O sobrado Casa de Cultura Dr. Altamiro de Moura Pacheco, onde morou um dos pioneiros de Goiânia, passará por restauração. O processo para o início das obras aconteceu ainda em 2017. Porém, o restauro só deve começar em 2020, já que o valor repassado pelo Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás (FAC), de R$500 mil, só foi liberado neste ano. A Casa, localizada na Avenida Araguaia, esquina com Rua 15, no Centro da capital goiana, possui um acervo cultural que ajuda a contar a história da cidade. Além disso, guarda registros importantes para Goiás e também Brasília.
Construída nos anos 30 e tombada como bem histórico de Goiânia pela prefeitura em 1999, a Casa da Cultura foi doada para a Academia Goiana de Letras (AGL) em 1993, três anos antes da morte de Altamiro de Moura Pacheco. Assim, além do sobrado, foi doado todo o seu acervo pessoal contendo fotos, medalhas, livros da histórica biblioteca, bens móveis e obras de arte.
“Quem conseguiu a doação da Casa para a AGL foi José Mendonça Teles, então presidente da Academia. A condição de doação definitiva seria somente após a morte do doador, o que se deu na gestão da professora Maria do Rosário Cassimiro, em 1996”, explicou o atual presidente da AGL, José Ubirajara Galli.
José Ubirajara Galli vê com empolgação a restauração da Casa. Segundo ele, o local poderá voltar a ser um ponto de convívio para a sociedade goiana, além contribuir para manter viva a história de Altamiro.
“A Casa possui um acervo riquíssimo: mobiliário e uma rica biblioteca. Essa restauração também é importante pela história de Altamiro. Uma casa histórica, com acervo histórico e que ficará à disposição da comunidade de forma geral”, acrescentou.
Restauração da Casa de Altamiro de Moura Pacheco
O processo de restauração da casa onde morou Altamiro de Moura Pacheco começou em 2017. Porém, a diretora da empresa Engenho & Arte, Gyuliane Nogueira, responsável pela obra, explica que é preciso cumprir alguns protocolos antes de iniciar o restauro na prática. Assim, explica que todas etapas da restauração são acompanhadas pelo Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás.
“Além disso, a obra de restauro é diferente de outros projetos. É preciso uma documentação detalhada junto à prefeitura. Com a pandemia, foi preciso suspender algumas ações, mas estamos aproveitando esse período para providenciar a autorização para conseguir o alvará e iniciar os trabalhos”, relatou.
Altamiro de Moura Pacheco
Nascido em Bela Vista em 1896, Altamiro Pacheco se formou em Farmácia na cidade de Goiás e depois se formou em Medicina na antiga Faculdade de Medicina Fluminense, em Niterói (RJ). Assim, se mudou para Goiânia apenas no final dos anos 30. Dessa maneira, em 1941, criou a atual Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA) e foi o responsável por realizar a primeira Exposição Agropecuária de Goiânia.
Coordenador do projeto de restauração e historiador, Wolney Unes ressaltou que Altamiro teve uma ligação muito forte com o setor agropecuário. “Ele doou as terras para a construção do Parque de Exposições Agropecuárias, na capital, foi o primeiro presidente da SGPA e trabalhou muito para montar um sistema de melhoramento genético”, relatou.
Altamiro de Moura Pacheco também doou a área para construção do Setor Santa Genoveva e do Aeroporto de Goiânia. Dessa maneira, pediu uma única contrapartida pela doação: que tanto o setor quanto outras obras erguidas no local fossem, de alguma forma, uma homenagem à sua mãe. “A mãe do Altamiro se chamava Genoveva e ele tinha uma relação de muita admiração por ela. Na doação, ele pedia que o que fosse instalado naquela área recebesse o nome de Santa Genoveva”, explicou Wolney Unes.
Construção de Brasília
Por conta do envolvimento com política, Altamiro teve papel fundamental na criação do Distrito Federal (DF). Nos anos 50, o então governador de Goiás, Juca Ludovico, convidou Altamiro para presidir a Comissão de Cooperação para Mudança da Capital Federal.
Na época, a escolha da nova capital estava entre terras no Triângulo Mineiro e Goiás. Dessa forma, Altamiro foi o responsável pela desapropriação de terras na área que deu espaço ao DF. “Ele comprou cerca de 100 fazendas para o Estado de Goiás. Ele foi o cara que arregaçou as mangas quando o assunto é a criação do DF”, concluiu Wolney Unes.