A 26ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica 2025), que será realizada de 10 a 15 de junho na cidade de Goiás, presta homenagem a quatro importantes nomes ligados à produção artística do Estado. A artista visual Selma Parreira, o estilista Ronaldo Fraga e a equipe do filme goiano Oeste Outra Vez foram escolhidos como destaques desta edição, em reconhecimento às suas trajetórias e contribuições significativas para a cultura e a arte de Goiás.
“O Fica busca sempre reconhecer trajetórias que dialogam com o território goiano de forma sensível e profunda. Selma Parreira é uma artista com uma carreira consolidada, de forte atuação no Estado e com um histórico significativo de trabalhos na cidade de Goiás. Já estava em nosso radar há algum tempo”, afirma o diretor de programação do festival, Pedro Novaes.
“No caso de Ronaldo Fraga, mesmo sendo mineiro, ele desenvolve atualmente um projeto cultural muito relevante na cidade e tem uma trajetória marcada pelo ativismo poético e pela sustentabilidade na moda, temas que dialogam com o espírito do festival. E, claro, a equipe do filme Oeste Outra Vez merece esse destaque: é um longa goiano de grande mérito, que ganhou projeção nacional sem perder suas raízes, abordando questões locais com potência universal”, conclui
Selma Parreira
Como é tradição, um dos homenageados contribui com a criação de uma segunda versão do cartaz oficial do Fica, que nesta edição traz a obra da artista visual goiana, Selma Parreira intitulada “Lençóis esquecidos no Rio Vermelho”.
A instalação efêmera, realizada em 2009, aborda o universo das lavadeiras que atuavam no leito do Rio Vermelho, interferindo em sua paisagem e conectando-se com a memória coletiva, o trabalho e o cotidiano da cidade de Goiás.
A obra foi escolhida para estampar o cartaz por sua potência visual e simbólica, evocando a história viva do rio e das mulheres que, durante décadas, transformaram suas águas em espaço de trabalho, encontro e resistência. Selma utilizou elementos como lençóis, bacias de alumínio e referências fotográficas históricas para compor uma instalação sensível e carregada de significados sobre o tempo, a paisagem e o feminino.
Nesta edição, o festival presta tributo à artista por sua extensa e significativa contribuição às artes visuais em Goiás e no Brasil. Com uma carreira que atravessa mais de quatro décadas, Selma construiu uma obra marcada pela investigação do tempo, da memória e das relações entre o ser humano e seus objetos e espaços. Seu trabalho transita entre pintura, fotografia e instalação, sempre com uma abordagem contemporânea e poética.
Ronaldo Fraga
Outro destaque do Fica 2025, o estilista mineiro Ronaldo Fraga tem construído uma profunda relação com o Estado de Goiás. Ao lado de seu companheiro, Rodrigo Januário, Fraga adquiriu um casarão histórico de 1913 na cidade de Goiás e está transformando o espaço no Solar dos Urubus, um centro cultural dedicado à arte, à memória e ao turismo de experiência.
A proposta inclui hospedagens, residências artísticas, oficinas criativas e ações que envolvem a comunidade local, promovendo encontros entre o fazer artesanal e as narrativas afetivas do território.
Com o Solar dos Urubus, Fraga amplia para Goiás o trabalho que realiza em outras partes do país, integrando saberes populares, experiências visuais e a valorização do patrimônio cultural.
“Ser homenageado no Fica 2025, em Goiás Velho, tem um sabor que vai além da alegria — é feito de raiz, afeto e pertencimento. É um festival que admiro profundamente, em uma cidade que não só amo, mas escolhi para plantar uma parte da minha história. Receber essa homenagem aqui é como ser acolhido pela própria terra que me inspira”, declara Fraga.
Erico Rassi e Cris Miotto – Equipe Oeste Outra Vez
A equipe do longa-metragem goiano Oeste Outra Vez também será reverenciada no festival, representada pelos cineastas Érico Rassi e Cris Miotto, diretor e produtora do filme.
Estreado em agosto de 2024, como parte da mostra competitiva do Festival de Gramado, onde ganhou o trofeu kikito de melhor longa-metragem, melhor fotografia e melhor ator coadjuvante, a obra tem sido amplamente reconhecida pela crítica por sua abordagem autoral, fotografia marcante e narrativa que provoca reflexões, trazendo temas como as masculinidades tóxicas, crises existenciais e a violência no sertão de Goiás, na interioridade do Brasil.
Com locações no Estado de Goiás, o filme posiciona o Centro-Oeste como território fértil para uma cinematografia potente e sensível, feita a partir das margens.
Além do destaque artístico, a escolha da equipe ressalta seu compromisso com o fortalecimento do cinema goiano e com a construção de narrativas que valorizam a identidade local. A valorização por parte do festival também indica apoio à continuidade de obras que exploram o cinema como linguagem de resistência, poesia e pertencimento.
Sobre o Fica 2025
Com o tema “Cerrado: a savana brasileira e o equilíbrio do clima”, o Fica 2025 apresenta uma vasta programação gratuita que inclui mostras competitivas de cinema, oficinas, atrações culturais, atividades ambientais, sessões voltadas ao público infantil, shows musicais, além de fóruns e debates com grandes nomes do cinema nacional e internacional.
O festival é uma realização do Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), em correalização com a Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio da Fundação Rádio e Televisão Educativa (RTVE).
O evento conta com a cooperação de diversas instituições, entre elas: a Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN), MapBiomas, The Nature Conservancy Brasil, Unesco, Museu do Índio (Funai), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Participam também as Secretarias de Estado da Educação; do Desenvolvimento Social; da Saúde, Esporte e Lazer; do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e da Retomada, além do apoio do programa Goiás Social, Sesc Goiás, Saneago, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar do Estado de Goiás, Instituto Federal Goiano e da Prefeitura da cidade de Goiás.