Você sabia que é possível viajar em um trem de passageiros entre duas capitais brasileiras? E ainda com restaurante, entretenimento de bordo e muito conforto?
Quem acompanhou as redes sociais do Aproveite a cidade viu que parte do time (Paula Falcão e Carlos Freitas) passaram o fim do ano de 2018 em Minas Gerais e Vitória.
O que muita gente não sabe, é que existe um trem de passageiros que circula diariamente de Vitória, no Espírito Santo, até Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Portanto, tendo a oportunidade, o #teamaproveite comprou as passagens – com muita antecedência – para ter essa experiência, e, principalmente, contar tudo a vocês, nossos leitores.
Funcionamento do trem de Espírito Santo a Minas
Todos os dias às 7h, um trem parte de Cariacica, na região metropolitana de Vitória, e chega a Belo Horizonte, Minas Gerais, por volta de 20h10.
No sentido inverso, um trem parte da capital mineira às 7h30 e encerra a viagem às 20h30. Além disso, há um trem adicional que faz o percurso entre Itabira e Nova Era, ambas cidades em Minas Gerais. No total são 29 estações.
Em funcionamento desde 1907, o trem transporta cerca de 1 milhão de passageiros por ano, segundo média histórica da Vale.
No período de férias, circula com quatro vagões executivos e 11 econômicos. Nos demais períodos do ano, são três executivos e cinco econômicos.
Desde 2014 novos vagões são utilizados no trajeto. Assim, desde então, os vagões são 100% vedados e têm ar-condicionado. Os investimentos da Vale, responsável pela operação do trem, para a aquisição dos vagões foram de US$80 milhões.
O trem
Os preços das passagens entre as duas capitais variam de R$73 na classe econômica e R$105 a executiva. Nós, que fomos até a cidade de Timóteo, em Minas Gerais, pagamos R$82 por cada uma das passagens, na classe executiva. Além disso, idosos pagam mais barato.
Há serviço de bordo em todos os ambientes. Vale destacar que em cada cadeira há mesinha e tomada para o uso de computador ou recarga do celular. Na classe convencional há uma tomada para cada fileira.
Também é disponibilizado um sistema de wi-fi (que caiu bastante durante o trajeto). Além disso, há ainda um sistema de entretenimento a bordo, com filmes e shows disponíveis para serem assistidos em celulares e computadores.
No trem, há um vagão que funciona como lanchonete, outro para restaurante, um vagão exclusivo para cadeirantes e ar-condicionado em toda composição. Há serviço de bordo em todos os ambientes.
A nossa viagem
A viagem completa tem 664 quilômetros e dura cerca de 13 horas. O trajeto realizado pelo #teamaproveite durou cerca de 8h30 (são aproximadamente 450km), e aconteceu sem atrasos.
Nossas passagens foram compradas pela internet com um mês de antecedência, e, mesmo assim, não conseguimos viajar em poltronas vizinhas. A dica é comprar, principalmente se for viajar no fim do ano, com o máximo de antecedência possível (60 dias).
Chegamos 40 minutos antes do trem sair da estação e facilmente conseguimos embarcar. A leitura das passagens foi realizada no celular, e a funcionária da estação indicou onde subiríamos no vagão.
Os vagões das classes convencional e executiva são diferenciados por cores, e cada um deles tem um número, especificado na passagem.
O vagão da classe executiva é limpo e espaçoso. São duas poltronas de um lado, e uma do outro, o que garante bastante conforto.
As malas podem ser colocadas em bagageiros no teto. Há ainda áreas específicas para bagagens maiores perto da porta de cada vagão. Cada passageiro pode levar até 35kg.
Café da manhã
Logo após o trem partir, já foi avisado no sistema de som que o café-da-manhã seria servido em breve. Preferimos conhecer os vagões lanchonete e restaurante. Porém, um carrinho passou pelo vagão oferecendo café, pão de queijo e outros produtos.
Pedimos um salgado e um suco natural, cada, o que custou R$23. O trem só aceita dinheiro, portanto, passe no banco ou em um caixa eletrônico antes de embarcar.
O trem segue viagem a uma velocidade que parece ser baixa, mas constante, o que garante conforto para os passageiros. Acreditamos que a velocidade média é 60 km/h.
Uma dica: leve roupa de frio! O ar-condicionado funcionou durante toda a viagem, e, no geral, a temperatura é fria.
Paisagens e almoço
Todo o trajeto do trem é feito passando por belas paisagens. São montanhas rochosas à vista, pontes, partes de florestas e o trem sempre à margem do Rio Doce (sim, o que foi destruído pela tragédia de Mariana). Por isso, prepare a câmera fotográfica.
Bem antes de o almoço ser servido (a partir das 11h30) funcionários passaram pelo trem oferecendo para que os marmitex ou pratos executivos já fossem comprados pelos passageiros.
O marmitex custa a partir de R$15. Os pratos executivos, lasanha ou escondidinho, partiam de R$20. O valor chega a R$26 por um filé de frango a parmegiana. Lembrando: este pagamento também é feito em dinheiro.
É entregue uma ficha aos passageiros que a devolvem assim que os pratos começam a serem servidos. Escolhemos o marmitex, que veio com arroz, feijão preto, salada de com cenoura em cubos e ervilhas, farofa e sobrecoxa de frango. Uma boa comida.
O cardápio ainda e tem pizzas e hambúrgueres. Se você preferir usar o vagão restaurante (a capacidade é de 70 pessoas sentadas), o tempo de espera é de 40 minutos.
A parte final da viagem
A viagem seguiu tranquila até o nosso destino final, Timóteo (MG). Deu tempo de curtir um filme, que passa nas TVs espalhadas pelo vagão.
Chegamos a Timóteo no horário esperado (15h30), com muita tranquilidade, o que a estrada não oferece, devido a quantidade de carros, caminhões e, principalmente, das curvas.
O valor da passagem é mais barato do que o de ônibus e o tempo de deslocamento, pouco maior. Como há apenas um horário de de saída do trem durante o dia, isso é visto como desvantagem por alguns. De ônibus, são várias opções de partida, como viajar de madrugada.
Mesmo assim, o #teamaproveite recomenda a viagem. Portanto, se tiver a oportunidade, compre a passagem e curta o trajeto de trem entre as duas capitais!