Carnaval em Goiânia há alguns anos era encarado como sinônimo de marasmo. Mas o paradão das ruas deu lugar ao movimento de foliões fantasiados, marchinhas, samba, trio elétrico, axé. Ainda não é uma folia que mobiliza a cidade toda. Todavia, é notável a mudança de comportamento do goianiense em relação ao carnaval. Ela está ocorrendo aos poucos e mesmo os passantes mais animados dos blocos de rua, que saíram pela cidade no pré-carnaval da semana passada, não sabem mensurar ao certo de onde veio essa vontade de pular carnaval.
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O colorido das fantasias, abadás e adereços teria começado a ganhar a multidão com ideia do Carnaval do Amigos, que surgiu a 16 anos. O percursor Rener Bilac é nome recorrente ao conversar com organizadores dos 11 blocos da Liga Carnaval dos Amigos, que mobiliza bares de Goiânia, em um esquema que concilia pacotes a preços encorpados de open food, open bar e uma festa aberta ao público – financiada pelos blocos – no Parque Vaca Brava.
O carnaval em Goiânia e se popularizou entre os bares, principalmente do Setor Bueno, começa a ganhar outros segmentos e vertentes. Em comum, se vê que o percorrer da cidade fazendo festa é apenas parte do pacote.
Novos blocos de carnaval estão surgindo em Goiânia
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O Bloco de Seu Vagem, que chegou a 3ª edição, claramente mobiliza um público mais jovem. Dispensa o abadá, mas incentiva as fantasias. Ao longo do ano, realiza eventos que funcionam como ensaios da folia. No sábado (3/2), concentrou foliões na Praça do Cruzeiro, no Setor Sul, e desceu a Rua 87, em direção a um espaço de festas nas imediações do Estádio Serra Dourada. A entrada era paga.
“É difícil encontrar uma pessoa que não goste de carnaval. Em Goiânia conseguiram resgatar a ideia de carnaval de rua”, avaliou Whetina Oliveira, organizadora do Bloco do Café Nice. Presente dos os bastidores até a festa em si Whetina aponta que o folião goianiense é diversificado. “Todo mundo pula carnaval em Goiânia. A criança, o idoso, a mocinha, todo mundo.”
A percepção dos foliões sobre a festa em Goiânia
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O carnaval de rua de Goiânia, segundo os foliões, é lugar de curtição sadia. “É um dos poucos lugares onde você vê gente que não se conhece curtindo junto, de repente as pessoas complementam a fantasia uma da outra”, relatou o fotógrafo Alan Moreira, que acompanha o carnaval na cidade há três anos, desde que o bloco com uma pegada mais alternativa começou.
Já pensou você de sereia e o crush de pescador? Já rolou por aqui, é o que conta Eugênio Tavares, um dos organizadores do Bloco do Seu Vagem. “O goiano tem se mostrado bastante criativo nas fantasias. Já vi namorado pescando a parceira fantasiada de sereia, as Tartarugas Ninjas, ceguinho pedindo telefone das moças, tem de tudo”, comentou.
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Quem são os foliões
Tem aqueles que compõem suas fantasias com temas de impacto social. É o que Mabel Rocha, mais conhecida como Tia Bolacha, faz! “Eu penso o ano todo! O que vou fazer, de que vou me fantasiar”. Tia Bolacha é madrinha do Bloco Café Nice e acompanha as mudanças do carnaval em Goiânia percorrendo as ruas há dez anos. “Quando comecei a pular o carnaval aqui eram menos pessoas, era mais tranquilo e com os anos só vem crescendo”, ponderou.
A foliã Ana Júlia de Castro gosta da interação entre as pessoas que o ambiente carnavalesco propicia. “Já vi crianças e animais no bloco, o que é muito legal! Gostaria de trios maiores pra galera seguir, com mais shows”, afirmou a fotógrafa. “A ideia é criar uma tradição. O carnaval é a maior festa do Brasil, é democrática! Na rua ninguém tem classe social, cor ou raça”, ressaltou Eugênio.
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