“Goiânia tem muito pouco da sua história contada.” É assim que Ney de Oliveira Cotrim, um transfusionista (realiza transfusões de sangue), de 31 anos, explica o motivo de ter criado o perfil Goiânia do Passado, tanto no Instagram, quanto no Twitter. As páginas têm chamado atenção de muitas pessoas por dar destaque a curiosidades da capital goiana e fatos que muitos não sabiam ter acontecido.
Ney se define como um curioso, afirma que sempre foi muito interessado por Geografia e História na época da escola. Porém, segundo ele, a vida o levou por outros caminhos. “Mas nunca deixei de ler, sempre fui muito ligado a questões da história brasileira, de Goiás e de Goiânia”, diz.
Um pouco sobre o Goiânia do Passado
O Goiânia do Passado nasceu durante a pandemia do coronavírus, que desde março afeta todo o País, impondo a todos novos hábitos e a necessidade de distanciamento social. A primeira postagem aconteceu no mês de junho e foi sobre a Praça Cívica.
Segundo Ney, a ideia da página veio de um perfil que acompanha e conta a história da cidade de Palmeiras de Goiás, no interior do Estado. “Vi que ninguém nunca tinha feito uma página nesse formato e resolvi a adaptar para Goiânia”.
Talvez Ney não conheça, bem como o público com o qual ele conversa por Twitter e Instagram, mas há uma página chamada Goiânia Antiga no Facebook, que possui mais de 48 mil seguidores e posta fotos e curiosidades da capital há anos. As postagens são periódicas e também mobilizam muita gente pelo contato com a história da própria cidade.
O criador do Goiânia do Passado diz que não esperava o sucesso que o perfil vem fazendo. “Não esperava crescer assim. Foi hobby mesmo. São estórias que nós ouvíamos e sempre tem uma história por trás”, afirma.
Com o crescimento da página, Ney vem recebendo novas informações e fotos de Goiânia de seus leitores e espera continuar contando parte da história da capital por meio das redes sociais. “É um livro a cada post: é muito interessante o quanto aprendo”, afirma.
Algumas histórias que gostamos
Nós do Aproveite a cidade conhecemos o Goiânia do Passado em uma postagem sobre os famosos Pit Dogs, que fazem parte da história da cidade.
A postagem mostra que o nome surge de uma sanduicheria criada por Jorge e Jacob Abdala Rassi, em 1972. O local ficava na Rua 7, no Centro da cidade. Pórem, segundo a postagem, o estabelecimento quase foi batizado de “Little Dog” (na tradução do inglês, pequeno cachorro). A ideia foi aperfeiçoada com a sugestão de “Petit Dog” (uma mistura entre a língua francesa e o inglês), até chegar finalmente em “Pitidog”.
Outra história do Goiânia do Passado que chama a atenção é da Praça Latif Sebba, conhecida como Praça do Ratinho. O perfil explica que o apelido surgiu nos anos 80. No local ficava um posto de gasolina onde havia um rato em neon de aproximadamente 5 metros de altura. Ou seja, o rato neon tornou-se um ponto de referência na cidade.
Segundo Ney, a postagem de maior repercussão até hoje não foi uma história que aconteceu em Goiânia, mas em Ceres (GO). Um ex-presidente da Síria, Mohamed Adib Bin Hassan Al-Shishakli, foi deposto por um golpe militar nos anos 50, e conseguiu exílio no Brasil. Ele se estabeleceu na cidade goiana, onde foi comerciário e fazendeiro.
De acordo com a postagem, em 1964 ele foi morto por um Druso, povo que foi perseguido durante a autocracia militar de Mohamed Adib. Ele chegou a ser enterrado em Ceres, mas pouco depois seu corpo foi enviado para Damasco.