O Centro Cultural UFG, em Goiânia, recebe nesta quinta-feira (20/3), às 19h30, a pré-estreia do curta documental Chica Machado – Rainha de Goyaz, da diretora Renata Rosa Franca.
A exibição inédita com entrada gratuita contará com bate papo sobre a obra, que foi feita com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Governo Federal, operacionalizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Cultura.
Poucas mulheres goianas tiveram o prestígio e a projeção social conquistada por Chica Machado. Mulher negra escravizada, que chegou à Goiás nos idos de 1750, no povoado de Cocal, região de Niquelândia, constituiu família com Manoel Álvares da Silva, com quem teve seis filhos, conquistou sua alforria e passou a trabalhar para libertar diversos “irmãos” afrodescendentes, também escravizados.
De mulher negra do período colonial, a senhora de terras a perder de vista, símbolo da libertação da escravatura e hábil negociante, Chica Machado construiu sua história para além dos livros e registros oficiais, chegando a eleger um de seus filhos deputado por Goiás na primeira constituinte.
Sua projeção e relevância vive na memória do povo que habita a região onde há 300 anos ela caminhou e prosperou, e é transmitida até hoje pela oralidade, o que lhe conferiu o ar de figura lendária por onde passou.
A obra é fruto da pesquisa de doutorado da diretora em Performances Culturais pela Universidade Federal de Goiás, que expandiu o trabalho acadêmico para as telas, ao realizar uma série de viagens para diferentes cidades goianas, buscando percorrer os caminhos traçados por Chica Machado.
Assim, passou por Niquelândia, o povoado de Cocal, onde ela se estabeleceu para trabalhar nas minas de ouro descobertas na região; até chegar a Uruaçu, a antiga Ourofino e Jaraguá, última morada da personalidade junto a um de seus filhos, o padre Silvestre, figura ilustre do Estado, poliglota, que se elegeu deputado por Goiás por influência da sua mãe. O outro filho, Manoel Álvares, também era padre e figura ilustre da comunidade.
“O mais interessante de se observar é que, mesmo no século XVIII, a projeção de Chica Machado era tamanha que seu marido não é retratado pelo nome próprio, mas sim como marido de Chica. Seus filhos, mesmo sendo padres, e figuras influentes da comunidade, são lembrados como filhos da Chica. Ela foi o pilar dessa família e da comunidade da época, mesmo sendo mulher, negra e escravizada”, afirma Renata Rosa Franco.
O curta documental parte em busca dos relatos transmitidos de geração em geração que mantêm viva a importância dessa figura lendária em terras goianas, responsável por construir a Igreja das Mercês, para permitir que os negros da sua época tivessem acesso a um templo sagrado para professar sua fé. E onde ela entrava carregada por uma liteira e tinha ouro em pó sendo jogado aos seus pés.
A riqueza de Chica Machado segue sendo um mistério até mesmo para aqueles que transmitem seus feitos. Alguns dizem que ela conquistou tudo por meio do ouro que ela escondeu durante a época em que trabalhou no garimpo.
O curta documental também será exibido na programação do Cine Cultura, no Cineclube Maria Grampinho, que integra o Sertão Negro Ateliê, e na Escola de Artes e na Cinemateca do IFG Câmpus Goiânia, em datas e horários a serem divulgados nas redes sociais @chicamachado_go.
Serviço: Pré-estreia do documentário Chica Machado – Rainha de Goyaz
Quando: Quinta-feira (20/3), às 19h30
Onde: Centro Cultural UFG – Avenida Universitária, nº1533, Goiânia
Entrada: Gratuita
Após a exibição vai ocorrer um bate-papo com a diretora Renata Rosa Franco