O grupo poético e selo editorial Goiânia Clandestina embarca no dia 15 de novembro para Moçambique, onde permanecerá até 5 de dezembro, levando a poesia goiana e a literatura periférica ao continente africano. Para os organizadores, a viagem, contemplada pelo edital público Goiás Mundo Afora, representa não apenas um intercâmbio artístico, mas também um reencontro simbólico com as raízes históricas e ancestrais que unem Brasil e África.
Formado por seis integrantes, Mazinho Souza, Flávia Carolina, Helena Di Lorenza, Thaíse Monteiro, Rafael Vaz e Baale, o coletivo apresentará performances e atividades formativas com diferentes temas, como poesia nacional e poesia de cordel, além de apresentação de poesias autorais. O objetivo é afirmar a missão do grupo de descentralizar a produção artística e valorizar narrativas que emergem das margens.
“Levar o Goiânia Clandestina a Moçambique é mais que uma viagem: é um retorno simbólico à casa dos nossos ancestrais. É afirmar que o colonialismo não venceu. Seguimos de pé, resgatando o que foi silenciado e fortalecendo o elo ancestral que nunca se rompeu”, afirm o idealizador do coletivo, Mazinho Souza.
Da periferia goiana ao mundo: arte como (re)existência
A participação do Goiânia Clandestina em Moçambique dialoga com o princípio africano do Sankofa, que significa olhar para o passado para compreender o presente e construir o futuro. Para o grupo, essa travessia é um gesto de escuta, cura e continuidade.
“Nosso papel é estimular, potencializar e dar visibilidade a vozes silenciadas. O projeto é, sobretudo, um gesto de escuta e de reexistência. A arte, para nós, é uma ferramenta de descoberta e dignidade”, explica Mazinho.
Durante a estadia em Moçambique, o coletivo realizará apresentações poéticas e rodas de conversa, fortalecendo o diálogo sobre raça, classe e gênero por meio da palavra e da performance. A experiência internacional é vista como um momento de troca viva, em que o grupo leva a poesia goiana e retorna com novas perspectivas sobre o fazer artístico e político da literatura negra e periférica.
Conheça a trajetória do Goiânia Clandestina
Fundado em 2016, o Goiânia Clandestina nasceu, segundo o idealizador, da necessidade de dar voz a autores e autoras invisibilizados pela falta de acesso ao mercado editorial. Desde então, o coletivo atua como um espaço de formação, produção e divulgação de arte independente, especialmente nas periferias de Goiânia e Aparecida de Goiânia.
A primeira ação pública do grupo foi uma oficina de escrita criativa e poesia negra, ministrada por Mazinho Souza no Teatro Cidade Livre, em Aparecida de Goiânia. Em 2017, o coletivo lançou a Antologia Clandestina, reunindo 22 poetas inéditos do estado de Goiás, em um evento no Centro Cultural Goiânia Ouro, com apresentações musicais, performances e feira de publicações independentes.
No mesmo ano, o grupo realizou o I Festival de Poesia Goiânia Clandestina, viabilizado pela Lei Municipal de Cultura, ocupando diversos espaços da capital e da região metropolitana. A Antologia Clandestina II, lançada em 2021, reuniu mais de 40 autores goianos em uma celebração online pelo Instagram do coletivo.
Ainda em 2021, o grupo lançou a Revista Cultural Clandestina, um periódico digital que discute arte, cultura e ancestralidade sob uma perspectiva decolonial e periférica. No mesmo período, nasceu o projeto Escola de Escritores, iniciativa de formação continuada para novos poetas, slammers e compositores, que resultou em obras autorais de participantes das turmas de 2021 e 2022.
Além das antologias e festivais, o coletivo realiza simpósios, encontros culturais e projetos de formação, como o Simpósio Epistemologias Afrodiaspóricas Goiânia Clandestina (2024), reafirmando seu compromisso com o fortalecimento da arte como ferramenta de resistência e transformação social.
Serviço: Viagem internacional do Goiânia Clandestina a Moçambique
Período: 15 de novembro a 5 de dezembro de 2025
Onde: Moçambique
Tema das apresentações: poesia Nacional, poesia de Cordel e poesias Autorais
Realização: Governo de Goiás – Edital Goiás Mundo Afora
Mais informações: @goianiaclandestina












