No próximo domingo (8/6), a sede do Orum Aiyê Quilombo Cultural, em Goiânia, vai ser palco de música e dança negras. A sétima edição do Mercado de Àkésan terá, às 16h, apresentação do Projeto Ibejada. Crianças que participaram de oficinas dos ritmos Agbadja e Afrobeat vão mostrar o resultado dos aprendizados com os professores beninenses Setchegnon Sokenou e Bruce Codjo Kpade durante os meses de abril e maio.
Logo em seguida, às 19h, a Noite do Poder Preto apresenta o melhor do soul, funk, hip-hop e Afrobeat em discotecagem. O Mercado começa às 14h com Feira Preta: artistas negros vão expor e comercializar produtos como cachaças artesanais, quadros, moda afro e literatura, além do famoso acarajé. A entrada é franca e o Orum Aiyê está localizado no Residencial Nossa Morada.
Ibejada é um projeto voltado à infância que conta com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, operacionalizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, contemplado pelo edital de infância e cultura nº01/2024.
O projeto, que está na sua terceira edição, tem a produção de Raquel Rocha, Maria Luiza Silva e Marcelo Marques e tem como objetivo proporcionar uma vivência lúdica e divertida de valorização da cultura negra para crianças. “Queremos valorizar a estética, o corpo e identidade negra como ferramentas para o empoderamento desde a infância”, comenta a produtora Raquel Rocha.
“O termo ibejada vem de Ibejis, orixás gêmeos, fortemente vinculados à infância e sua proteção. Assim, “Ibejada do Orum” simboliza nossa capacidade de viver, festejar e nos preparar para a vida, para a luta e vitórias, é sobre munir de amor e afeto crianças negras para que elas possam vencer e conquistar todos os sonhos que lhe são de direito”, completa a produtora. Essa edição tem como coordenador pedagógico o artista Job Rodrigues Atahalpa Vladimir de Oliveira.
Agbadja e Afrobeat
As oficinas foram divididas em dois módulos: oficinas de danças tradicionais do Benin, entre elas, Agbadja e Afrobeat. A Agbadja é uma dança e música tradicional originária do povo Ewe, presente no sudoeste do Benim, sul do Togo e Gana.
Inicialmente derivada da antiga dança de guerra “atrikpui”, a Agbadja evoluiu para uma expressão cultural mais alegre, caracterizada por movimentos energéticos de ombros e flexão dos joelhos. Atualmente, é executada em diversas ocasiões como celebrações populares, casamentos e funerais.
Já o afrobeat é um ritmo que surgiu na Nigéria durante a década de 1960. Foi criado por Fela Anikulapo Kuti, um músico, ativista e compositor nigeriano. Fela Kuti estudou música em Londres e influenciado por movimentos de libertação africana e pelo ativismo dos Panteras Negras nos EUA, ele passou a usar sua música como ferramenta de resistência contra o colonialismo, a corrupção e a opressão do governo nigeriano.
Essa expressão musical (afrobeat) resulta da fusão de ritmos tradicionais africanos, como os da etnia iorubá, com elementos do highlife ganês, além de influências do funk, jazz e soul americanos. Caracteriza-se por vocais em forma de canto, ritmos complexos e entrelaçados, e uma percussão marcante.
O Afrobeat não se limita à música; incorpora também mensagens políticas e sociais, frequentemente abordando temas como corrupção e injustiça social.
Noite do poder preto
A noite do poder preto, apresentada por esta edição do Mercado, expressa a necessidade de se rememorar a importância histórica da cultura dos bailes negros na historia do Brasil. Ela tem início no Rio de Janeiro nos anos de 1970, como um movimento de contracultura, inicialmente inspirado pela revolução do funk norte-americano.
Contudo, no Brasil, ela trilha um caminho de identidade e fortalecimento na cultura negra produzida aqui, e os ritmos periféricos passam a ser valorizados e os bailes se tornam um palco para exaltar e enriquecer a cultura negra brasileira.
Sobre o Mercado de Àkesán
O Mercado de Àkesán nasce do desejo dos produtores culturais e artistas Marcelo Marques e Raquel Rocha de realizar um evento afrocentrado com o propósito de gerar mais possibilidades de renda para afroempreendedores, contribuir para a valorização da produção artística em Goiás e potencializar trocas trazendo artistas de outros estados e nacionalidades.
“Vale lembrar que a cultura dos povos negros tem sido histórica e sistematicamente negada pelas estruturas racistas que são hegemônicas nos locais poder. Com isso o Mercado de Ákesàn visa subverter essa ordem pensando por um viés afirmativo, no qual o protagonismo negro é o foco”, compartilha Raquel Rocha.
Orum Aiyê Quilombo Cultural
Fundado por Raquel Rocha e Marcelo Marques, o Orum Aiyê Quilombo Cultural é um espaço de resistência afrocentrada, promovendo ações anti-racistas e afirmativas que empoderam a produção artística preta. Localizado na região Norte de Goiânia, o quilombo atua em diversas frentes, como Artes Visuais, Circo, Teatro e Educação.
Serviço: 7ª edição do Mercado de Àkesán
Quando: Domingo (8/6)
Horários: 14h – Início do mercado, com Feira Preta e Acarajé
16h – Apresentação do Projeto Ibejada
19h – Noite do Poder Preto
Onde: Orum Aiyê Quilombo Cultural – Rua 10 Qd-L Lt-10 – Residencial Nossa Morada