Neste sábado (22/3), o Sertão Negro, em Goiânia, realiza o ateliê aberto de Carchíris (MA), Rafael Pereira (SP) e Julianismo (MG), artistas participantes do Programa de Residência Artística da instituição, que começou com uma vivência de 10 dias nas Comunidades Kalunga Engenho 2 e Vão de Almas, onde conheceram um pouco da riqueza cultural da Curraleira e da Sussa, entre outras tradições e encantos do Cerrado.
Com orientação do guia Guilherme Moreno houve visita à rota dos cristais e oficina de cerâmica, com as mestras Teresa Pereira e Elizabete Fernandes (da Comunidade Ema).
Os artistas também tiveram a oportunidade de conhecer a roça de toco e algumas cachoeiras, acompanhar a produção de rapadura na Fazenda Maquiné e conversar com os mais velhos, que relataram histórias da criação e resiliência do Quilombo.
Por fim, juntamente com a equipe do Sertão Negro, Carchíris, Julianismo e Rafael ministraram uma oficina de monotipia para crianças de quatro a 10 anos da Escola Municipal Joselina Francisco Maia.
“Começar a residência do Sertão Negro no Quilombo Kalunga foi aprender com os mais velhos sobre a suas histórias e estratégias de vida. Isso me fez pensar o quanto o povo negro lutou e se reinventou para preservar e compartilhar sua sabedoria até hoje” afirma Rafael Pereira.
A segunda parte da residência ocorreu no Sertão Negro, em Goiânia, onde Carchíris, Rafael e Julianismo puderam desenvolver suas pesquisas artísticas, fazer oficinas de cerâmica, gravura e capoeira angola, além de acessar o acervo da Biblioteca Rosana Paulino.
Durante todo o período da residência foi oferecido acompanhamento curatorial que orienta os residentes a pensar conexões entre o vivido e suas poéticas artísticas. Esta assistência foi feita pela curadora e arquiteta Melissa Alves, que além do suporte aos artistas, coordenou visitas a galerias e espaços culturais de Goiânia, bem como uma atividade de leitura de portfólio entre residentes e outros artistas e colaboradores do Sertão Negro.
Resultado da articulação do Sertão Negro com a ArtRio, com o Salão Anapolino de Arte e com a Galeria Estação, a participação de Carchíris, Julianismo e Rafael na residência se deu respectivamente via premiação ou parceria.
No sábado, durante o ateliê aberto, que também terá transmissão ao vivo pelo canal do Sertão Negro no Youtube, o trio vai apresentar ao público um pouco do que foi essa experiência imersiva no quilombo e também no Sertão Negro.
“No ateliê aberto pretendo compartilhar o que vem sendo o meu fazer artístico diante das absorções vindas do território de Goiás e, ao mesmo tempo, comunicar como o “desconhecido” se reflete com bagagens que trago do meu Maranhão”, ressalta Carchíris.
“Pretendo apresentar algumas pinturas que refletem as pessoas que marcaram minha vida durante esta residência e os dias no Quilombo Kalunga. São histórias que ouvi, brincadeiras que compartilhei e momentos em que me senti abraçada por todos”, salienta Julianismo
Cineclube Maria Grampinho
Ainda como parte da programação do sábado, às 17h, será realizada uma sessão do Cineclube Maria Grampinho, que marca o início do projeto “Cinemas Negros e Educação Antirracista”. Serão exibidos os curtas “Yá, me conte histórias” (Carine Fiúza, PE, 2020, 8 min), “A Mulher Que Me Tornei” (Luciana Oliveira e Manoela Veloso Passos, SE, 2020, 6 min) e “Mãe não chora” (Carol Rodrigues e Vaneza Oliveira, SP, 2019, 20 min).
Com curadoria de Ceiça Ferreira e Edileuza Penha de Souza, os três filmes, dirigidos por cineastas negras brasileiras de Pernambuco, Sergipe e São Paulo destacam os desafios, subjetividades e vivências da maternidade para mulheres negras. Após a exibição, será realizada uma roda de conversa com Ayah Akili Masani (mãe, pesquisadora e educadora popular) e Letícia Martins (bióloga).
O projeto “Cinemas negros e educação antirracista” será realizado ao longo de 2025 com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, operacionalizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura.
“O Cineclube Maria Grampinho destaca os cinemas negros, em especial, a produção de mulheres negras e além da exibição, promove conversas sobre os filmes, nas quais o audiovisual é uma ferramenta capaz de nos fazer sonhar outros mundos, outros horizontes possíveis”, enfatiza Ceiça Ferreira, fundadora e diretora do cineclube.
Serviço: Programação Cultural Sertão Negro | Ateliê Aberto e Cineclube Maria Grampinho
Quando: Sábado (22/3), a partir das 15h
Entrada: Gratuita
Endereço: Rua Goiazes, quadra P, Lote 9 – Loteamento Shangri-la
Transmissão ao vivo pelo canal: https://www.youtube.com/@SertaoNegro