A Vila Cultural Cora Coralina, no Centro de Goiânia, inaugura, às 18h desta quinta-feira (18/8), a exposição Retratos Relatos, individual da artista carioca Panmela Castro, reconhecida nacional e internacionalmente por seu ativismo contra a violência que atinge mulheres e a promoção da Lei Maria da Penha. Assim, a mostra reabre a grande sala da unidade de cultura. O local ficou quase três anos fechado, durante o período crítico da pandemia da Covid-19, e que passou por uma readequação na iluminação.
“Agora estamos prontos para receber exposições maiores e já temos programação fechada até dezembro com exposições agendadas e espetáculos de teatro”, comemora o coordenador da Vila Cultural Cora Coralina, Gilmar Camilo.
A mostra estará aberta de 18 de agosto a 7 de outubro, sempre de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Com curadoria e texto crítico de Keyna Eleison, a mostra chega ao público goiano com novo recorte curatorial. Desse modo, amplia o conhecimento e apreciação do mesmo acerca de sua obra e trajetória. Ao todo, foram acrescentados cerca de 10 trabalhos entre pinturas e fotografias. Todos foram pensados partir de relatos de mulheres Brasil afora sobre casos de violência doméstica, bem como de outras formas de abusos.
Durante a juventude, a própria artista também foi vítima de violência doméstica. Dessa maneira, esse fasto a motivou a fundar, há 10 anos, a Rede Nami. A organização usa as artes para promoção dos direitos das mulheres e o combate a abusos e violências. “O objetivo é que essas moças não passem por situações ruins como a que passei”, explica a artista.
Início da série
Foi a partir dos relatos e depoimentos colhidos nas experiências com a Nami que Panmela Castro deu início à série que compõe a exposição Retratos Relatos. Ela é composta por dezenas de histórias não só sobre abuso contra a mulher, mas também sobre racismo e violência institucional. Ademais, sobre maternidade, transição de gênero, etarismo. Também sobre a situação feminina durante a pandemia, com o acúmulo de funções do trabalho remoto e a responsabilidade pelos cuidados da família.
Retratos Relatos também conta com o vídeo-performance “Caminhar”, sobre feminicídio. Ainda o objeto participativo “Caixa de Descarte”, obra inédita da artista na qual o público poderá abandonar objetos que trazem memórias ruins, presentear Panmela com objetos que considerem afetivos, bem como eternizar outros itens, que serão transformados em arte futuramente por ela, para a série inédita “Objetos Afetivos”.
A artista
Panmela Castro é artista visual dedicada à prática da performance. Dessa maneira, o foco em seu trabalho é o que a artista chama de “uma busca incessante de afeto”. Sua prática, criada a partir de relações de alteridade e questões relacionadas ao sentimento de pertencimento. Além disso, desdobra-se em memórias em diferentes mídias, como pintura, vídeo, fotografia, objetos, instalações, entre outros.
A partir de sua residência permanente no Rio de Janeiro, a artista transita pelas cidades como andarilha, o que ela chama de deriva afetiva. Assim, deixa ao acaso contribuições para o desenvolvimento de novos vínculos afetivos. Ademais, abre novas relações afetivas com a arte.
Em 2022, Panmela passou um mês entre Brasília, Goiânia e o vilarejo goiano de Olhos D’Água. Atualmente, Panmela é representada pela Galeria Luisa Strina, em São Paulo, uma das mais importante da América Latina.
Além da Exposição “Retratos Relatos” em Goiânia, Panmela participa da exposição “Enciclopédia Negra”, em cartaz no Museu de Arte do Rio (MAR); “Tomorrow is a Different Day”, no Stedelijk Museum, um dos mais importantes da Europa; e da exposição “Encruzilhada”, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA).
Projeto Letras Delas
Durante a permanência da exposição Retratos Relatos, também estará em andamento na Vila Cultural Cora Coralina o projeto Letras Delas, que abriga a mostra “Autorretratos” e sete vivências práticas, as Confabulações, com a curadoria educacional de Cássia Nunes.
