a pensar sobre o que significa ser masculino.
“O número enfatiza a ideia de que a aparência externa não nos define e que a fragilidade e a força caminham juntas. A masculinidade frágil pode ser definida como o medo e a ansiedade sentidos por homens que acreditam não cumprir os padrões sociais e culturais de masculinidade”, antecipa o artista.
O número circense foi convidado a integrar a programação da noite de gala da Convenção Nacional de Malabares e Circo realizada em julho de 2023. Também foi convidado para integrar a programação de fechamento do 2º Festival Internacional de Circo Basileu França, realizado no mesmo ano.
O solo “Outro Olhar” foi desenvolvido a partir da troca de conhecimentos entre o artista Cauê Marques e o artista do Circo de Soleil Helder Vilela.
Após esta apresentação, Cauê realiza um percurso por diversas escolas na Europa, em países como Portugal, Espanha, França e Bélgica desenvolvendo suas habilidades em Faixa Acrobática, aparelho circense escolhido para estudo pelo artista. O número conta com direção de Marcelo Marques e Lua Barreto e terá tradução simultânea em libras.
Artistas negros no centro
O Mercado de Àkesán nasce do desejo dos produtores culturais e artistas Marcelo Marques e Raquel Rocha de realizar um evento afrocentrado com o propósito de gerar mais possibilidades de renda para afroempreendedores.
Além disso, para contribuir para a valorização da produção artística em Goiás e potencializar trocas trazendo artistas de outros estados e nacionalidades.
“Vale lembrar que a cultura dos povos negros tem sido histórica e sistematicamente negada pelas estruturas racistas que são hegemônicas nos locais poder. Com isso, visa subverter essa ordem pensando a toda sua construção por um viés afirmativo, no qual o protagonismo negro é o foco”, afirma Raquel Rocha.
As próximas edições do evento ainda trazem o mestre Tião Carvalho (MA), um dos maiores nomes da cultura popular brasileira na atualidade; uma aula espetáculo de dança africana com o artista beninense Setchegnon Sokenou e a exposição Aláfia, da artista Rafaela Rocha (GO).
“Trazer tantos talentos reconhecidos para nosso Quilombo cultural alicerça a nossa luta antirracista e colabora para a promoção da arte preta. Ao mesmo tempo, fortalece a construção de novas subjetividades para as demais pessoas negras que frequentam o Orum Aiyê”, comenta Raquel sobre a escolha das atrações.
O nome do mercado faz referência a um cargo de Exú na Nigéria, que é o senhor do movimento, dos encontros e das encruzilhadas.
“O evento traz as intersecções de diversas práticas artísticas. Além das atrações, pensamos a Feira Preta para fomentar a lógica do mercado, da troca, da arte e das potências de encontros sensíveis possibilitadas com este evento”, compartilha Raquel.
O Mercado de Ákesán conta com a produção de Raquel Rocha e Marcelo Marques, assistência de produção de Rafaela Rocha e Setchegnon Sokenou.
Sobre o Orum Aiyê Quilombo Cultural
Fundado por Raquel Rocha e Marcelo Marques, o Orum Aiyê é um quilombo cultural que surge na região Norte de Goiânia visando ações que visam a luta anti-racista, pautado em ações afirmativas que potencializam o protagonismo, formação, produção e empoderamento artístico preto.
Orum Ayê segue o caminho da resistência, do afro-afeto, do sorriso surgido a partir do compartilhamento da memória preta e da força que se sente no estado de Ubuntu: “uma pessoa é uma pessoa por meio de outras pessoas”.
Serviço: 3ª edição do Mercado de Àkesán – Goiânia
Data: 24 de setembro, domingo
Horário: A partir das 14 horas | Apresentação do número circense às 20 horas
Local: Orum Aiyê Quilombo Cultural, Rua 10 QdL Lt10 Residencial – Nossa Morada, Goiânia
Entrada franca
Crédito das Fotos: Cinthia Oliveira