As marchinhas são músicas de carnaval que sempre trouxeram à tona questões sociais e do cotidiano, de um jeito criativo. Assim, o Bloco Não é Não decidiu promover um concurso de marchinhas, em Goiânia. A ideia é incentivar artistas locais a produzirem letras e melodias, que exaltem o manifesto do bloquinho de carnaval, que é abraçado pelo movimento feminista e permeado de ações pedagógicas contra o assédio, a violência contra a mulher e a repressão sexual. Tudo isso, com muita alegria e durante a festa mais popular do Brasil!
Assim, o respeito ao corpo feminino deve inspirar marchinhas que serão avaliadas durante uma pré-festa do bloco, nesta sexta-feira (14/2), a partir das 20h, na Casa de Vidro, coletivo cultural que fica no Setor Leste Universitário. O vencedor do 1º Concurso de Marchinha Carnaval Goiânia receberá o troféu Samba da Igualdade de Gênero 2020 e, claro, terá a música incluída no repertório do bloco, que percorre as ruas do Centro da capital, na terça-feira de carnaval (25/2). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo e-mail [email protected] até a véspera do evento (13/2).
Segundo a organizadora do Bloco Não é Não, Cida Alves, o concurso de marchinhas é mais uma ferramenta de ocupação. “Desenvolvemos atividades ao longo do ano e escolhemos o carnaval (como data principal), quando estamos na rua para nos divertir. Neste cenário é importante dizer quais as diferenças da paquera e do assédio, de uma maneira pedagógica”, afirma. Assim, por que não fazer isso com música?
Como surgiu a ideia do concurso de marchinhas
A organização do Bloco Não é Não começou a articular o concurso de marchinhas depois de ter contato com eventos de “slam” ou “poetry slam”, que ocorrem na capital. Ou seja, competições em que os poetas recitam trabalhos originais. A avaliação das poesias é feita pelo público ou pessoas da plateia, que são selecionadas para formar um juri.
“Nós observamos um cenário muito rico musical e também na poesia de cunho popular, de levar a poesia para as ruas, para a periferia. Sabemos que temos meninos e meninas muito talentosos e pensamos em envolver esse segmento cultural na nossa proposta do ativismo feminista”, conta Cida Alves.
No 1º Concurso de Marchinha Carnaval Goiânia, porém, não bastará recitar a letra. A canção precisa ter melodia e ser cantada por um intérprete, com acompanhamento musical. Durante o evento desta sexta-feira também haverá apresentação do grupo Samba do Carlito. Para acompanhar todas as atrações do concurso é cobrada do público 5 reais, pela entrada.
Não é Não cada vez maior e inclusivo
Quem seguiu a 1ª edição do Bloco Não é Não pelas ruas de Goiânia no carnaval de 2019 sabe que a folia arrastou o público que estava nas imediações do Parque Vaca Brava, no Setor Bueno. Assim, a expectativa inicial de mobilizar 500 pessoas ficou para trás e os foliões somaram milhares. Desta vez, o bloco percorrerá as ruas do Centro, no dia 25 de fevereiro.
“Escolhemos ir para o Centro porque a gente é um bloco popular, para que todos possam pular o carnaval. Pedimos apenas alegria, respeito e paz”, conta a organizadora do bloco, Cida Alves. Outra questão levantada pelo bloco, que é gratuito, é o cuidado com o meio ambiente. Portanto, é pedido a todos que acompanharem o evento, que sejam responsáveis pelo próprio lixo e que, se possível, optem por objetos sustentáveis.
Assim, o Não é Não em Goiânia terá como tema “O futuro está na origem. Salve Pachamama”, uma alusão aos povos indígenas, à preservação da Mãe Terra e à conexão com a natureza.