O artista goiano Kboco estreou, no dia 8 de agosto, na cidade do Rio de Janeiro, sua nova exposição individual, “Quentchura”. Com curadoria da professora e crítica de arte Ana Avelar, a mostra estará em cartaz até 6 de setembro na Galeria Movimento, apresentando ao público, pela primeira vez, obras em madeira fruto de sua vivência de 7 anos na Chapada dos Veadeiros.
A exposição reúne sete telas, três grandes esculturas totêmicas em madeira intituladas Dispositivos e 18 assemblages menores feitas com madeiras coletadas no Cerrado intituladas Mini Dispositivos, além de intervenções feitas diretamente na parede da galeria, e destaca a importância do espiritual como conteúdo na arte abstrata, evocando sentimentos, emoções e o imaterial.
O trabalho de Kboco é uma fusão de símbolos de culturas diversas, incluindo hindu, budista e egípcia antiga, e das culturas urbanas brasileiras contemporâneas. Suas obras são descritas como misteriosas e familiares, evocando totens, monumentos arcaicos e objetos esotéricos que conectam o observador a outras dimensões e entes mágicos.
Em seu texto crítico, Ana Avelar destaca que a obra de Kboco se estabelece na materialização de algo indizível e sem correspondência no mundo dos fenômenos.
“Entre a dimensão ritualística da magia e a experiência urbana, suas obras evocam símbolos de culturas diversas enquanto criam outros. A arte de Kboco reúne símbolos de procedências múltiplas e utiliza a técnica de remixagem para criar um léxico visual único”.
Sobre Kboco
Kboco nasceu em Goiânia e dedicou os últimos anos à pesquisa, produção e à uma vivência no cerrado, em Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros.
Desde a infância, seu contato com a cultura hip-hop o levou a expandir o universo de suas pinturas para além das molduras, conferindo a seu trabalho uma escala arquitetônica, dinâmica, própria das ruas, que se reflete nas composições de suas pinturas em tela.
Em sua obra, Kboco utiliza símbolos arquetípicos que perpassam distintas civilizações e culturas, criando uma trama estruturadora de toda sua obra, gerando novos sentidos a partir da aproximação de imagens e signos.
Suas telas, desenhos e instalações apresentam referências à arquitetura e à arte mourisca, à rica padronagem dos tecidos, bem como a símbolos e entidades das religiões de origem africana. Além disso, ele incorpora as cores, formas e texturas do Cerrado em suas obras.
Kboco teve suas obras expostas nas Bienais de Valência (2007) e São Paulo (2010), uma exposição individual no Museu Afro Brasil (2018), na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, Portugal (2010), MAM-SP (2005) e na Bienal de Monterrey, México (2009).
Além disso, ele participou de várias exposições coletivas e realizou inúmeros murais em espaços públicos nas ruas de Olinda, Salvador, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Goiânia, Nova York, Itália, Alemanha, Espanha e México.