A Cerrado Galeria, em Goiânia, apresenta duas exposições simultâneas, no sábado (11/10), que celebram a diversidade e a potência da arte contemporânea brasileira: “Pouco antes do ocidente se assombrar”, individual do artista brasiliense Virgílio Neto, e a nova mostra do artista mineiro Rodrigo de Castro “Tanto forma quanto cor”. As mostras ficam em exposição até o dia 15 de novembro.
”Pouco antes do ocidente se assombrar” do artista brasiliense Virgílio Neto evidencia o momento de expansão formal e poética vivido pelo artista. Sua produção recente ganha uma dimensão imersiva, em que pintura, palavra e objeto se entrelaçam em composições que transbordam a tela, ocupando as paredes como extensão do próprio gesto criativo.
A mostra é atravessada por duas experiências: uma residência artística em Yokohama, no Japão, e um percurso afetivo por cidades históricas de Goiás, como Pirenópolis e Cidade de Goiás. Esses dois mundos, aparentemente distantes, convergem na poética do artista, que transforma o espaço expositivo em território sensível de encontros.
Do Japão, Virgílio traz elementos orientais, como carpas, dragões, caligrafias e guerreiros, e uma percepção do vazio como campo simbólico. Do interior goiano, emergem referências à cultura rural e ao universo cotidiano, como gamelas, tábuas brasileiras, chifres e piercings de bois, que atravessam sua pintura e a expandem para o campo escultórico.
O texto curatorial escrito pelo historiador e curador da Pinacoteca de São Paulo, Thierry Freitas, ressalta que “feitas de fragmentos, ecos e reverberações, essas pinturas não são um relato de viagem, tampouco uma cartografia de influências externas, mas a expressão pictórica de um artista em trânsito contínuo entre meios, lugares, tempos e sensações. Talvez, entre Pirenópolis e Yokohama, haja mais pontos de contato do que poderíamos imaginar”.
Rodrigo de Castro: Tanto forma quanto cor
A exposição reúne pinturas e esculturas produzidas nos últimos seis anos por Rodrigo de Castro, artista cuja trajetória se consolidou a partir da década de 1980.
Seu trabalho é marcado por uma abordagem meticulosa da forma e da cor, em que Rodrigo conduz os problemas das equações, resolvendo-os de modo a produzir a harmonia e o equilíbrio, com os contrapesos do vazio e do cheio nas elegantes composições.
Nas pinturas, linhas horizontais e verticais operam como elementos reguladores de uma espacialidade geométrica. Retângulos, quadrados, faixas e fendas compõem composições de elevada precisão formal, em que o artista resolve com clareza as equações plásticas que estruturam sua poética visual. O resultado são obras silenciosas e refinadas, em que simetria, assimetria, repetição e contraste entre cheio e vazio revelam uma linguagem racional e meditativa.
A pesquisa se estende também ao campo tridimensional, com esculturas realizadas em aço pintado com tinta automotiva. Nelas, Rodrigo transita do plano ao espaço, mantendo a mesma lógica compositiva de suas pinturas. As formas, estruturadas a partir de interseções de planos, desafiam a gravidade ao mesmo tempo em que acolhem a luz e o olhar, revelando o rigor e a leveza que definem sua produção.
Com curadoria de Divino Sobral, a mostra reafirma a singularidade da obra de Rodrigo de Castro, herdeira das tradições construtivas brasileiras, mas conduzida por um percurso autoral que escapa a filiações estritas e formula seu próprio vocabulário visual.
Serviço: Cerrado Galeria recebe exposições de Virgílio Neto e Rodrigo de Castro | Goiânia
Abertura: 11 de outubro, das 11h às 14h
Período Expositivo: 11 de outubro a 15 de novembro
Onde: Cerrado Galeria – Rua 84, nº 61 – Setor Sul