Que tal reunir o trabalho de mais de 70 artistas em um mural no Centro da cidade? A ideia foi colocada em prática por artistas goianos que decidiram receber obras de arte, em forma de lambe-lambe e fixá-los em um muro, que circunda um estacionamento na Avenida Tocantins, Rua 2 e Rua 9, no Centro de Goiânia. E ao convergir tantos trabalhos e artistas em uma só obra, nomeia-se a ação como festival. Portanto, o mural é o resultado do Festival Lambesgoia, o primeiro do tempo na capital.
Um dos organizadores do evento, o artista goiano Diogo Rustoff contou em entrevista postado no IGTV do Aproveite a cidade, que o envio de lambe-lambes é uma prática comum entre quem faz arte nas ruas. Ele mesmo tem cartazes espalhados pelos Brasil em outros países graças ao intercâmbio de trabalhos feito pelo correio.
“A galera que produz lambe-lambe é uma espécie de comunidade, que já tem a prática de trocar material um com o outro”, conta Rustoff. Ele não soube precisar quando surgiu ou de quem foi a ideia de colar os lambe-lambes de uma só vez, juntos. Assim, ao idealizar o Festival Lambesgoia, em novembro de 2019, artistas do Brasil e do mundo foram contactados para exporem sua arte na capital.
A reposta foi incrível! Ou seja, ao parar e observar o mural, você terá contato com obras de artistas renomados da América do Sul, da América do Norte e da Europa. Também poderá se identificar com um lambe local, de quem participou da oficina para a produção de cartazes no dia anterior à colagem.
“A gente não queria apenas colar, mas incentivar as pessoas a fazerem (lambe-lambes). Por isso, a gente promoveu uma oficina (na véspera da intervenção) e 20 pessoas participaram, produziram seus lambe-lambes e vieram colar”, afirma Rustoff.
O lambe-lambe na arte urbana
Com uma década de trajetória artística, Diogo Rustoff utiliza o lambe-lambe, como uma linha importante do seu trabalho. Há inúmeras obras dele em Goiânia. Dessa maneira, ele explica que o lambe-lambe, nada mais é do que um cartaz colocado na rua. Essa prática começa no final do século XIX para todo tipo de comunicação, tais como: anunciar a chegada do circo, algum evento esportivo, ou, simplesmente, para vender algo.
Aos poucos, os artistas foram se apropriando desse conceito do cartaz colado na rua para se expressar. O movimento ganhou força nos anos 1970 e 1980. “A galera do grafite começou a fazer etiquetas e adesivos para colar onde estivessem e burlar a repressão. Alguns artistas passaram a fazer isso em escala maior (com cartazes) e o lambe-lambe tornou-se uma vertente da Street Art”, afirma Rustoff.