Idealizado por Claudina Mattar, o “Letra Delas” é uma iniciativa que busca trazer a Goiânia a interação com mulheres que rompem com o tradicional e que sejam vozes ativas na luta feminista. Desse modo, o objetivo principal do projeto é a contribuição cultural para a região Centro-oeste, que ainda é rodeada por preceitos machistas.
O “Letra Delas” surge com a intenção de propiciar esses diálogos através da arte aliados a programas educacionais que levem a sociedade a repensar as questões da luta feminista.
Programação
No dia 25 de agosto, das 14h às 16h, acontece a Confabulação 1 – Ativações performáticas com Âmbar. Assim, são 20 vagas, e o público desejado é pessoas pretas, indígenas e amarelas. O requisito é levar um objeto pequeno de significado afetivo pessoal. No mesmo dia, das 16h30 às 18h30, acontece o Autorretrato 1 – Performance, feminismos e dissidências, de Ana Reis convida Céu Barbosa.
Já em 1º de setembro, das 14h às 16h, acontece a Confabulação 2 – Escritas de si, com Mirna Kambeba Omágua Yetê Anaquiri. Dessa forma, são 12 vagas, e o público desejado é de pessoas indígenas, negras e demais interessadas. Ademais, das 16h30 às 18h30, tem a Autorretrato 2 – Como nascem as curandeiras?, com Priscilla Menescal convidando Daya Gomes.
No dia 8 de setembro, das 14h às 16h, a exposição Retratos Falados tem a Confabulação 3 – Sanación com rosas, com Gabriela Rodrigues. Desse modo, são 30 vagas, e é para qualquer pessoa interessada. Além disso, das 16h30 às 18h30, acontece o Autorretrato 3 – Desafios e resistências das mulheres indígenas. Nele, Evelin Cristina Tupinambá convida Stefany Kambeba Omágua Yetê Anaquiri.
Já no dia 15 de setembro, das 14h às 16h, ocorre a Confabulação 4 – Devaneios afro afetivos sob a perspectiva de AUTONOMIA DE QUERERES: a moda como vetor de transformação, com Naya Violeta. Dessa maneira, serão 15 vagas, e o público desejado é pessoas que se identifiquem como mulheres, travestis, pessoas trans e/ou não-binárias. Das 16h30 às 18h30, acontece o Autorretrato 4 – Boquinha de confusão, com Iêda Figueiró convida Pietra Pedrosa
Mais da programação
No dia 22 de setembro, das 14h às 16h, acontece a Confabulação 5 – Contra a violência obstétrica, com Andréia Peroba Rosa. Desse modo, são 20 vagas, e o público desejado é de pessoas gestantes, acompanhantes e interessadas/os/es em geral. Além disso, das 16h30 às 18h30, tem Autorretrato 5 – Saberes Quilombolas, com Kalu Oliveira convida Marta Quintiliano.
No dia 29 de setembro, das 14h às 16h, a exposição Retratos e Relatos, de Panmela Castro, tem a Confabulação 6 – Mexer a raba, com Gleyde Lopes. Desse modo, são 12 vagas, e o público desejado é de negros periféricos que se identifiquem como LGBTQIAP+. Além disso, das 16h30 às 18h30, tem o Autorretrato 6 – Graffiti como ferramenta de transformação, com Karollez Viana convida Kaly.
Já no dia 6 de outubro, das 14h às 16h, acontece a Confabulação 7 – Inserção profissional no circuito e mercado das artes visuais, com Wanessa Cruz. Assim, são 30 vagas, e o público desejado é prioritariamente de pessoas que se identifiquem como mulheres, travestis, pessoas trans e/ou não-binárias. Ademais, das 16h30 às 18h30, ocorre o Autorretrato 7 – Violência doméstica familiar, onde Flávys Guimarães convida Luda Bulhões.
Serviço: Exposição Retratos e Relatos, da artista e ativista Panmela Castro | Vila Cultural Cora Coralina
Abertura: 18 de agosto, às 18h
Onde: Vila Cultural Cora Coralina (Rua 3, s/n. St. Central. Goiânia – GO).
Duração: 18 de agosto a 7 de outubro de 2022
Horário de Visitação: 9h às 17h (segunda a sexta)
Contato: (62) 3201-9863
Entrada: Gratuita