Neste sábado (22/11), o Sertão Negro, em Goiânia, será palco de uma imersão no audiovisual produzido por mulheres negras, reunindo o lançamento do livro Cinema Negro no Feminino: Afeto e pertencimento além das telas (Nau Editora, 2025) e a 5ª sessão do Cineclube Maria Grampinho, com a exibição de três curtas-metragens de diferentes regiões do país. A programação destaca pluralidade, afeto, criatividade e memória como elementos centrais dos cinemas negros no feminino.
A programação tem início às 15h, com o lançamento de Cinema Negro no Feminino: Afeto e pertencimento além das telas, obra que reúne artigos, ensaios e entrevistas produzidos por pesquisadoras, cineastas e profissionais do audiovisual.
A coletânea, organizada por Ceiça Ferreira e Edileuza Penha de Souza, propõe uma verdadeira costura de saberes: como um bordado de barafunda, seus textos se entrelaçam para revelar caminhos, poéticas, processos criativos e epistemologias que constituem o cinema negro no feminino. A obra oferece ferramentas teóricas e metodológicas ao mesmo tempo em que afirma o cinema feito por mulheres negras como espaço de invenção, fabulação, resistência e memória.
Democratização e acessibilidade
O livro será vendido no evento com preço promocional de R$ 42,36, como parte das ações de democratização do acesso previstas no projeto apoiado pelo Edital Rouanet nas Favelas (Vale, 2024); assim como a roda de conversa após a exibição, que terá tradução em Libras.
Mais de 100 exemplares serão doados para instituições educativas e culturais, possibilitando que mais pessoas conheçam o cinema negro no feminino e, principalmente, que este livro inspire mais mulheres negras a levar para as telas suas memórias, sonhos e histórias de amor e liberdade.
Em breve, será lançada a versão em audiobook, no formato podcast. A produção conta com parceria do Núcleo Audiovisual de Produção de Foleys (NAUFO) da Universidade Estadual de Goiás (UEG), responsável pela audiodescrição dos textos que compõem o livro. Essa iniciativa, coordenada pela professora Thais Oliveira e desenvolvida por uma equipe majoritariamente feminina, alia narração e criação de elementos sonoros para ampliar o acesso a essa pesquisa de forma sensível e poética.
O livro tem circulado por eventos acadêmicos e espaços dedicados ao cinema e às artes. A estreia foi no início de outubro, no XXVIII Encontro SOCINE (Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual), em Belém; depois, na 23ª Goiânia Mostra Curtas, em Goiânia; e na livraria Folha Seca, no Rio de Janeiro. Na primeira semana de novembro, ocorreu o lançamento na VII Mostra Competitiva de Cinema Negro Adelia Sampaio, em Brasília.
No dia 29 de novembro, será lançado, na loja da Travessa, dentro da 36ª Bienal de São Paulo, e no dia 15 de dezembro encerra seu circuito de 2025 no I SIMPÓSIO TATO – Imagens, Corpos e Afecções, na Universidade Federal da Paraíba (UFBP).
5ª Sessão Cineclube Maria Grampinho
Às 17h, o evento segue com a sessão especial do Cineclube Maria Grampinho, apresentando um panorama de cinematografias negras contemporâneas a partir de três curtas-metragens dirigidos por mulheres negras do Nordeste e Sudeste. A sessão reforça a pluralidade e a inovação estética que marcam os cinemas negros no feminino.
Os filmes exibidos serão o Ovo, dirigido por Rayane Teles (BA), tem 23 minutos e foi lançado em 2021. O filme se passa em um Brasil distópico assolado pela infertilidade em massa e por um regime ditatorial populista. Nesse cenário, um casal — uma camareira e um padeiro — não consegue decidir o nome da filha. O impasse aparentemente simples expõe tensões sociais profundas, desigualdades estruturais e fragilidades afetivas que atravessam seus corpos e seu cotidiano.
Monalisa, dirigido por Tainá Lima (MG), tem 17 minutos e é de 2024. O curta mescla realidade, memória e fantasia enquanto acompanhamos Marcos, Maria e Monalisa enfrentando medos, afetos e desejos. Com uma atmosfera sensível e imagética, o filme explora a imaginação como forma de resistência e como ferramenta para elaborar emoções e vivências que ultrapassam o visível.
Divã de uma Habilitada, dirigido por Nádia Maria (MA), tem 15 minutos e foi lançado em 2022. A narrativa acompanha Bárbara, que após diversas reprovações no processo de habilitação, decide buscar acompanhamento psicológico. No divã, revisita episódios marcantes e passa a ressignificar suas experiências, reencontrando sua autoconfiança e revelando tanto suas vulnerabilidades quanto as potências que emergem de sua trajetória pessoal.
Após as exibições, haverá roda de conversa com as organizadoras e curadoras Ceiça Ferreira e Edileuza Penha de Souza, ampliando o debate sobre estética, memória, afetos e políticas do cinema negro no feminino.
Serviço: Lançamento do livro + 5ª Sessão Cineclube Maria Grampinho | Sertão Negro
Quando: 22 de novembro (sábado).
Onde: Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes – Rua Goiazes, Quadra P, lote 9, Loteamento Shangri-la
Horário: a partir das 15h.
Atividades:
às 15h – Lançamento do livro Cinema Negro no Feminino.
— Valor promocional: R$ 42,36.
às 17h – Exibição de O Ovo, Monalisa e Divâ de uma Habilitada.
Roda de conversa: com Ceiça Ferreira e Edileuza Penha de Souza
Entrada: Gratuita
Tradução em Libras durante o debate.












