Uma casa modernista no Centro de Goiânia, na Avenida 84, próximo à Praça Cívica, será sede, a partir do mês de maio, da Cerrado Galeria de Arte. Assim, uma das mais célebres construções modernistas da cidade, o local já foi sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Goiás (Iphan-GO), até 2019. Desde lá, quem passava em frente à construção, via a placa de “Aluga-se” em uma grade em frente à porta principal.
Projeto do arquiteto David Libeskind, a Residência Abdala Abrão, como é conhecida, começou a ser projetada em 1966. Ademais, David também foi autor do projeto do Conjunto Nacional, em São Paulo, na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta. Além disso, de outras residências modernistas em Goiânia, inclusive a que fica ao lado de onde será a galeria. A casa está abandonada.
De acordo com um dos galeristas da Cerrado Galeria de Arte, Lúcio Albuquerque, a casa foi escolhida por ele, Antônio Almeida e Carlos Dale, também galeristas do local, por sua arquitetura, história e localização. “A casa é linda e maravilhosa. Não dá para descrever. É um projeto simples e muito arrojado”, disse.
Lúcio, que é de Belo Horizonte, afirmou que a escolha pela casa aconteceu entre setembro e outubro de 2022. Porém, o projeto da vinda para Goiânia é anterior. Desse modo, ele explica que é galerista desde 1988, quando iniciou o trabalho na Galeria Selma Albuquerque, em Minas Gerais. Posteriormente, antes da pandemia, resolveu ampliar o projeto, e veio para Brasília, onde montou a Casa Albuquerque, focada em arte contemporânea e moderna. E, no início de 2022, resolveu, com Antônio Almeida e Carlos Dale, abrir uma galeria em Goiânia.
A reforma está sende feita pelo arquiteto goiano Leo Romano. De acordo com o galerista, a escolha aconteceu por Leo ser local e por ser reconhecido nacionalmente e internacionalmente.
Mais sobre a Cerrado Galeria de Arte
A Cerrado Galeria de Arte deverá ser aberta até o dia 10 de maio. Assim, terá uma exposição do artista plástico goiano Siron Franco em sua inauguração. Segundo Lúcio Albuquerque, a galeria será voltada para os artistas locais, e era essencial começar com um artista do estado e que fosse relevante.
A médio e longo prazo, diz querer trazer obras de artistas de peso à Cerrado Galeria de Arte, no Centro de Goiânia. “Queremos trazer obras de grandes artistas como Di Cavalcante, Portinari e Volpi. E, por que não, até exposições destas pessoas”. Ademais, afirmou querer prestigiar os artistas jovens de Goiânia e de toda a região.
O nome da galeria, segundo Lúcio, foi pensado para ser simbólico. “O Cerrado é abundante, e também temos que ter pensamento”. Além disso, ele afirma que um dos objetivos é tentar dar a mão para todas galerias de Goiânia. “Queremos ser relevantes, mas não dá para ser sozinho”, diz.
O símbolo da Cerrado Galeria de Arte, inclusive, é baseado em um dos azulejos desenhados por David Libeskind para a residência. “A casa mostra que o moderno e o contemporâneo podem conviver. E isso diz muito sobre a galeria”, afirma.
Lúcio Albuquerque acredita que existe uma carência e um interesse enorme em Goiânia por arte. “Queremos incentivar a produção local, ser inclusivos e fazer novas pessoas se interessarem por arte”, diz. Dessa forma, uma das ideias é receber alunos de escolas públicas na galeria de arte no Centro de Goiânia.
O galerista também acredita que a ocupação da casa modernista vai fazer com que pessoas possam olhar para o Centro de Goiânia. “Essa também é uma das funções da arte. É o que a gente torce”.