Neste sábado (28/6), às 17h, o espaço Sertão Negro, em Goiânia, recebe a última sessão do projeto “Cinemas Negros e Educação Antirracista”, com a exibição de duas obras relevantes do audiovisual brasileiro contemporâneo: o curta “Chica Machado: Rainha de Goyaz”, de Renata Rosa Franco, e o longa “Kasa Branca”, de Luciano Vidigal.
A programação inclui ainda uma roda de conversa com a própria diretora Renata Rosa Franco, a bailarina Daya Gomes, o historiador Tales Damascena e o estudante de Cinema e Audiovisual Marcus Vinicius Diniz; com mediação do artista visual Tor Teixeira. A entrada é gratuita.
A atividade integra a oitava e última sessão do Cineclube Maria Grampinho, criado pela pesquisadora e professora Ceiça Ferreira como espaço de formação e fruição cultural antirracista. O projeto conta com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, operacionalizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura.
O curta-metragem “Chica Machado: Rainha de Goyaz” (2025, 20 min) resgata a história de uma das figuras mais emblemáticas da ancestralidade negra em Goiás. Chica Machado foi uma mulher negra escravizada que chegou à região do povoado de Cocal, em Niquelândia, por volta de 1750.
Ao longo da vida, conquistou sua alforria, acumulou prestígio, alforriou outros escravizados e se tornou símbolo de liderança e resistência. O filme foi realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo e é fruto da pesquisa de doutorado da diretora em Performances Culturais pela Universidade Federal de Goiás.
Na sequência, o público poderá assistir ao longa-metragem “Kasa Branca” (2024, 95 min), estreia solo do cineasta Luciano Vidigal, que já dirigiu produções marcantes como “Cidade de Deus: 10 anos depois” e “5x Favela: Agora por Nós Mesmos”. Com elenco protagonizado por artistas negros e moradores da periferia carioca, o filme acompanha a história de Dé, um adolescente da Chatuba que cuida de Dona Almerinda, sua avó em fase terminal da doença de Alzheimer.
Com ajuda dos amigos Adrianim e Martins, ele consegue enfrentar o mundo e aproveitar os últimos dias de vida com a avó. Essa narrativa sensível e poderosa sobre masculinidades negras periféricas foi premiada nos principais festivais do país, como o Festival do Rio, Mostra de Cinema de Gostoso, Janela do Recife, Festival de Brasília, entre outros.
Para Ceiça Ferreira, idealizadora do cineclube e curadora do projeto, essa sessão final articula com profundidade a dimensão da memória e dos afetos como ferramentas de resistência e formação.
“Esses dois filmes são muito significativos para pensarmos o cinema e o audiovisual como ferramentas de construção de uma educação antirracista, especialmente se pensarmos a questão da memória e dos afetos”, destaca.
E acrescenta “O curta Chica Machado retrata essa mulher negra escravizada que lutou por liberdade, alcançou prestígio e projeção social no interior de Goiás. O longa Kasa Branca apresenta, a partir da história de Dé, o cotidiano de jovens negros da periferia do Rio de Janeiro, destacando de maneira sensível relações de amizade, afeto e pertencimento”.
Após a exibição dos filmes, o público será convidado a participar de uma roda de conversa que amplia os debates propostos nas obras a partir de diferentes perspectivas.
A mesa contará com a presença da diretora Renata Rosa Franco, responsável pelo curta Chica Machado: Rainha de Goyaz; da bailarina e artista da cena Daya Gomes; do historiador Tales Damascena, pesquisador das culturas negras em Goiás; e de Marcus Vinicius Diniz, estudante de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG).
O encontro será uma oportunidade para refletir sobre o papel do cinema negro na preservação da memória, na valorização das ancestralidades e na construção de pedagogias antirracistas a partir das imagens, das narrativas e dos afetos.
Mais sobre o Cineclube Maria Grampinho
Fundado em 2022, o Cineclube Maria Grampinho é uma iniciativa sem fins lucrativos voltada à democratização do acesso ao cinema e à valorização do audiovisual negro como prática educativa e cultural. As sessões mensais são realizadas em uma choupana, em formato de “cinema de quintal”, que resgata a centralidade desses espaços nas culturas populares e negras como territórios de afeto, encontro e aprendizagem.
O nome do cineclube é uma homenagem a Maria da Purificação, mulher negra que viveu na Cidade de Goiás na segunda metade do século 20, cuja história fragmentada é utilizada aqui numa dimensão política, que pensa as imagens no cinema e no audiovisual como ferramenta para sonhar outros mundos.
A curadoria é feita por meio do projeto de extensão “Tela Preta” e do projeto de pesquisa “Cartografias do Audiovisual Negro Brasileiro”, coordenados por Ceiça Ferreira no curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG).
Além das exibições, o projeto promove rodas de conversa com artistas, pesquisadores e lideranças comunitárias, criando pontes entre o cinema, a vivência e a escuta coletiva.
Serviço: Encerramento do projeto Cinemas Negros e Educação Antirracista | Sertão Negro
Quando: 28 de junho (sábado)
Horário: às 17h
Onde: Sertão Negro – Rua Goiazes, Quadra P, Lote 9 – Condomínio Shangry-La
Entrada: Gratuita
Filmes exibidos:
– Chica Machado: Rainha de Goyaz (Renata Rosa Franco, 2025, 20 min)
– Kasa Branca (Luciano Vidigal, 2024, 95 min – classificação: 16 anos)
Roda de conversa com:
Renata Rosa Franco (diretora, pesquisadora)
Daya Gomes (bailarina, artista da cena)
Tales Damascena (historiador, pesquisador de culturas negras)
Marcus Vinicius Diniz (estudante de Cinema e Audiovisual – UEG)