Com direção geral e dramaturgia de Marcelo Marques, o artista Matheus Alcantara estreia um trabalho artístico, que também é um manifesto sobre ser negro no Brasil. O mais novo trabalho do Orum Aiyê Quilombo Cultural será apresentado ao público pela primeira vez no IV Festival de Circo do Basileu França, em Goiânia, neste sábado (27/9), às 20h. “Sob(re) a pele” é um solo circense teatral que une as habilidades no tecido acrobático à impactante atuação de Matheus Alcantara. A entrada é gratuita.
Este espetáculo foi contemplado pela Lei Aldir Blanc, Edital de seleção de projetos nº 06/2024 – Edital de Circo operacionalizado pela secretaria de cultura do Estado de Goiás.
O trabalho será apresentado também na sede do Orum Aiyê, no Residencial Nossa Morada, nos dias 4, 5, 11 e 12 de outubro. Para as apresentações no Orum, as pessoas interessadas devem retirar ingressos na plataforma Sympla.
Para a apresentação no Basileu França, os ingressos devem ser retirados na bilheteria do evento. A entrada é gratuita, mas a produção do espetáculo sugere a doação de um quilo de alimento não perecível a ser doado para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Sob(re) a Pele aborda narrativas que atravessam o corpo negro jovem, relembrando fatos do período colonial até os desafios enfrentados nos dias atuais. O espetáculo, que mescla circo e teatro, explora a força expressiva do corpo em movimento, especialmente através do tecido acrobático, trazendo para a cena uma série de movimentos aéreos que simbolizam tanto os obstáculos quanto a superação vivida pela população negra.
O trabalho tem a direção de arte assinada por Raquel Rocha, preparação de ator por Renata Caetano, preparação corporal e coreografia de Luciana Caetano e técnica circense com Cauê Marques. Sob(re) a pele faz parte do desenvolvimento da pesquisa “Solos Marginais”, do diretor Marcelo Marques.
“Nesta pesquisa, busco, por meio de pessoas e personagens historicamente marginalizados, contar suas trajetórias de superação, resiliência e vicissitudes dos quais somos obrigados a nos moldar para sobreviver nesta sociedade que nos rejeita”, comenta o diretor.
Mais sobre o trabalho
O espetáculo entrelaça as experiências pessoais do próprio artista, Matheus Alcântara, com as violências sistêmicas e opressões enfrentadas pela comunidade negra ao longo dos séculos. Essas vivências reais, tanto físicas quanto emocionais, são transportadas para o palco, criando uma conexão visceral com o público.
A educação surge como um ponto central na narrativa, representada como uma verdadeira “boia de salvação” para a população negra. Embora a educação seja vista como um caminho para a superação das desigualdades, o espetáculo revela os desafios impostos por uma estrutura social desigual e racista.
A narrativa expõe que, para pessoas negras, o ambiente escolar muitas vezes se transforma em um campo de batalha, onde os enfrentamentos diários são intensificados pelo racismo estrutural, que restringe oportunidades e perpetua a exclusão.
“Apesar das injustiças sociais geradas pelo racismo, “Sob(re) a Pele” carrega uma mensagem de resistência e resiliência: o trabalho destaca que o povo negro, mesmo diante de tantos desafios, nunca pereceu e segue resistindo”, antecipa Marques.
“A combinação entre os movimentos acrobáticos no tecido, a atuação teatral expressiva e a narrativa histórica serve como um lembrete poderoso da força, coragem e perseverança da comunidade negra. O solo reforça a importância de manter vivas essas histórias, que nos lembram do quanto somos fortes e capazes de transformar a sociedade”, complementa o diretor.
Serviço: Orum Aiyê Quilombo Cultural estreia “Sob(re) a pele”
Data: Sábado (27/9)
Onde: Circo da Escola Basileu França
Horário: 20h
Ingresso: Gratuito, na bilheteria do evento