A reforma estrutural da Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, a Praça Cívica, no Centro, concluída pela Prefeitura em 2016, deixou o lugar mais atrativo. A proibição de estacionar no local e a inauguração de novos espaços promoveu a ocupação popular. Não quer dizer que não há problemas ou questões pendentes. Um deles, o governo estadual pretende resolver com a implementação do Circuito Cultural, cujo prazo de conclusão é 2018.
A reforma de seis prédios da praça e musealização das construções quer conectar a população com a história e o patrimônio existente no espaço. O projeto inclui ainda a Casa do Patrimônio, que será a nova sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Goiás (IPHAN), na rua 82. O investimento, que teve os cálculos refeitos, foi estimado em R$ 86 milhões. Em um primeiro momento, falou-se em R$ 100 milhões. O valor financiará dois eixos: a requalificação de edifícios em espaços culturais; e a organização do acervo para que o público tenha acesso nos novos museus.
“Acredito que em 60 dias estamos licitando”, afirmou o arquiteto Marcílio Lemos, que é o chefe do Núcleo de Obras e Preservação do Patrimônio de Goiás da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (Seduce). Ele é o responsável por elaborar os projetos de reforma dos prédios para o Circuito Cultural e estima que 10 meses são o bastante para readequar a infraestrutura dos museus.
A execução da primeira fase da obra, segundo ele, já estaria garantida com R$ 50 milhões. Os recursos teriam sido assegurados a partir da privatização da Companhia Energética de Goiás (CELG-D) por R$2,187 bilhões. O Estado assinou o contrato de venda com a empresa italiana Enel em fevereiro de 2017. À época, o governador Marconi Perillo (PSDB) afirmou que os R$ 1,1 bilhão, correspondente a parte do Estado, já estava na conta. O restante do dinheiro foi passado para a Eletrobrás.
A Superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Seduce, Tânia Mendonça, relata que a ideia do Circuito Cultural é posterior ao início da reforma feita pela Prefeitura. O projeto começou a amadurecer em 2015. Ela avalia que os prédios da Praça são subutilizados pela comunidade. “A ideia é trabalhar conjuntamente para a valorização do espaço”, atestou.
Além da modernização, o catálogo dos acervos, a digitalização e a montagem de exposições – o que demoraria cerca de três meses, após a entrega dos prédios – Tânia considera essencial a contratação de museólogos, historiadores e arte-educadores. “De que adianta ter prédios, sem quadro técnico efetivo? Tem de haver concurso público para que não fique vulnerável a mudança de governo”, afirmou. Em matéria publicada pelo jornal O Popular no dia 3 de junho, a secretária de Cultura, Raquel Teixeira, informou que a gestão do Circuito deve ser feita por Organização Social (OS).
Para se ter uma ideia, quem visita o Museu da Imagem e do Som, dentro do Centro Cultural Marieta Telles, consegue ver exposto apenas 20% do acervo em duas galerias. O restante fica restrito a pesquisadores. Tânia conta que o lugar reserva mais de 70 mil itens. O projeto do eixo de museologia do Circuito Cultural está em fase de elaboração do edital.
Entenda as mudanças em cada prédio da Praça
As seis edificações da Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira que serão requalificadas para o Circuito Cultural têm valor histórico e patrimonial e devem atender ao público em termos de funcionalidade, conforto e acessibilidade. O Museu Estadual Professor Zoroastro Artiaga passará por restauração da arquitetura original e o acervo existente ganhará uma disposição modernizada. O primeiro bloco do Tribunal de Contas do Estado (TCE) se tornará o Arquivo Histórico Estadual de Goiás e também passará por reparos arquitetônicos.
O Centro Cultural Marieta Telles se tornará um Centro Audiovisual. Atualmente, são três blocos. O terceiro será demolido, porque é um anexo sem valor histórico. Os outros dois blocos serão desconectados. Esquadrias e telhado ganharão traços do projeto original. Haverá café e salas de espetáculos subterrâneos. Já o térreo do Palácio das Esmeraldas, residência oficial do governador de Goiás, será aberto ao público.
A Procuradoria Geral do Estado (PGE) será transferida para um dos blocos do TCE. Na sede atual, um dos blocos será transformado no Museu Casa Goyaz e o outro receberá bibliotecas, hoje abrigadas no Centro Cultural Marieta Telles. Também haverá uma café e uma loja.
Por fim, a Chefatura de Polícia dará lugar ao Museu do Alimento – antes, seria o Museu da Cidade, mas o projeto foi alterado. Nele, será contada a história da alimentação no mundo, mas com maior foco na região Centro-Oeste e em Goiás. Ações educativas serão voltadas principalmente para crianças e idosos. Um restaurante atenderá toda a Praça.
Praça Cívica
Endereço: Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, Centro – Goiânia;
Funcionamento: Diário; aos domingos, das 7h às 16h, o anel interno é fechado para a prática de esportes.