O agronegócio e os dilemas “éticos, artísticos e morais que ele provoca” tematizam o mais novo trabalho da Cia Sala 3, que terá sua estreia nas ruas de Goiânia neste mês de maio. Dirigido por Altair de Sousa, “Agrocity, Agroreich, Agropop ou Terror e Miséria desde os Tempos do Anhanguera” é um espetáculo em três atos. Cada um em um local e com uma linguagem diferente.
O primeiro terá a sua estreia no dia 18 na Praça Cívica, no dia 22, na Praça do Trabalhador e no dia 24 na Praça Universitária. Todas as apresentações serão às 20h. O segundo ato será apresentado entre 24 e 30 de junho no Teatro Zabriskie. O terceiro acontecerá também no Teatro Zabriskie, entre os dias 27 de julho e 2 de agosto. Este projeto foi contemplado pelo Edital de Teatro nº 08/2024 da Política Nacional Aldir Blanc.
Esta é uma obra que se aprofunda nas complexidades do Brasil rural, questionando estruturas sociais, econômicas e culturais. O espetáculo combina diálogos provocativos e performances envolventes, levando a plateia a uma imersão nos dilemas contemporâneos provocados pelo agro brasileiro.
“Este trabalho é uma experiência artística híbrida, impactante e crítica, que desafia o público a participar ativamente do diálogo sobre o presente e o futuro do país”, comenta o diretor, Altair de Sousa.
A trama está ancorada nas experiências e construções criadas, coletivamente, a partir das dramaturgias realizadas pelos integrantes do Núcleo de Investigação Cênica Novo(a)s Artistas da Cia. de Teatro Sala 3, resultado de um processo seletivo de novos integrantes da Cia, em 2023.
O objetivo era formar um núcleo fixo de investigação cênica com artistas iniciantes interessados na pesquisa teatral. Em cena, estarão Carlos Paiva, Jhey Mathos, Júlia Viviam, Lara Carvalho, Luiza Campos, Matheus Luan, Rafael Freitas, Sabryna Ramalho e Simone Dezzen.
Desde sua formação, o núcleo dedicou-se a aprofundar e debater temáticas sobre os diversos cenários de opressão na sociedade brasileira contemporânea. “Dessa investigação, surgiu a ideia de criar uma montagem teatral que abordasse o cenário rural brasileiro. A estrutura cênica foi concebida em três atos, cada um ambientado em um dia distinto, em locais diferentes, e utilizando três propostas de linguagens diversas, embora com o mesmo objeto”, comenta Altair sobre como o trabalho foi concebido.
Primeiro ato – AGROCITY
O primeiro ato do espetáculo, intitulado AGROCITY, aborda a influência do bandeirante Anhanguera na formação do estado de Goiás, questionando a narrativa oficial que o glorifica como herói. “A trama se desloca para performances nas ruas, onde as narrativas refletem a visão do colonizador, revelando o desrespeito à cultura local e a ganância que permeia a colonização. A dualidade entre o eu lírico e a realidade histórica amplia o contraste entre a narrativa oficial e a verdade obscura por trás do progresso”, compartilha o diretor.
Segundo ato – AGROREICH
Inspirado na obra “Terror e Miséria do Terceiro Reich”, de Bertold Brecht, o segundo ato adiciona uma camada política ao espetáculo e envolve os discursos femininos das atrizes. Neste ato, elas exploram a fusão de perspectivas femininas em um jogo de total improvisação, imersas em suas personagens, abordando questões sociais, preconceitos e desafios enfrentados pelas mulheres no ambiente da cultura brasileira.
“A escolha da obra de Brecht, “Terror e miséria no Terceiro Reich”, como referência e inspiração, amplia o alcance crítico sobre um tratado de Agroreich, interpretado e relacionado como casualidade de imperialismo e do forte nacionalismo machista na cultura brasileira”, explica Altair de Sousa.
Terceiro ato – AGROPOP
O último ato do espetáculo da Cia Sala 3, por fim, se desdobra em três momentos distintos. Em um primeiro momento, há uma imersão em uma cena intrigante repleta de perguntas que ressoam até os dias atuais.
Aqui, estabelece-se um diálogo profundo sobre a essência da arte, a percepção dos espectadores e as indagações que permeiam a contemporaneidade. Em seguida, “AGROPOP” transita para uma cena que retrata uma tarde chuvosa de domingo, trazendo à tona o temor do controle social e as repercussões das palavras proferidas em um ambiente privado.
Encerrando o ato, a terceira cena se desvela a partir da concepção de uma proposta cênica fundamentada nos conceitos e elementos do convívio atravessado pela tecnologia. “Neste ponto, uma série de performances online, transmitidas ao vivo, mergulham nas vidas, desafios e perspectivas dos artistas/performers, proporcionando uma visão íntima do cotidiano goiano”, compartilha o diretor.
Serviço: Cia Sala3 estreia “Agrocity, Agroreich, Agropop ou Terror e Miséria desde os Tempos do Anhanguera” – primeiro ato | Goiânia
Quando:
– 18 de maio
Onde: Praça Cívica
– Data: 22 de maio
Onde: Praça do Trabalhador
– 24 de maio
Onde: Praça Universitária
Horário: 20h
Entrada: Gratuita