Desacelerar, ver o tempo passar, respirar um ar puro. Tudo isso faz parte da busca cotidiana de quem vive nas grandes cidades. Ao tentar traduzir o que significa qualidade de vida, os lugares mais procurados pelas pessoas são as áreas verdes.
O que a história nos mostra é que Goiânia sempre foi uma cidade com grande apreço pela cultura e pelo meio ambiente. Segundo os últimos dados da Prefeitura, a cidade tem 94 m² de área verde por habitante.
Por isso, a capital é considerada a segunda cidade com a maior quantidade de área verde por habitante no mundo. Fica atrás somente de Edmonton, no Canadá, com um quantitativo de 100 m² de área verde por habitante.
Com 32 parques e bosques implantados, Goiânia supera em sete vezes a recomendação de 12 m² de área mínima verde por habitante da Organização das Nações Unidas (ONU). Esta relação forte da cidade com o verde pode ser explicada na história da sua construção.
A relação histórica de Goiânia com o verde
Como falamos aqui, Goiânia é uma cidade moderna construída no coração do Brasil. Assim, nesta época, existia por parte dos arquitetos e urbanistas, que participaram do projeto e elaboração da capital, uma vontade de construir uma cidade totalmente inovadora.
Para atingir tais objetivos, os arquitetos utilizaram como referência o que havia de mais novo nas discussões sobre urbanização na Europa.
O plano inicial da cidade, feito pelo arquiteto Atíllio Correa Lima, já mencionava várias áreas verdes. Ou seja, o Parque dos Buritis, o Bosque dos Bandeirantes, os Parques Lineares Capim Puba e Botafogo, o Parque Paineira, o Parque Aquático Jaó e o Zoológico. Estas eram definidas por ele como as parkways.
Mas, somente quando Atíllio se afastou do projeto, por volta de 1935, e o engenheiro-arquiteto Augusto de Godoi assumiu os planos de construção da nova capital, é que a concepção de Goiânia se afastou da ideia de uma cidade mais industrial e setorizada. Logo, assumiu uma proposta que valorizaria ainda mais o verde.
O conceito de cidade-jardim
Augusto de Godoi incorporou os conceitos de “cidade-jardim” de Ebenezer Howard, urbanista inglês do século XIX, aos planos da capital.
As cidades-jardim de Howard propunham o fim da divisão entre o urbano e rural. E, para isso, a ideia era pensar as cidades como pequenas vilas para até 35 mil habitantes, cercadas de verde.
Nos planos de Godoi, além da intensa arborização das vias, a cidade era abraçada por um cinturão verde. Este cinturão previa atividades de lazer e contemplação da natureza, mas também para a produção de alimentos.
As áreas verdes figuravam a proposta de Howard cumprindo um papel sanitarista. Portanto, de elo com as virtudes do campo e a economia. Assim, seria construído um espaço de grande qualidade ambiental.
O desenho resultante da proposta de Godoi incluiu um novo setor: o Setor Sul, peça chave na construção dessa cidade que propunha a valorização do verde. Infelizmente, hoje em dia, esses espaços em sua maioria, encontram-se subutilizados. Falaremos disso no próximo artigo, aguardem!
Como a evolução da cidade afetou as áreas verdes
Desde o surgimento de Goiânia até os dias atuais, muitas transformações ocorreram no ordenamento e na dinâmica da cidade. Mudanças que também se estenderam aos parques encontrados hoje na capital.
Entre a década de 1930 e 1990, muitas das áreas verdes originais de Goiânia foram extintas devido a expansão da cidade. Mesmo assim, por causa das configurações iniciais de projeto e execução da cidade, os goianienses ainda conseguem desfrutar de uma capital abundante em áreas verdes.
E você, qual parque você mais costuma ir? Você sabe valorizar esses respiros urbanos?
Quer saber mais
Livro: Goiânia os planos, a cidade e o sistema de áreas verdes | Maria Eliana Jubé Ribeiro