O Projeto Maria da Penha nas Escolas inicia uma nova etapa de circulação, em Goiânia, entre os dias 13 e 29 de março de 2025. Com apoio da Coordenadoria da Mulher e do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) na impressão de livros, as atividades com palestra e entrega do livro em quadrinhos estão programadas em instituições de ensino estratégicas, como o Lyceu, dentre outras escolas que fazem parte da história da capital.
Ao todo, o público esperado nesta nova circulação é de mais de 8 mil pessoas ao longo do mês, de acordo com a idealizadora e historiadora Manoela Barbosa. Outra novidade é a chegada dos exemplares em universidades na capital. Até então, o projeto havia alcançado crianças de até 10 anos em 2022, com os livros da primeira edição.
A segunda edição, lançada em 2024, no Congresso Nacional, em Brasília, é recomendada para jovens a partir de 10 anos, no Ensino Fundamental 2, Ensino Médio e Ensino Superior.
No último dia da “maratona”, a equipe do projeto chegará ao Sebrae Goiás, onde a fundadora do projeto, Manoela Barbosa, compartilhará sua experiência pessoal e a trajetória da iniciativa com cerca de 2 mil mulheres durante o evento Sebrae Delas.
A programação foi planejada para coincidir com o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, uma data que simboliza a luta por direitos e igualdade de gênero.
O período é propício para aprofundar debates sobre a violência contra a mulher e ressaltar a importância de projetos educacionais que promovam a conscientização desde cedo, como feito pela Skambau Produções, que realiza o projeto.
“É com muito entusiasmo que lançamos essa circulação para acontecer com 8 mil pessoas em espaços que não havíamos alcançado anteriormente”, destaca Manoela.
“O apoio da Coordenadoria e TJGO na impressão dos novos exemplares contribui e fortalece esse espaço e essa relação de comprometimento com o debate, alcançado a realidade de diversas mulheres, homens e famílias em Goiânia, onde vamos concentrar a distribuição nesta nova circulação de março” acrescenta.
A fundadora do projeto ressalta ainda que este é o momento onde potencializam o compromisso do projeto, das pessoas envolvidas e profissionais que se colocam à disposição para contribuir neste processo de educação.
“Com muita dedicação nossa estratégia deve ser ampliada e continuada e alcançando mais realidades em todos os espaços. É com muita honra que nos preparamos para este momento e com apelo convidamos a sociedade goiana a fortalecer essa iniciativa, acompanhando as ações que estarão acontecendo. Além disso, se inspirarem no que fazemos para enfatizar a necessidade desse papel educativo, especialmente com a juventude, sobre este tema para que índices alarmantes como o que temos deixem de ser contínuos”, pontua.
Sobre o Projeto Maria da Penha nas Escolas
Fundado em 2016, o projeto surgiu a partir de experiências formativas sobre violência contra a mulher com profissionais de educação e estudantes da rede pública municipal de Morrinhos, em Goiás.
Identificando a necessidade de materiais didáticos adequados para abordar o tema com crianças e adolescentes, em 2017 foi elaborado um livro em quadrinhos direcionado a crianças a partir de cinco anos, disponível em versão colorida e acessível (tamanho ampliado e braille) para pessoas com deficiência visual.
Em 2022, no Dia Nacional da Literatura Infantil (18 de abril), foi realizado o lançamento da primeira versão do livro em quadrinhos na Câmara Municipal de Goiânia, com recursos do Fundo Estadual de Arte e Cultura de Goiás. Em 2024, no dia 5 de março, uma segunda versão foi lançada no Congresso Nacional, em Brasília, ampliando a faixa etária para 10 anos e incorporando novos temas e discussões.
Até o momento, foram distribuídos 32 mil exemplares, incluindo 290 em braille, em cinco estados e 65 cidades goianas. A expectativa é entregar mais 8 mil livros durante o mês de março.
A obra, escrita por Manoela e ilustrada por Zaia Ângelo, conta a história de Maria da Penha, farmacêutica brasileira que se tornou símbolo do combate à violência doméstica no país. Disponível também em braille, o livro acompanha um Manual do Professor, com orientações e sugestões de atividades a serem realizadas a partir da leitura.
Para ter um efeito na prática, a idealizadora do projeto explica que é feito um treinamento com os docentes para abordarem com maior precisão o tema dentro das salas de aula.
O projeto mantém ainda uma estrutura baseada em ações formativas, como palestras e diálogos, voltadas para profissionais da educação básica e estudantes a partir de 10 anos, mostrando que a discussão vale para qualquer idade e nunca é tarde para debater e sinalizar o tema dentro de casa.
Todas as atividades incluem a distribuição dos livros em quadrinhos como material didático pedagógico, garantindo que as versões em braille sejam disponibilizadas nas salas de atendimento educacional especializado.
O projeto já vem sendo reconhecido ao longo dos últimos anos e ganhando ainda mais força. O material é ainda reconhecido pelo Fortalece PSE, vinculado ao Ministério da Educação e Ministério da Saúde. A própria Maria da Penha também conheceu o projeto de perto e validou a obra.
Expansão
Neste ano, o apoio do TJGO fortalece e aumenta este alcance. Além das escolas, a iniciativa será expandida para universidades, como o Centro Universitário Alves Faria (UniAlfa), a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) e a Faculdade Monte Pascoal.
Essa expansão visa atingir um público mais amplo e diversificado, promovendo discussões aprofundadas sobre violência de gênero e direitos humanos.
Neste primeiro momento, alunos dos cursos de Psicologia e Direito serão contemplados. Já nas próximas circulações, segundo Manoela, a iniciativa chegará em novas cidades pelo Brasil, incluindo São Paulo, e novos cursos dentro das faculdades devem ser inseridos.
Dados
A necessidade de iniciativas como o “Maria da Penha nas Escolas” é evidenciada por dados preocupantes. Em 2023, mais de 1,2 milhão de mulheres foram vítimas de algum tipo de violência no Brasil, incluindo homicídios, feminicídios, agressões em contexto de violência doméstica, ameaças, perseguições, violência psicológica e estupros.
Mulheres negras são as mais afetadas, e houve um aumento de 0,8% nos casos de feminicídio em relação a 2022.
Esses números refletem a persistência do machismo estrutural na sociedade brasileira, que alimenta a violência de gênero.
Especialistas apontam que, enquanto o problema for tratado apenas sob o viés do Direito Penal, sem investimentos significativos em educação para desconstruir estereótipos de gênero e promover relações igualitárias, os índices de violência tendem a permanecer elevados.
Veja abaixo cronograma das escolas e universidades confirmadas para a circulação de março de 2025
• 13/3: Colégio Estadual Pedro Gomes
• 14/3: Colégio Estadual Amália Hermano e Faculdade Monte Pascoal
• 17/3: Escola Municipal de Educação Integral Wilsonina de Fátima Silva Batista e UniAlfa
• 18/3: Escola Irmã Gabriela do Conjunto Riviera e Escola Vila Lume
• 20/3: Centro de Ensino em Período Integral Lyceu de Goiânia e CEPI José Honorato
• 21/3: Colégio Mais Ânima e PUC Goiás
• 29/3: Sebrae Goiás