“A arte que se percebe com o corpo inteiro, que provoca múltiplas sensações e que se constrói a partir da diversidade”: esse é o eixo que sustenta o projeto Todos os Sentidos, iniciativa da Cia Corpo na Contramão que realiza a I Mostra Todos os Sentidos, nos dias 6 e 7 de dezembro, no Esparta Arte e Cultura, em Goiânia.
As apresentações são resultado de meses de pesquisas, encontros e oficinas dedicadas a ressignificar a criação artística a partir de práticas de acessibilidade, inclusão e diversidade sensorial.
O projeto é realizado com apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia e recursos da PNAB – Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, viabilizado pela Secretaria de Estado da Cultura, do Governo de Goiás.
Idealizado pela artista e produtora Lua Barreto, o projeto propôs a artistas e grupos a criação ou adaptação de cenas, performances e experimentações que ampliassem o acesso ao público — especialmente pessoas cegas, surdas ou com outras percepções sensoriais.
Durante o processo, os participantes mergulharam em treinamentos de tradução em Libras, exercícios de audiodescrição ou descrição poética integrada às cenas e práticas de visita tátil, aproximando o público de figurinos, texturas, objetos e paisagens cênicas.
Segundo Lua Barreto, o projeto nasce de um desejo profundo de romper fronteiras e reinventar o modo como o público se relaciona com a arte.
“‘Todos os Sentidos’ nasce do desejo de ampliar o alcance da arte, tornando-a acessível a diferentes formas de perceber o mundo. É um convite para quem acredita que a arte pode (e deve) ser sentida de formas diferentes”, afirma.
Criações que dialogam com diferentes públicos
A programação, distribuída entre os dias 6 e 7, reúne poemas interpretados, cenas curtas, números circenses, performances de corpo e música, além de obras que envolvem pintura e experimentações sensoriais. Todas as produções foram adaptadas para garantir acessibilidade — seja por meio de descrição poética integrada à cena, Libras ou construções cênicas que privilegiem a percepção ampliada. Segundo Lua Barreto, após cada sessão haverá também uma roda de conversa, através da qual os criadores convidarão o público a contribuir com sugestões para as obras: “As cenas trazem experiências de linguagem, por isso estamos convidando o público, nessa primeira realização, a colaborar conosco”.
O programa da Mostra é formado pelas seguintes obras:
- Ditadura, nunca mais
Cena curta interpretada por Emmanuel Santos (ator autista)
Acessibilidade para pessoas surdas - Página em Branco
Performance de circo e teatro, interpretada por Gabriel Rodrigues
Acessibilidade para pessoas surdas - Por um fio
Performance de malabarismo com a artista circense Caro Marafigo
Acessibilidade para pessoas surdas - Suspensões do Encontro
Duo de lira e música com Giovanna Simões e Kamilla Martins
Acessibilidade para pessoas surdas - Outro Olhar
Performance em faixa com o artista circense Cauê Marques
Acessibilidade para pessoas surdas
- As ruas não estão vazias
Poema de Cláudia Gomes interpretado por Fátima Martins
Acessibilidade para pessoas cegas - Beleza Rara
Cena curta da Cia Sem Nome, interpretada por Vitória Costa
Acessibilidade para pessoas cegas - Subitamente, eu
Cena curta interpretada por Nathalia Borges
Acessibilidade para pessoas cegas e surdas - Duo de Lira
Com Giovanna Simões e Kamilla Martins
Acessibilidade para pessoas cegas e surdas - Todos os Sentidos
Performance de pintura com o corpo, realizada por Dora Santoth
Acessibilidade para pessoas cegas e surdas - Aborto
Cena curta da Cia Sem Nome, interpretada por Cristyanner Cabral
Acessibilidade para pessoas cegas
Atenção: cena possui gatilhos
As cenas foram dirigidas por Cauê Marques, Lua Barreto e Luís Rick, reforçando o caráter colaborativo do processo, no qual direção, intérpretes e equipes de acessibilidade trabalharam de maneira integrada.
Acessibilidade como linguagem
O diferencial da Mostra não está apenas na oferta de recursos acessíveis, mas na forma como esses elementos são incorporados como linguagem artística. Em vez de audiodescrição externa, por exemplo, diversos artistas optaram por integrar a descrição à dramaturgia das cenas, permitindo que o público se conecte de forma orgânica ao que é visto, ouvido ou sentido.
A proposta também inclui uma visita tátil, onde os espectadores podem explorar materiais cênicos, texturas, objetos e elementos visuais que fazem parte das obras apresentadas — prática que amplia a experiência para pessoas cegas e, ao mesmo tempo, enriquece a percepção de qualquer público.
Serviço: I Mostra Todos os Sentidos
Quando: 6 e 7 de dezembro (sábado e domingo)
Horário: 19h
Onde: Esparta Arte e Cultura — Rua da Astéria, Qd. 82, Lt. 21, Casa 1, Jardim Atlântico – Goiânia
Entrada: Gratuita
Mais Informações: https://www.instagram.com/espartaarteecultura/












