“Trocar de pele ou se despir de estruturas antigas para acessar novos modos de existir”. É este o significado do nome do mais novo espetáculo da Giro8 Cia de Dança: “Ecdise”, que marca uma virada na trajetória da companhia, neste ano que celebra 14 de estrada. A Giro8 entrega o seu oitavo espetáculo ao público goiano nos próximos dias 6 e 7 de novembro, às 20h, no Teatro Goiânia, no Centro da capital.
Os ingressos custam entre R$ 60 e R$ 140 e estão disponíveis para venda na plataforma Sympla. Este projeto conta com financiamento da Política Nacional Aldir Blanc.
Com direção e coreografia de Joisy Amorim, “Ecdise” propõe uma experiência cênica densa, sensorial e ritualística, em que a dança contemporânea é meio para um mergulho no corpo e nas camadas simbólicas do ser. Em 2024, Amorim foi atravessada pela leitura de “A Paixão Segundo G.H”, de Clarice Lispector. A provocação inspirou a criação deste trabalho.
“Não se trata de adaptação nem de relação direta com a narrativa do livro: o que chega à cena é a atmosfera de crise e desconforto provocada pela leitura, o mergulho em si, o confronto com limites, a necessidade de atravessar zonas de sombra para tatear a liberdade”, comenta.
A linguagem cênica do espetáculo é abstrata e sensorial, compartilha a diretora. O principal objetivo é provocar desconforto no público, antecipa.
“É uma obra que provoca, não busca agradar, e confia na sensibilidade do espectador para acessar camadas íntimas de percepção. É um espetáculo que desafia a superfície, que convida a adentrar a fenda, a troca de pele, a atravessar o próprio eu”, antecipa Amorim. “Ecdise”, assim, convida o público a uma travessia: em vez de respostas, colocando perguntas que se instalam no corpo e reverberam depois.
Por trás do espetáculo
A diretora Joisy Amorim comenta como “A Paixa Segundo G.H” provocou um profundo desconforto, ponto de partida para a criação do novo trabalho.
“Esse desconforto não surgiu apenas do texto em si, mas da forma como ele me fez olhar para dentro e enxergar questões existenciais e humanas que já estavam presentes no meu pensamento e na minha vida. A personagem GH, em sua tentativa de narrar uma experiência limite, me colocou diante de um espelho: percebi que muitas das angústias, dos medos e das contradições dela também atravessavam a minha forma de sentir e viver”, compartilha.
A diretora, então, reuniu a equipe e propôs uma pesquisa física que traduzisse em movimento esse mergulho: instabilidades, silêncios, intensidades, fragilidades, desejos, sensações, sentidos, medos, alegria, tendo o corpo como veículo de comunicação.
Como resultado, o espetáculo não apresenta uma narrativa linear, mas oferece ao público atmosferas de instabilidade, silêncio e intensidade.
“Os intérpretes se lançam a estados físicos e emocionais que revelam desejo, fragilidade, instinto e transformação, revelando as contradições mais humanas”, comenta Amorim sobre os bailarinos Ana Silva, Luiza Bragança, Márcio Vitorino, Pedro Soares, Phelippe Mor, Tiago Ferreira, Uostton Alcântara e Yasmin Rodrigues.
Ponto de virada
“Ecdise” se diferencia dos sete espetáculos da companhia que o antecedem pela densidade conceitual e pelo caráter mais abstrato e ritualístico.
“Em outros trabalhos, exploramos temas sociais, políticos e culturais de maneira mais direta, muitas vezes dialogando com narrativas ou recortes específicos da realidade. Aqui, a investigação se volta para dentro, para a dimensão existencial e filosófica do humano”, detalha Joisy.
O resultado do trabalho é uma obra menos narrativa e mais sensorial, que se propõe a provocar estados no público em vez de contar uma história.
“É um ponto de virada porque é um trabalho que reafirma a pesquisa da companhia sobre relações humanas, mas de forma mais íntima, abstrata e catártica, assumindo o risco do indizível e convidando cada espectador a se perder e se reencontrar nesta travessia, ao passar pelas fendas da pele”, arrisca a diretora.
Sobre a Companhia
Fundada em 4 de novembro de 2011, a Giro8 Cia de Dança estreou na cena artística de Goiás com o propósito de difundir a dança contemporânea como uma experiência estética e humana transformadora.
Sob a direção geral e artística de Joisy Amorim, a companhia tem consolidado uma trajetória marcada pela inovação cênica, pela pesquisa de linguagem e pela valorização da produção artística goiana no cenário mundial.
Com uma missão clara — promover a dança como meio de investigação e aproximação entre artista e público, a Giro8 desenvolve obras que buscam despertar sensações, questionamentos e novas percepções sobre o corpo, o espaço e a contemporaneidade.
Ao longo de seus 14 anos de história, a companhia conquistou importantes prêmios e reconhecimentos e apresentou-se em grandes palcos, festivais e circuitos de dança no Brasil e no exterior.
Já passou por diversos estados brasileiros e diversos países, incluindo Portugal (Almada), Espanha (Madri, Barcelona, Arcarás e Artesa de Lleida), México (Mazatlán, Culiacán, Tijuana, Mexicali, Cidade do México, San Luis de Potosí e Ciudad Valles), Turquia (Festival Internacional Fringe Istambul), Argentina, Bolívia, Cuba e Panamá.
Em 2024, a companhia realizou uma ampla turnê latino-americana, com apresentações e intercâmbios artísticos na Argentina, Bolívia, Cuba e Panamá, fortalecendo seu papel como difusora da dança brasileira no continente. Já em abril e maio de 2025, a GIRO8 retornou ao México com uma nova circulação, passando por Culiacán, Tijuana, Mexicali e Cidade do México, reafirmando a presença internacional da produção goiana e o alcance de sua linguagem corporal singular.
Serviço: Giro8 Cia de Dança estreia “Ecdise”
Quando: 6 e 7 de novembro
Onde: Teatro Goiânia – Rua 23, nº 252 – Centro
Horário: 20h
Ingressos:
1º lote: R$ 100 (inteira) | R$ 50 (meia e meia social), até 19/10
2º lote: R$ 120 (inteira) | R$ 60 (meia e meia social), até 06/11
3º lote: R$ 140 (inteira) | R$ 70 (meia e meia social)
Meia Social: disponível para todos mediante a doação de 1kg de alimento não perecível, destinado ao Programa Goiás Social












