Sabe aquele clique que muitas vezes a gente precisa para confirmar se está no caminho certo? Nesta reta final de 2018, ele aconteceu para o Aproveite a cidade. E foi muito além de uma aula, palestra ou convite para colaborar com algo bacana. Obviamente, tudo isso é muito legal. Mas constatar que o trabalho diário de exaltar coisas legais em Goiânia talvez comece a cumprir seu objetivo é impagável.
Graças a história que contaremos a seguir ficou bem claro para o nosso time que estamos ajudando sim às pessoas a mudarem a percepção do lugar onde elas vivem e visitam. O nosso primeiro passo, fazer isso em Goiânia, está mesmo se concretizando e de um jeito que é muito lindo e, para nós, completamente emocionante.
Tudo começou quando a professora do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) do Setor Perim, Telma Faleiros nos enviou uma mensagem por inbox no Instagram. Ela contou que estava usando nossos vídeos do Youtube para ensinar às crianças mais sobre Goiânia e que essa era uma das etapas de um projeto realizado junto com a professora Maria Luíza Souza e alunos de Florianópolis.
Ou seja, estávamos diante de crianças que aprendiam sobre Goiânia e partilhavam todo esse conhecimento com estudantes de Florianópolis! A partir daí, começamos a acompanhar o projeto.
O projeto “O que é intercâmbio, professora?”
Duas professoras de alunos entre 4 anos e 5 anos, de instituições públicas de Goiânia e Florianópolis, estão realizando um intercâmbio entre as crianças. O projeto “O que é intercâmbio, professora?” começou há dois meses e tem revolucionado a percepção dos alunos e de suas famílias em relação às cidades. A ideia é conhecer e valorizar o que há de bom no lugar onde cada uma delas vive para compartilhar com a outra turminha.
Por meio do aprendizado dos pequenos, os pais estão conhecendo sobre a história do bairro e da cidade onde moram, os principais atrativos e qual seu papel enquanto cidadãos para fazerem daquele espaço melhor. É um processo interessante, que começa de uma maneira bem simples, com a pergunta “onde você mora?” A primeira resposta foi dada pelos alunos e, em seguida, um questionário a respeito do bairro foi enviado aos pais.
A professora do CMEI do Setor Perim, em Goiânia, Telma Faleiros, conta que a maioria dos responsáveis não tinha qualquer bagagem histórica sobre o local onde vive. Também não conseguiam apontar espaços de lazer, convivência, benfeitorias públicas ou exaltar aspectos culturais que sentiam orgulho. Pelo contrário, houve ênfase apenas nos problemas sociais, principalmente a violência presente no bairro periférico.
O que Goiânia tem de bom
Mas como apresentar aos alunos de Florianópolis, por carta, o que Goiânia tem de bom, se tais aspectos passam despercebidos? O estudo do município não está incluído na grade escolar. Também houve dificuldade de encontrar materiais que conversassem com a idade das crianças, ainda mais em relação ao bairro. O jeito foi entrevistar moradores mais antigos do Setor Perim e depois realizar um passeio.
O resultado da pesquisa das crianças sobre o Setor Perim virou carta enviada para a professora Maria Luiza Souza, em Florianópolis, que encabeçou a iniciativa para que as crianças soubessem que o mundo é muito maior do que eles conhecem e existem várias formas de viver. “São nas relações que a gente se constitui e hoje as crianças de Florianópolis querem aprender para ter o que contar aos amigos goianos sobre a nossa cidade”, afirma.
Aqui em Goiânia, era a hora de marcar Florianópolis no mapa para as crianças serem apresentadas ao bairro de Coqueiros. O projeto “O que é intercâmbio, professora?”, continuou a expandir o universo infantil. As primeiras informações sobre a capital goiana foram encontradas em um baú enterrado no jardim do CMEI, como no livro Cabeça Oca em Goiânia o Tesouro Escondido, do cartunista Christie Queiroz. A professora contou até com uma ajudinha do autor.
Gastronomia e pontos turísticos da capital goiana
Ao explorar a gastronomia, no cardápio do almoço da creche teve galinhada, pamonha e pequi. E quem disse que Goiânia não tem pontos turísticos? A listagem foi grande e para apresentá-los às crianças, Telma utilizou os vídeos do nosso canal no Youtube. Os 16 alunos conheceram vários lugares pela tela de um único computador naquela pequena sala de aula do CMEI.
“Foi tão prazeroso estudar sobre Goiânia, que a professora Maria Luiza trouxe a família para conhecer a cidade”, conta Telma. A professora Malu trouxe na bagagem um presente dos seus alunos de Floripa para os alunos daqui. É uma brincadeira típica catarinense, o Boi de Mamão. Ao voltar para casa, ela também levou uma caixa com presentes feitos pelos goianos para seus estudantes.
Crianças fazem tour por Goiânia
Apenas ganhando o combustível, um dos motoristas de van, que leva as crianças ao CMEI, topou transportar a turminha de 4 anos e 5 anos a três pontos turísticos de Goiânia. Com o Amigo John (como as crianças chamam o motorista) ao volante, em uma manhã de quarta-feira ensolarada, foi o dia perfeito para ver as águas do Lago das Rosas brilhando, tirar fotos em seus monumentos em art déco.
Depois, o destino foi a Praça Cívica, o marco inicial de Goiânia. Nunca foi tão divertido conhecer o monumento das Três Raças. As crianças se emaranharam entre as estátuas, brincaram ali mesmo, no ponto central cidade. Ainda conferiram de perto a estátua de Pedro Ludovico Teixeira, o fundador da cidade, montado em um enorme cavalo. Aproveitaram muito!
“Nesta semana uma mãe chegou contando que o filho explicou quem era Pedro Ludovico Teixeira e que ele não gostou do nome Petrônia, que tinha sido escolhido para Goiânia. E que mesmo Goiânia sendo o nome menos votado (pela população), era o que Pedro Ludovico preferia. A mãe veio me perguntar se o que filho falou era verdade”, relata Telma.
O destino final do passeio foi o monumento “Eu Amo Goiânia”, na Praça do Sol, no Setor Oeste. A escultura ganhou uma criança em cada letra. Algumas deitadas em letras mais confortáveis, como “G” e “O”, outras sentadinhas, uma delas abraçando o coração.
Conhecer a cidade pode ser divertido
Voltaram ao CMEI cheias de novidades para contar em casa e conscientes de que passear por Goiânia pode ser bem divertido. Quem sabe terão a oportunidade de repetir a dose com suas famílias nas férias?
“Às vezes a gente fala que Goiânia não tem nada para fazer. E com esse projeto, nós conhecemos vários lugares que não conhecíamos, várias curiosidades. A professora Sandra (uma das monitoras da turma do CMEI), que foi com a gente no passeio nunca tinha ido aos lugares que vistamos e ficou encantada junto com as crianças”, contou a professora Telma, que encabeçou a iniciativa no Setor Perim.