Quem passa pela Praça do Trabalhador, no Centro de Goiânia, consegue perceber que a Antiga Estação Ferroviária, e seus arredores, estão sendo revitalizados. Mais difícil é perceber, por causa dos tapumes, qual o estágio das obras.
Segundo a coordenadora-técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás, Beatriz Otto de Santana, a revitalização completa do local deve ser entregue antes da data marcada, março de 2019. A expectativa é que fique pronta já no início do próximo ano. As obras foram iniciadas em janeiro de 2018.
O prédio, que estava abandonado, está passando por uma restauração de todas a suas instalações. O projeto também traz novo uso ao entorno da Estação. O custo total será R$5,8 milhões – sem aditivos, segundo Beatriz – conseguidos do governo federal, através do programa PAC Cidades Históricas, do Iphan.
Nós, do Aproveite a cidade, tivemos o privilégio de visitar a obra e contamos tudo sobre como está o espaço a poucos meses da entrega.
A revitalização da Antiga Estação Ferroviária
A Estação Ferroviária de Goiânia é o último dos prédios construídos em Art Déco pelo Estado de Goiás, em 1957. Para Beatriz, a intervenção na Estação é muito mais que uma simples reforma, já que envolve a restauração de todo o edifício. Há ainda a requalificação do entorno mais imediato à obra, na Praça do Trabalhador.
Segundo a coordenadora-técnica, para a revitalização foram pensadas duas principais frentes de obras. A primeira é a restauração do edifício, portanto paredes, esquadrias, reforma de banheiros para torná-los salubres e acessíveis. Foram feitas intervenções para que o edifício passe a ter acessibilidade, para que as chuvas não atinjam a área interna, e todas as questões que afetam a proteção material do edifício.
A segunda parte da restauração é artística. Assim, os dois painéis de Frei Confaloni, pai da arte moderna em Goiás e precursor da faculdade de Arquitetura no Estado foram recuperados. Eles adornam o vão da Estação e ainda tem de ser finalizados. Além disso, a Maria Fumaça, estacionada no local, passa pelos últimos retoques e mudará de lugar.
E tem mais: trabalho de ferragens, tanto nas bilheterias, quanto no portão que contorna a área. O relógio voltará a funcionar e o painel de azulejaria, localizado na parte de baixo das paredes da Estação, foi recuperado.
Como está a obra em novembro
Para a coordenadora-técnica do Iphan, as obras estão avançadas. E apesar de não serem intervenções complexas, são grandes. “A maior complexidade foi a eliminação dos danos provocados pelo excesso de água nos painéis (Frei Confaloni) ”, disse.
Beatriz salienta que estão começando as obras ao redor à Estação. O espaço terá paisagismo, iluminação, sinalização, áreas de playground, de descanso e de contemplação.
Ela afirma também que todas as semanas acontecem reuniões ordinárias no canteiro de obras. Participam dos encontros, a equipe do Iphan, representantes de secretarias do município, da Câmara Municipal e da Superintendência de obras do Estado.
“Todos estes órgãos são parceiros na definição destas estratégias de obras, e terão plena capacidade e competência de manter este edifício daqui para frente”, afirmou. O papel do Iphan após a obra, segundo Beatriz, é o de fiscalizar a Prefeitura de Goiânia.
Como estava a Estação antes da revitalização
“Quando entramos no prédio, literalmente chovia dentro dele. Havia uma grande quantidade de animais mortos, excrementos. Ele havia se tornado um abrigo de pessoas em vulnerabilidade social.” Essa descrição é da coordenadora-técnica do Iphan em Goiás, Beatriz Otto, sobre a situação da Estação Ferroviária antes das obras.
O prédio já havia passado por um processo restaurativo no começo dos anos 2000. Ele envolveu a restauração do edifício, sem abranger os bens artísticos, “mas o uso dado a ele não foi suficiente”, contou Beatriz.
A Antiga Estação funcionava como posto da Guarda Metropolitana e abrigava ensaios da banda municipal. Segundo Beatriz, com o passar do tempo, o local foi ficou cada vez mais abandonado. E, portanto, entrou em um processo de degradação mais forte.
O que será feito depois da entrega
De acordo com Beatriz Otto, o Iphan sempre quis que a Antiga Estação fosse um espaço não só para o público interessado em cultura. A ideia é levar pessoas que ainda não têm este interesse e, por isso, ele terá usos diversos.
O local terá um posto de atendimento do Atende Fácil (serviço de atendimento do município ao cidadão) e um Centro de Atendimento ao Turista (CAT). Terá também espaços vinculados à Secretaria de Cultura e para exposições. O local voltará a receber a banda municipal e a Guarda Municipal.
O que vimos na obra
A tinta branca, possível de se ver de longe na torre do relógio, não é a original e, muito menos, a cor que será utilizada no local. Logo, a Antiga Estação Ferroviária de Goiânia terá um amarelo claro.
As obras realmente parecem estar aceleradas. Foi possível ver que a revitalização da parte externa (na Praça do Trabalhador) está sendo realizada.
Dentro, os painéis de Frei Confaloni estavam cobertos. Mas por uma boa causa. Ambos foram recuperados e estão protegidos por um tecido para evitar qualquer dano. Foram fixados para que os especialista avaliem como as obras se comportarão naquele ambiente.
Há um extenso vão, na parte externa da Antiga Estação Ferroviária, onde passarão tubulações. Nele, também foi realizado um trabalho de arqueologia, que acontece em todas as obras do Iphan. É usado, principalmente, para entender melhor o edifício e a sua história.
No fundo, próximo à antiga plataforma de embarque, foi mostrado o local exato em que a Maria Fumaça ficará. No explicatam também que o processo para colocá-la ali não será simples.
A Maria Fumaça está passando pelos últimos retoques e nas próxima semanas deve estar pronta. Assim que estiver no novo local, será possível a visitação da locomotiva. Em aberto, está a possibilidade de que um vagão se torne um restaurante ali.
A Antiga Estação terá que ser fechada com vidro, algo que originalmente não existia. O motivo é a segurança. A Estação também será toda climatizada.
Visita à Torre do Relógio
Subimos uma escada que dá acesso ao segundo andar da Estação. Lá há dois espaços, um de cada lado do vão. No corredor entre entre as salas há uma porta, e, para nossa surpresa, fomos convidados a entrar ali. Ela dá acesso à torre do relógio.
Não sabíamos que conheceríamos o local. Para chegar até lá, subimos uma pequena escada que dá acesso a uma sala. Após a reforma, ela ganhará novo uso. Dela, é possível ver as laterais da Praça, por duas amplas janelas.
Dali subimos mais uma escada. Linda. Daquelas que fazem um caracol e que são excelentes para quem gosta de fotos, assim como nós.
No alto da torre fica o relógio. É um mecanismo pequeno, tendo em vista a dimensão da construção. Ele é mecânico e será reformado. A ideia é que continue lá, porém, em pleno funcionamento.
Um dos vidros está quebrado, o que deixa mais fácil admirar a vista para a Avenida Goiás e o Centro de Goiânia. E ela é linda. Todavia, o local não será aberto a visitação. Nós, do Aproveite a cidade, nos sentimos muito honrados de visitar o local e mostrá-lo a você.
Uma certeza após a nossa visita: a Antiga Estação Ferroviária ficará incrível. Resta a toda a população ajudar a preservar a nossa história. O Aproveite a cidade fará o seu papel.