No mês da consciência negra, o Orum Aiyê Quilombo Cultural ocupa o Museu Antropológico com duas exposições artísticas afro-referenciadas e de protagonismo negro. “Iyá Agba – As Matriarcas” e “Entre Olhares, Raízes e Memórias” vão acontecer no sábado (15/11), às 19h, no Museu Antropológico da UFG, na
Praça Universitária, em Goiânia.
Em “Iyá Agba – As Matriarcas”, a artista visual Raquel Rocha apresenta novas obras lançadas em 2025, que expandem sua pesquisa e homenageiam as Mães de Santo que resistiram bravamente às tentativas de extermínio da religiosidade e cultura afro-brasileira. Este projeto foi contemplado pelo edital nº 05/2024, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento às Artes Visuais (PNAB).
“Entre Olhares, Raízes e Memórias” é uma coletiva que celebra a ancestralidade e a representatividade de artistas negros como Rafaela Rocha e Lucas Almeida, além de Raquel Rocha. Esta mostra multifacetada convida à reflexão sobre pertencimento, provocando diálogos essenciais sobre questões sociais e políticas. As duas exposições integram o Festival de Artes Negras, realizado pelo Orum Aiyê Quilombo Cultural.
Homenagem às Mães de Santo
A série “As matriarcas”, que em setembro ganhou uma exposição individual na Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro, faz um levantamento histórico de grandes mães de santo brasileiras, feita a partir da técnica de acrílica sobre peneiras bordadas com 16 búzios representando o jogo do merindilogun. As pinturas são acompanhadas por uma quartinha (anfora pequena de barro) suspensa, preenchida com água (omí), simbolizando a vida do ancestral cultuado.
“A série traz como poética a manutenção da vida de todas essas mulheres. Por meio do culto e da memória, seus legados nos armam diante do racismo e elas se erguem como um exército de ancestrais intrépidos e prontos para nos fortalecer diante da luta contra o racismo”, explica a artista visual.
Raquel Rocha pesquisa a arte como território de fissuras e fricções, interpretando as fissuras como cicatrizes resultantes da escravidão no Brasil.
“Essas rachaduras de territórios, de pertencimento e consequentemente de memória vão criar um novo curso d’água buscando cicatrizar as feridas geradas com a violência contra o povo preto. As fendas canalizam águas cicatrizantes que formam bacias, rios , lagos de resistência e luta, formando um grande território que fortalece a nossa cultura afro-brasileira”, comenta Rocha sobre sua inspiração.
Sobre Raquel Rocha
Raquel Rocha !se alimenta do axé das matriarcas ao criar uma série histórica de pinturas que marcam a importância do seu trabalho que, além de ser afro referenciado, fortalece o combate ao racismo, desconstrói conceitos ignorantes que sustentam a intolerância afro religiosa e lança luz sobre a importância da mulher negra na história da sociedade brasileira”.
Artista visual, licenciada pela UFG, candomblecista, Raquel pesquisa e atua na afro religiosidade vinculada à arte contemporânea. Estuda a cultura visual, pensando mecanismos de representatividades na encruzilhada de lutas que se faz a partir de ser negra no brasil. Realizou a direção de arte do espetáculo Contos de Cativeiro, co-fundadora do bloco Tambores do Orum, no qual atua como diretora geral e figurinista. Além disso, é fundadora do Orum Aiyê – Quilombo Cultural.
Em 2024 participou da coletiva “O Oeste é o centro insurgente” que abre a nova sede da Galeria Cerrado em Brasília com curadoria assinada por Divino Sobral e Lilian Schwarcz. No mesmo ano foi selecionada para o Panorama de Arte Contemporânea de Goiás em Anápolis com curadoria de Paulo Henrique Cardoso. Em 2024 lançou a Série As Matriarcas no C.C Octo Marques.
Em 2022 participou do 26º Salão anapolino, ganhou o prêmio Fargo2022 e selecionada para residência artística do programa Dos Brasis: arte e pensamento negro, parte do programa Arte Sesc, com curadoria de Hélio Menezes e Igor Simões. Ainda no mesmo ano participou da exposição ForaDali com a Parada7 no CCJF e Centro Municipal Hélio Oiticica no RJ. Publicou ainda neste ano de 2022 o livro Orixás entre traços e versos com Ilustração e poesia de sua autoria, o livro traz um passeio poético-ilustrativo pelo universo mítico dos Orixás.
Serviço: Orum Aiyê Quilombo Cultural apresenta duas exposições de artes visuais: “Iyá Agba – As Matriarcas” e “Entre Olhares, Raízes e Memórias”
Quando: 15 de novembro
Horário: 19h
Onde: Museu Antropológico da UFG, Praça Universitária
Entrada: Gratuita












