Muita gente que passa pela Avenida Anhanguera ou pela Rua 3, no Centro de Goiânia, já nas proximidades do Teatro Goiânia, pode até passar despercebido pelo que foi um dos lugares mais badalados da capital décadas atrás. Trata-se da sede do Jóquei Clube de Goiás (JCG), um lugar que deveria ser icônico tanto por suas histórias quanto por relevância arquitetônica para a capital.
O interesse do Aproveite a cidade pelo local vem de dentro. A Carla Falcão, fotógrafa do nosso time, está prestes a se formar em Engenharia Civil, pelo Instituto Federal de Goiás (IFG). Ela ainda não apresentou o trabalho de conclusão, mas escolheu como tema destrinchar as patologias que afetam a estrutura do lugar. Assim, entendemos que a ocasião é propicia para dividir com os nossos leitores um pouco da história do Jóquei Clube de Goiás. E é o trabalho da Carla que embasa o que será contado a seguir.
A nova sede do Jóquei Clube de Goiás
O Jóquei Clube de Goiás foi fundado em 1935, mas era então chamado de Automóvel Clube de Goiás. Dessa forma, estamos diante do primeiro clube de Goiânia. Na década de 1950, os sócios concluíram que o edifício não comportava mais a demanda de público. Assim, optaram pela construção da nova sede, a que conhecemos atualmente.
Durante a década de 1960, Goiânia recebeu forte influência do movimento modernista, especialmente por causa da recente inauguração de Brasília. A partir deste período, a capital viveu uma corrente modernista e o Jóquei Clube de Goiás (JCG) é uma das construções que marcam este momento.
Para escolher o projeto, foi feito um concurso nacional de arquitetura em 1962. Os arquitetos e urbanistas Paulo Mendes da Rocha (que assina outras obras em Goiânia, como a Rodoviária e o Estádio Serra Dourada) e João Eduardo de Gennaro saíram vencedores. A ideia era fazer um clube urbano com área compacta, que ocupa 11,5 mil m² de um terreno de aproximadamente 22 mil m², entre a Rua 3 e a Avenida Anhanguera, no centro de Goiânia.
A nova sede do Jóquei Clube de Goiás, que começou a ser construída alguns anos após o concurso, demorou sete anos para ser concluída e foi inaugurada em 1975, vivendo quase duas décadas de glória. É a partir da década de 1990 que começa a decadência. Os goianienses adquiriram novos hábitos, graças principalmente às áreas de lazer residenciais completas em edifícios.
Decadência e tentativa de tombamento
Nos anos 2000, o JGC já não era mais usado em sua função original. Foi alugado para uma instituição de Ensino Superior, passou por várias reformas e alterações. Há pouco menos de três anos, chegou a ser colocado à venda. O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU/GO) reagiu apresentando ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) uma proposta de tombamento da construção.
Este último fato acompanhamos de perto. Houve, inclusive, uma mobilização popular, anteriormente articulada na internet chamada Salve Jóquei. E tem uma matéria sobre o assunto e mais a respeito deste espaço da cidade aqui.