O delivery moldou-se como a salvação para bares e restaurantes que, em Goiás, não podem receber o público desde o dia 19 de março, como forma de evitar aglomerações e conter a expansão do novo coronavírus. Todavia, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurante em Goiás (Abrasel Goiás), Fernando Jorge, em entrevista por telefone à Rádio Sagres, durante o quadro do Aproveite a cidade, afirmou que, mesmo com o delivery funcionando, a queda das vendas do setor chega a 70% só nesta primeira semana.
“Chega a cair 70% em casas que estão abertas. O delivery é um braço e não tem como manter funcionários, água, luz. Assim, não tem como manter a empresa apenas com um braço dela”, afirmou o representante do segmento.
Segundo Fernando Jorge, está sendo muito difícil para empresários, e também funcionários, passarem por estes dias com os salões fechados para o público. Ele ainda informou que houve até mesmo queda no movimento do delivery em alguns locais que já tinham o serviço. Assim, há estabelecimentos que ficarão sem funcionar até novo decreto.
Em entrevista na quinta-feira (26/3), o governador Ronaldo Caiado afirmou que o atual decreto, que estipulou a quarentena e o isolamento social por conta do novo coronavírus, vale até o dia 4 de abril, próxima sexta-feira.
Perspectiva de desemprego em bares e restaurantes
Para o presidente da Abrasel Goiás, o aumento no desemprego no Estado irá acontecer, numa perspectiva bem semelhante a que a associação prevê em todo o País. “Infelizmente não tem como segurar. Por mais que nós e os sindicatos estejamos lutando, não tem como”, frisou.
Fernando Jorge relata que, se a quarentena para conter o novo coronavírus durar 30 dias, a estimativa é que o setor desempregue 3 milhões de pessoas no Brasil. A Abrasel Nacional afirma que bares e restaurantes geram 6 milhões de empregos em todo o País. A Associação criou até mesmo um “contador de desempregos” em seu site. Eles informam que o setor tem 1 mil demissões a cada hora.
Além disso, Fernando Jorge acredita que o movimento de bares e restaurantes cairá após a quarentena. “Começamos o ano animados, com bom movimento, e tivemos essa doença (pandemia de Covid-19), que está acontecendo em todo o mundo, não só aqui. Porém, em vários países há estrutura para os doentes e para os trabalhadores. No Brasil, estamos atrasados perante o mundo”, afirmou.
Governo libera R$40 bilhões em crédito
Na manhã desta sexta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, anunciou a criação de uma linha de crédito emergencial para pequenas e médias empresas que, obviamente, também abarca bares e restaurantes. Dessa maneira, os estabelecimentos poderão quitar suas folhas de pagamento durante dois meses.
A taxa de juros será de 3,75% ao ano. Haverá uma carência de seis meses e o prazo de pagamento será de 36 meses. Assim, durante os dois meses de financiamento da folha, a empresa não poderá demitir. Isso estará no contrato do financiamento.
A entrevista com o presidente da Abrasel Goiás aconteceu antes da divulgação da criação da linha de crédito emergencial. Porém, ele foi questionado sobre uma possível Medida Provisória do governo federal. A MP liberaria R$36 bilhões para o pagamento de salários dos funcionários de bares e restaurantes.
Fernando Jorge não se mostrou animado. Ele afirmou que apesar das promessas do governo federal, há muita dificuldade em conseguir esse dinheiro, por causa dos trâmites burocráticos e exigências de documentos, mesmo que o montante fosse liberado diretamente para o setor.
“Estamos precisando de dinheiro para ontem. Eu quero ver se esse dinheiro chegará na mão dos empresários. Dinheiro que pagaria as contas dos bares e restaurantes, dinheiro que pagaria os funcionários”, concluiu o presidente da Abrasel em Goiás.